Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/cubatao/ch083.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/06/05 10:28:47
Clique aqui para voltar à página inicial de Cubatão
HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - COSIPA
Geisel inaugurou ampliação em 1978 (A)

No mesmo dia, colocou em funcionamento o emissário de esgotos de Santos

Com a presença do presidente da República, Ernesto Geisel, foi inaugurado nas instalações da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) um laminador de chapas de aço destinadas à construção naval e às indústrias de base. Depois, seguiu para Santos, onde continuaria sua programação na Baixada Santista, colocando em funcionamento o Emissário Submarino de Esgotos na praia do José Menino. Ampla cobertura jornalística foi feita pelo jornal santista A Tribuna, que publicou, na edição de sábado, 22 de julho de 1978:

Na Cosipa, Geisel ouve as explicações do presidente da empresa
Foto publicada com a matéria

Duas festas na visita de Geisel à Baixada

Sirenas soaram, veículos e navios apitaram e quatro bate-estacas começaram a cravar no solo da Cosipa os marcos de uma nova usina, com um leve toque do presidente Geisel sobre um botão instalado no palanque. Desde ontem o País começa a contar com a produção de mais 1,2 milhão de t de aço, que dentro de três anos sairão de Cubatão, com o término do estágio três.

Geisel permaneceu em Cubatão por quase 4 horas, ouviu dois discursos, percorreu parte da usina, inaugurou o laminador de chapas grossas, o início do estágio três e almoçou no local. Sempre protegido por severo esquema de segurança, teve contato apenas com alguns políticos e empresários de cúpula, proceder que foi seguido por seus ministros Ângelo Calmon de Sá e Gustavo Moraes Rego, chefe da Casa Militar. Em termos sociais, a construção do estágio três da Cosipa representa oportunidade de emprego para até 13 mil pessoas, enquanto a indústria nacional calcula participar com 75% de investimentos equivalentes a Cr$ 27 bilhões. O vento e a chuva não chegaram a comprometer a solenidade.

O barulho e a animação em torno da visita do presidente Geisel repetiram-se em Santos, logo após ele ter deixado a Cosipa, em Cubatão, e descer do barco, que o conduziu pelo estuário, na Ponta dos Práticos. Teve início, então, a segunda festa dessa visita de Geisel à Baixada. Eram precisamente 14,55 horas, quando o presidente da República chegou ao José Menino para inaugurar o emissário submarino de esgotos da Sabesp. Desceu de um Galaxie preto, fazendo-se acompanhar do governador Paulo Egídio Martins, e dirigiu-se rapidamente ao local da solenidade.

Ali, Geisel presidiu também a cerimônia da assinatura de contratos de obras para instalação de redes de água e de esgotos da Grande São Paulo, Litoral e Interior. Como se esperava, houve assédio de políticos durante as duas festas, destacando-se, nesse particular, o cerco que Paulo Salim Maluf promoveu ao presidente da República. Em Cubatão, o candidato putativo ao governo do Estado de São Paulo foi recompensado por sua persistência: o general Geisel apertou-lhe a mão e fitou-o, sorridente. Todos os demais pormenores da dupla festa para Geisel na Baixada Santista estão nas páginas 4, 5 e 6.

Ainda nessa mesma edição do jornal:

Plínio Assmann, Geisel, Paulo Egídio e Calmon de Sá comentam a importância do novo estágio
Foto publicada com a matéria

Geisel aperta botão e começa o estágio três

O presidente Ernesto Geisel deu início às obras do terceiro estágio de expansão da Cosipa, ao acionar, ontem pela manhã, um botão que fez funcionar um bate-estacas instalado em frente ao palanque oficial, na Ilha dos Amores, em Cubatão. Imediatamente, ouviram-se sons de sirenes das fábricas do parque industrial do município, apitos dos navios atracados no cais e buzinas dos veículos estacionados na usina. O terceiro estágio de expansão da Cosipa destina-se a permitir a produção de 3,5 milhões de toneladas de aço por ano, a partir de 1981. Atualmente, a siderúrgica de Cubatão pode produzir 2,3 milhões de toneladas de aço por ano.

Perto de 2 mil operários de empreiteiras contratadas pela Cosipa presenciaram as solenidades oficiais. A partir de hoje, eles estarão empenhados nessas obras que, em meados de 1979, empregarão mais de 13 mil trabalhadores da construção civil. Geisel visitou também o setor de laminação da Cosipa, onde inaugurou o laminador de chapas grossas - de 4.100 milímetros - destinadas à indústria naval e à construção de equipamentos de base. 

Depois de almoçar no restaurante da Cosipa, em companhia do governador Paulo Egídio, do ministro Calmon de Sá, da Indústria e Comércio, do chefe da Casa Militar, general Moraes Rego, do presidente da Cosipa, Plínio Assmann, e de cerca de 400 convidados - entre prefeitos de cidades da região e empresários - o presidente da República embarcou em uma lancha, no píer da usina, dirigindo-se para Santos, onde foi inaugurar as obras do emissário.

Produzir mais aço - Geisel chegou à Cosipa de helicóptero, sendo recebido no heliporto localizado ao lado do restaurante da usina pelo presidente da empresa, Plínio Oswald Assmann. Além dos dois ministros e do governador, vieram com ele o presidente da Siderbrás, Henrique Brandão Cavalcanti, e um aparatoso corpo de segurança. A comitiva dirigiu-se de ônibus até a Ilha dos Amores, onde já estavam outras autoridades, convidados, imprensa e os operários. O presidente foi recebido com discretos aplausos, apertando a mão de um grupo de pessoas postadas em uma fila organizada pelo cerimonial, entre as quais se encontravam, pela ordem, o vice-governador, Manoel Gonçalves Ferreira Filho; o prefeito de Cubatão, Carlos Frederico Soares Campos; e o comandante da AD/2, general Waldir Castro Abreu.

Coube ao presidente da Cosipa, em breve discurso, explicar o significado da cravação da primeira estaca das obras do terceiro estágio: "O que veremos aqui - disse Assmann - não é simplesmente o início de uma obra grandiosa pelos investimentos gigantescos que exigirá ou pelo volume de serviços que acarretará. Quando começarem a ser cravadas as primeiras estacas, assistirão ao início de mais um passo decisivo que será dado pela Cosipa, como parte do grupo Siderbrás, rumo ao atendimento pleno de aço que o desenvolvimento nacional nos solicita".

A Cosipa investirá 1.209 milhões de dólares nos próximos quatro anos, no seu novo complexo siderúrgico, que ocupará uma área de 300 mil metros quadrados, dos quais 60 mil abrigarão as duas mais importantes unidades: a nova aciaria e o lingotamento contínuo. Nessa unidade o gusa proveniente dos altos-fornos será transformado em aço líquido, através de dois novos conversores a oxigênio. E, na outra, será processada toda a produção dos conversores da nova aciaria, estimados em 1,2 milhão de toneladas anuais.

Assmann anunciou ainda o desenvolvimento de "esforços brutais por toda a nossa equipe para que seja possível entregar, na próxima semana, o conversor número quatro da atual aciaria. Isso permitirá à Cosipa atingir, até o final do ano, a meta de 2,3 milhões de toneladas de aço por ano, que correspondem às reais dimensões do segundo estágio da expansão da siderúrgica". As novas obras compreendem, ainda, a construção dos seguintes núcleos que compõem a produção da segunda aciaria: sinterização número três, bateria de coque número cinco, fábrica de oxigênio, laminador de chapas grossas, laminador de tiras a quente, calcinadores, casa de força, um novo pátio de matérias-primas e a expansão do terminal marítimo.

Desfile seguro - Os esforços que vêm sendo desenvolvidos pela Cosipa nos últimos meses provocaram um elogio do ministro Calmon de Sá a Plínio Assmann e a todos os funcionários da empresa. O ministro da Indústria e Comércio explicou que, com a conclusão das obras na Cosipa, todas as demais siderúrgicas do País encerravam a segunda etapa dos respectivos planos de expansão. Por volta das 11 horas, Geisel, os ministros, o governador e o presidente da Cosipa, participaram da inauguração do laminador de chapas grossas. Estava prevista, para essa solenidade, apenas a presença da imprensa, tendo os demais convidados se dirigido ao restaurante central da usina.

Utilizando um capacete provido de protetores contra ruídos (que não chegou a usar) e cercado por elementos de segurança, Geisel assistiu ao corte de um lingote bruto - um bloco em brasa - transformado primeiro em uma chapa grossa, com 4.100 milímetros de espessura, destinada à construção naval.

O laminador, que faz parte já do terceiro estágio, também será ampliado para que, em breve, a sua capacidade possa atingir até 850 mil toneladas de chapas por ano. Atualmente, a capacidade nominal de produção é de 250 mil toneladas anuais, parte das quais será utilizada para que a Cosipa se projete no mercado internacional como exportadora especializada desse tipo de aço.

A visita do presidente ao laminador de chapas grossas, cuja montagem custou 207 milhões de dólares, durou cerca de vinte minutos. Os fotógrafos foram obrigados a ficar em um reservado, enquanto Geisel descerrava uma placa referente ao acontecimento. E, depois, a imprensa foi cerceada e contida por agentes de segurança, que não admitiam qualquer aproximação com a comitiva presidencial. Como o mesmo havia acontecido no palanque onde o presidente acionou a bate-estacas, a imprensa não havia conseguido, até as 12 horas, falar com nenhuma autoridade que participara da visita.

País obtém este ano a auto-suficiência em aço

O Brasil atinge este ano a auto-suficiência em aço, com a produção de 12,6 milhões de toneladas, mas a balança comercial de produtos siderúrgicos ainda acusará um déficit de 120 milhões de dólares, devido à importação de alguns produtos nobres de aço. Ao anunciar esse feito, na Cosipa, o ministro da Indústria e Comércio Ângelo Calmon de Sá frisou que há quatro anos o déficit foi de 1 bilhão e 500 milhões de dólares.

No discurso que fez de improviso, Calmon de Sá praticamente se redimiu de sua proposta feita há dez dias na Escola Superior de Guerra, no sentido de o Governo acabar com a lei de similaridade, que protege a indústria nacional. À frente de inúmeros empresários brasileiros que foram convidados pela Cosipa para as solenidades de ontem, o ministro destacou, com otimismo, a próxima participação de iniciativa privada nacional na construção do estágio três da usina e no total de projetos aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI.

"Em 1974 - disse -, a indústria nacional participava com 34% nos equipamentos dos projetos aprovados pelo CDI, mas em 1977 já era de 70%". Em termos de Cosipa, Calmon de Sá frisou que no estágio dois a participação nacional foi de 22%, enquanto no estágio três ficará por volta de 75%, "demonstrando o acerto da política do presidente Geisel em estimular a substituição das importações de insumos básicos e bens de capital".

Quebra de tabus - Outro destaque que o ministro da Indústria e Comércio deu referiu-se ao desempenho interno da Cosipa, que vinha de uma fase crítica, inclusive com graves acidentes nos seus equipamentos. "Nos últimos 12 meses a Cosipa vem quebrando todos os tabus, inclusive aquele de que não seria possível com os equipamentos aqui implantados se alcançasse a capacidade nominal do estágio dois, ou seja, de 2,3 milhões de toneladas".

Em entrevista a este jornal, Calmon de Sá disse que em 1981 o Brasil estará importando um volume muito pequeno de produtos siderúrgicos, algo em torno de 300 mil toneladas, mas estará exportando quatro ou cinco vezes mais que isso.

Estágio 2: "Vergonha" - Para o empresário Carlos Villares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base - ABDIB -, a participação nacional na implantação do estágio dois da Cosipa foi "vergonhosamente pequena", da ordem de 22 por cento. Ontem, presente às solenidades em Cubatão, Villares disse a este jornal que a participação no estágio três - em torno de 75% - representa um progresso indiscutível.

O empresário frisou que relativamente à proposta do ministro Calmon de Sá de pôr fim à lei de similaridade, a ABDIB já emitira parecer contrário, mas que com o discurso de ontem "o ministro mostrou de fato que sua intenção não era aquela contida no pronunciamento da escola Superior de Guerra".

Se o Governo extinguisse a lei de similaridade, a indústria nacional teria que concorrer em pé de igualdade com as multinacionais, porquanto as importações de equipamentos ficariam liberadas, mesmo que houvesse produção interna dos mesmos itens.

No pátio da Cosipa, a curiosidade dos operários
Foto publicada com a matéria

Emprego para mil no início das obras

Vencedora da primeira concorrência para as obras do estágio três da Cosipa, a Constran já começou a chamada de mil operários e técnicos para o que o presidente da empresa, João Carlos de Souza Meireles, considera, em termos de construção, "o gargalo do processo". O valor inicial do contrato da Constran com a Cosipa é de Cr$ 385 milhões, corrigível no tempo, e que resultará em Cr$ 480 milhões até o final da obra, com duração prevista de 28 meses. Nesse valor não estão incluídos custos de montagem industrial e dos equipamentos da aciaria, que terá capacidade para produzir anualmente 1,2 milhão de toneladas.

Os mil operários e técnicos que a Constran empregará ficarão em alojamentos permanentes que a empresa dispõe na área de Cubatão, segundo Souza Meireles. Frisou que a construtora não encontrou até agora dificuldade para arregimentar a mão-de-obra que precisa. "Nós já temos bastante experiência com a Baixada Santista. Gostamos muito de trabalhar aqui e sempre temos encontrado facilidade no recrutamento de pessoal, quer pelas condições que podemos oferecer, quer porque é realmente um parque de mão-de-obra bastante considerável". O primeiro pessoal que está sendo chamado pela empresa destina-se à operação com máquinas.

A obra prevê inicialmente uma parte de terraplenagem e posteriormente uma de cravação de estacas. Sobre as cabeças dessas estacas serão construídas grandes lajes de concreto que vão suportar os equipamentos da usina.

"Flashes"

O prefeito de Santos, Antônio Manoel de Carvalho, não compareceu às solenidades na Cosipa.

Celso Grandis do Amaral, presidente da Arena de Cubatão, foi o político que mais tempo falou com Geisel. O presidente o abraçou, à saída, e ficaram os dois falando durante cinco minutos. "Geisel me falou dos tempos em que foi superintendente da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão", explicou.

Koyu Iha, prefeito de São Vicente, é figura popular na Cosipa, onde trabalhou até ser eleito deputado. Além dos contatos efusivos com Paulo Egídio, ele conversou com representantes dos grupos técnicos japoneses que prestam serviços de apoio à usina, entre eles o presidente da Mitsubishi.

Depois de posar para fotos ao lado de Paulo Maluf, o prefeito de Cubatão, Carlos Frederico Soares Campos, disse que a Cosípolis será uma cidade apenas para operários. Apesar de se localizar em Cubatão, essa cidade nada tem a ver com o núcleo habitacional que será construído no Sítio Cotia Pará.

Campos convidou Geisel para visitar Cubatão em outubro, juntamente com o general Figueiredo, para a inauguração das obras de retificação do Rio Cubatão.

Antes e durante alguns momentos da solenidade realizada na Ilha dos Amores, choveu com pouca intensidade. A imprensa e os operários convocados para prestigiar o ato inaugural ficaram sem qualquer proteção. Qualquer repórter que se aproximasse do palanque era rapidamente convidado a se retirar e permanecer numa área descoberta.

No palanque especialmente armado pela Cosipa para a solenidade, estava uma prancha com uma planta do estágio três, para ser mostrada ao presidente Geisel. O desenho é da Nippon Steel Corporation. Após o discurso do ministro Calmon de Sá, o presidente da Cosipa, Plínio Assmann, explicou a Geisel os detalhes da obra, mostrando a planta.

Conforme havia prometido, o prefeito Dorivaldo Loria Júnior manteve contato direto com o presidente Ernesto Geisel, em Cubatão. "Presidente, sou prefeito da Praia Grande e quero agradecer a liberação da verba para a construção da ponte sobre o Mar Pequeno". "Como vai o município?" , perguntou Geisel. "Vai bem, presidente. Quero aproveitar para convidá-lo para inaugurar o conjunto habitacional que está sendo construído pela Cohab, em Praia Grande, e também para a entrega do novo sistema da Telesp". "Perfeitamente", encerrou o presidente.

Leva para a página seguinte da série

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais