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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Um sonho do mineralogista José Bonifácio

Mais conhecido como o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva foi também um eminente mineralogista, tendo identificado - ainda durante seus estudos na Europa - doze novos minerais. Ao retornar ao Brasil, iniciou em Santos uma viagem mineralógica pela Baixada Santista e pelo interior paulista, que aliás coincidiu com seus interesses políticos na já então próxima Independência do Brasil. Por isso, a usina da Cosipa foi batizada com seu nome.

O surgimento dessa siderúrgica foi o tema deste artigo, publicado no livro Cubatão Ontem e Hoje - Um Marco no Desenvolvimento (1970, Hallison Publicidade, São Paulo/SP):


Foto publicada com a matéria

Cosipa: o sonho de José Bonifácio em Cubatão

No setor industrial, além das indústrias petroquímicas, há ainda uma de grande importância, a Cosipa, montada no bairro de Piaçagüera. O fator que mais influiu na escolha da Baixada Santista, para a localização da Companhia Siderúrgica Paulista, foi a função portuária. Na contingência de ter que trazer de fora as enormes tonelagens dos produtos básicos (carvão e minério de ferro), quem idealizou o projeto pensou na companhia junto a um braço-de-mar.

Para gozar desta vantagem, que seria a de subir a Serra do Mar já com minério reduzido a aço, enfrentaram as condições extremamente desvantajosas do terreno. Pois, trata-se de uma região pantanosa, que - para suportar o peso representado pelos depósitos de carvão e de minérios, as instalações da coqueria, laminação etc. - exigiu a construção de um verdadeiro chão artificial, apoiado sobre 130.000 estacas, um paliteiro cuja construção só se explica tendo em vista os privilégios da circulação marítima.

Projetada em 1952 e iniciada a construção em 1959, a Cosipa atravessou grandes dificuldades, devido ao processo de inflação que vinha caracterizando nossa economia. De empresa particular, na sua origem, evoluiu para empresa estatal, e hoje (N.E.: 1970) é encarada como passo decisivo para o avanço da industrialização do Estado de São Paulo e do País.

Execução - As obras foram executadas em ritmo acelerado. Na época de construção, no setor de circulação, uma média de 1.608 pessoas dirigiam-se de ônibus diariamente para Piaçagüera, dos quais 682 vinham de Santos, enquanto que 1.666 saíam de Piaçagüera, utilizando ônibus, dos quais 638 dirigiam-se para Santos e 1.030 para os bairros de Cubatão, principalmente o Casqueiro, além do grande número de trabalhadores que residiam nos municípios vizinhos, servindo-se dos trens suburbanos da E.F.S.J.

Quanto à mão-de-obra, o interesse da Cosipa era grande, no setor transporte, pois, a exemplo da totalidade das novas grandes indústrias de Cubatão, a empresa não cogitava da construção de "vilas" operárias. Sob o ponto-de-vista social, a orientação da Cosipa era a de dispersar o seu pessoal, incluindo a instalação de unidades residenciais dispersas pelos municípios da Baixada e integradas na vida de cada um deles. Aliás, a orientação do grupo de planejamento da Cosipa excluiu Cubatão, considerando que suas condições climáticas são desfavoráveis.

Diante disso, constata-se que a Cosipa, sob o ponto-de-vista social, não estabeleceu uma relação direta entre a instalação dessas grandes indústrias, o número de operários que ocupa, o número de familiares correspondentes, e a cidade de Cubatão. Por outro lado, suas relações se estabeleceram com todos os municípios da Baixada e, na medida que aumentam as facilidades de circulação, torna-se menor o crescimento do núcleo de Cubatão.

A Estrada de Ferro Sorocabana deverá estender suas linhas até a Cosipa, permitindo à população de São Vicente e Praia Grande trabalhar na Siderurgia. Esta facilidade foi também oferecida pela rodovia Cubatão-Pedro Taques.

Portanto, os 7 mil homens que trabalham na Cosipa (distribuídos em 7 turnos), seus familiares e toda a população adicional ligada às atividades de serviços artesanais e industriais, são absorvidos por toda a Baixada e não somente por Cubatão.

O porto velho - Piaçagüera - foi substituído por um porto moderno
para descarregar minérios e fertilizantes
Foto e legenda publicadas com a matéria

A Usina José Bonifácio - A Usina José Bonifácio de Andrada e Silva iniciou suas operações nos fins de 1965, visando a meta de 500.000 t anuais de lingotes. Em 1968, já no seu terceiro ano de operação, como usina integrada, ultrapassou suas marcas, produzindo 556.771 t de lingotes de aço, o equivalente a 11,3% da sua capacidade nominal.

A produção obtida em 1968 teve um aumento de 41% sobre a do ano anterior, que foi de 394.806 t. Este aumento de produção processou-se paralelamente a uma sensível elevação dos índices de produtividade, já que o quadro de pessoal efetivo em 31/12/1968 era 7% menor do que o existente em 31 de dezembro de 1967.

Então, os dois fatores (aumento de produção e redução do efetivo) conjugados proporcionaram grande progresso na relação fundamental - toneladas de lingotes por homem e por ano -, melhoria esta que atingiu um aumento percentual, sobre o ano de 1967, de 51,2%, na produtividade da empresa.

Quanto à redução do pessoal, uma das principais preocupações da Direção, foi obtida devido a duas medidas que se impunham: a mudança da sede da empresa, de São Paulo para Piaçagüera, e a reorganização interna da companhia, que visou, principalmente, a fusão de determinados serviços e unidades. Desta forma, proporcionam um melhor aproveitamento da força de trabalho, determinando e descrevendo funções e evitando duplicação de serviços. Por outro lado, concentrando e orientando esforços, aumentando a mecanização - medidas estas que resultaram em um aperfeiçoamento na eficiência dos desempenhos pessoais e de grupo.

Primeiros tempos da Cosipa, em anúncio publicado em 2007 pela empresa na imprensa santista
Imagem: detalhe de anúncio publicado no Jornal da Orla de 22 e 23 de setembro de 2007

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