Plínio Assmann, Geisel, Paulo Egídio e Calmon de
Sá comentam a importância do novo estágio
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Geisel aperta botão e começa o estágio três
O presidente Ernesto Geisel deu início às obras do terceiro estágio de expansão da
Cosipa, ao acionar, ontem pela manhã, um botão que fez funcionar um bate-estacas instalado em frente ao palanque oficial, na Ilha dos Amores, em
Cubatão. Imediatamente, ouviram-se sons de sirenes das fábricas do parque industrial do município, apitos dos navios atracados no cais e buzinas dos
veículos estacionados na usina. O terceiro estágio de expansão da Cosipa destina-se a permitir a produção de 3,5 milhões de toneladas de aço por
ano, a partir de 1981. Atualmente, a siderúrgica de Cubatão pode produzir 2,3 milhões de toneladas de aço por ano.
Perto de 2 mil operários de empreiteiras contratadas pela Cosipa presenciaram as
solenidades oficiais. A partir de hoje, eles estarão empenhados nessas obras que, em meados de 1979, empregarão mais de 13 mil trabalhadores da
construção civil. Geisel visitou também o setor de laminação da Cosipa, onde inaugurou o laminador de chapas grossas - de 4.100 milímetros -
destinadas à indústria naval e à construção de equipamentos de base.
Depois de almoçar no restaurante da Cosipa, em companhia do governador Paulo Egídio,
do ministro Calmon de Sá, da Indústria e Comércio, do chefe da Casa Militar, general Moraes Rego, do presidente da Cosipa, Plínio Assmann, e de
cerca de 400 convidados - entre prefeitos de cidades da região e empresários - o presidente da República embarcou em uma lancha, no píer da usina,
dirigindo-se para Santos, onde foi inaugurar as obras do emissário.
Produzir mais aço - Geisel chegou à Cosipa de helicóptero, sendo recebido no
heliporto localizado ao lado do restaurante da usina pelo presidente da empresa, Plínio Oswald Assmann. Além dos dois ministros e do governador,
vieram com ele o presidente da Siderbrás, Henrique Brandão Cavalcanti, e um aparatoso corpo de segurança. A comitiva dirigiu-se de ônibus até a Ilha
dos Amores, onde já estavam outras autoridades, convidados, imprensa e os operários. O presidente foi recebido com discretos aplausos, apertando a
mão de um grupo de pessoas postadas em uma fila organizada pelo cerimonial, entre as quais se encontravam, pela ordem, o vice-governador, Manoel
Gonçalves Ferreira Filho; o prefeito de Cubatão, Carlos Frederico Soares Campos; e o comandante da AD/2, general Waldir Castro Abreu.
Coube ao presidente da Cosipa, em breve discurso, explicar o significado da cravação
da primeira estaca das obras do terceiro estágio: "O que veremos aqui - disse Assmann - não é simplesmente o início de uma obra grandiosa pelos
investimentos gigantescos que exigirá ou pelo volume de serviços que acarretará. Quando começarem a ser cravadas as primeiras estacas, assistirão ao
início de mais um passo decisivo que será dado pela Cosipa, como parte do grupo Siderbrás, rumo ao atendimento pleno de aço que o desenvolvimento
nacional nos solicita".
A Cosipa investirá 1.209 milhões de dólares nos próximos quatro anos, no seu novo
complexo siderúrgico, que ocupará uma área de 300 mil metros quadrados, dos quais 60 mil abrigarão as duas mais importantes unidades: a nova aciaria
e o lingotamento contínuo. Nessa unidade o gusa proveniente dos altos-fornos será transformado em aço líquido, através de dois novos conversores a
oxigênio. E, na outra, será processada toda a produção dos conversores da nova aciaria, estimados em 1,2 milhão de toneladas anuais.
Assmann anunciou ainda o desenvolvimento de "esforços brutais por toda a nossa equipe
para que seja possível entregar, na próxima semana, o conversor número quatro da atual aciaria. Isso permitirá à Cosipa atingir, até o final do ano,
a meta de 2,3 milhões de toneladas de aço por ano, que correspondem às reais dimensões do segundo estágio da expansão da siderúrgica". As novas
obras compreendem, ainda, a construção dos seguintes núcleos que compõem a produção da segunda aciaria: sinterização número três, bateria de coque
número cinco, fábrica de oxigênio, laminador de chapas grossas, laminador de tiras a quente, calcinadores, casa de força, um novo pátio de
matérias-primas e a expansão do terminal marítimo.
Desfile seguro - Os esforços que vêm sendo desenvolvidos pela Cosipa nos
últimos meses provocaram um elogio do ministro Calmon de Sá a Plínio Assmann e a todos os funcionários da empresa. O ministro da Indústria e
Comércio explicou que, com a conclusão das obras na Cosipa, todas as demais siderúrgicas do País encerravam a segunda etapa dos respectivos planos
de expansão. Por volta das 11 horas, Geisel, os ministros, o governador e o presidente da Cosipa, participaram da inauguração do laminador de chapas
grossas. Estava prevista, para essa solenidade, apenas a presença da imprensa, tendo os demais convidados se dirigido ao restaurante central da
usina.
Utilizando um capacete provido de protetores contra ruídos (que não chegou a usar) e
cercado por elementos de segurança, Geisel assistiu ao corte de um lingote bruto - um bloco em brasa - transformado primeiro em uma chapa grossa,
com 4.100 milímetros de espessura, destinada à construção naval.
O laminador, que faz parte já do terceiro estágio, também será ampliado para que, em
breve, a sua capacidade possa atingir até 850 mil toneladas de chapas por ano. Atualmente, a capacidade nominal de produção é de 250 mil toneladas
anuais, parte das quais será utilizada para que a Cosipa se projete no mercado internacional como exportadora especializada desse tipo de aço.
A visita do presidente ao laminador de chapas grossas, cuja montagem custou 207
milhões de dólares, durou cerca de vinte minutos. Os fotógrafos foram obrigados a ficar em um reservado, enquanto Geisel descerrava uma placa
referente ao acontecimento. E, depois, a imprensa foi cerceada e contida por agentes de segurança, que não admitiam qualquer aproximação com a
comitiva presidencial. Como o mesmo havia acontecido no palanque onde o presidente acionou a bate-estacas, a imprensa não havia conseguido, até as
12 horas, falar com nenhuma autoridade que participara da visita.
País obtém este ano a auto-suficiência em aço
O Brasil atinge este ano a auto-suficiência em aço, com a produção de 12,6 milhões de
toneladas, mas a balança comercial de produtos siderúrgicos ainda acusará um déficit de 120 milhões de dólares, devido à importação de alguns
produtos nobres de aço. Ao anunciar esse feito, na Cosipa, o ministro da Indústria e Comércio Ângelo Calmon de Sá frisou que há quatro anos o
déficit foi de 1 bilhão e 500 milhões de dólares.
No discurso que fez de improviso, Calmon de Sá praticamente se redimiu de sua proposta
feita há dez dias na Escola Superior de Guerra, no sentido de o Governo acabar com a lei de similaridade, que protege a indústria nacional. À frente
de inúmeros empresários brasileiros que foram convidados pela Cosipa para as solenidades de ontem, o ministro destacou, com otimismo, a próxima
participação de iniciativa privada nacional na construção do estágio três da usina e no total de projetos aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento
Industrial - CDI.
"Em 1974 - disse -, a indústria nacional participava com 34% nos equipamentos dos
projetos aprovados pelo CDI, mas em 1977 já era de 70%". Em termos de Cosipa, Calmon de Sá frisou que no estágio dois a participação nacional foi de
22%, enquanto no estágio três ficará por volta de 75%, "demonstrando o acerto da política do presidente Geisel em estimular a substituição das
importações de insumos básicos e bens de capital".
Quebra de tabus - Outro destaque que o ministro da Indústria e Comércio deu
referiu-se ao desempenho interno da Cosipa, que vinha de uma fase crítica, inclusive com graves acidentes nos seus equipamentos. "Nos últimos 12
meses a Cosipa vem quebrando todos os tabus, inclusive aquele de que não seria possível com os equipamentos aqui implantados se alcançasse a
capacidade nominal do estágio dois, ou seja, de 2,3 milhões de toneladas".
Em entrevista a este jornal, Calmon de Sá disse que em 1981 o Brasil estará importando
um volume muito pequeno de produtos siderúrgicos, algo em torno de 300 mil toneladas, mas estará exportando quatro ou cinco vezes mais que isso.
Estágio 2: "Vergonha" - Para o empresário Carlos Villares, presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Base - ABDIB -, a participação nacional na implantação do estágio dois da Cosipa foi "vergonhosamente
pequena", da ordem de 22 por cento. Ontem, presente às solenidades em Cubatão, Villares disse a este jornal que a participação no estágio três - em
torno de 75% - representa um progresso indiscutível.
O empresário frisou que relativamente à proposta do ministro Calmon de Sá de pôr fim à
lei de similaridade, a ABDIB já emitira parecer contrário, mas que com o discurso de ontem "o ministro mostrou de fato que sua intenção não era
aquela contida no pronunciamento da escola Superior de Guerra".
Se o Governo extinguisse a lei de similaridade, a indústria nacional teria que
concorrer em pé de igualdade com as multinacionais, porquanto as importações de equipamentos ficariam liberadas, mesmo que houvesse produção interna
dos mesmos itens.
No pátio da Cosipa, a curiosidade dos operários
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Emprego para mil no início das obras
Vencedora da primeira concorrência para as obras do estágio três da Cosipa, a Constran
já começou a chamada de mil operários e técnicos para o que o presidente da empresa, João Carlos de Souza Meireles, considera, em termos de
construção, "o gargalo do processo". O valor inicial do contrato da Constran com a Cosipa é de Cr$ 385 milhões, corrigível no tempo, e que resultará
em Cr$ 480 milhões até o final da obra, com duração prevista de 28 meses. Nesse valor não estão incluídos custos de montagem industrial e dos
equipamentos da aciaria, que terá capacidade para produzir anualmente 1,2 milhão de toneladas.
Os mil operários e técnicos que a Constran empregará ficarão em alojamentos
permanentes que a empresa dispõe na área de Cubatão, segundo Souza Meireles. Frisou que a construtora não encontrou até agora dificuldade para
arregimentar a mão-de-obra que precisa. "Nós já temos bastante experiência com a Baixada Santista. Gostamos muito de trabalhar aqui e sempre temos
encontrado facilidade no recrutamento de pessoal, quer pelas condições que podemos oferecer, quer porque é realmente um parque de mão-de-obra
bastante considerável". O primeiro pessoal que está sendo chamado pela empresa destina-se à operação com máquinas.
A obra prevê inicialmente uma parte de terraplenagem e posteriormente uma de cravação
de estacas. Sobre as cabeças dessas estacas serão construídas grandes lajes de concreto que vão suportar os equipamentos da usina.
"Flashes"
O
prefeito de Santos, Antônio Manoel de Carvalho, não compareceu às solenidades na Cosipa.
Celso
Grandis do Amaral, presidente da Arena de Cubatão, foi o político que mais tempo falou com Geisel. O presidente o abraçou, à saída, e ficaram os
dois falando durante cinco minutos. "Geisel me falou dos tempos em que foi superintendente da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão", explicou.
Koyu
Iha, prefeito de São Vicente, é figura popular na Cosipa, onde trabalhou até ser eleito deputado. Além dos contatos efusivos com Paulo Egídio, ele
conversou com representantes dos grupos técnicos japoneses que prestam serviços de apoio à usina, entre eles o presidente da Mitsubishi.
Depois
de posar para fotos ao lado de Paulo Maluf, o prefeito de Cubatão, Carlos Frederico Soares Campos, disse que a Cosípolis será uma cidade apenas para
operários. Apesar de se localizar em Cubatão, essa cidade nada tem a ver com o núcleo habitacional que será construído no Sítio Cotia Pará.
Campos
convidou Geisel para visitar Cubatão em outubro, juntamente com o general Figueiredo, para a inauguração das obras de retificação do Rio Cubatão.
Antes
e durante alguns momentos da solenidade realizada na Ilha dos Amores, choveu com pouca intensidade. A imprensa e os operários convocados para
prestigiar o ato inaugural ficaram sem qualquer proteção. Qualquer repórter que se aproximasse do palanque era rapidamente convidado a se retirar e
permanecer numa área descoberta.
No
palanque especialmente armado pela Cosipa para a solenidade, estava uma prancha com uma planta do estágio três, para ser mostrada ao presidente
Geisel. O desenho é da Nippon Steel Corporation. Após o discurso do ministro Calmon de Sá, o presidente da Cosipa, Plínio Assmann, explicou a Geisel
os detalhes da obra, mostrando a planta.
Conforme
havia prometido, o prefeito Dorivaldo Loria Júnior manteve contato direto com o presidente Ernesto Geisel, em Cubatão. "Presidente, sou prefeito da
Praia Grande e quero agradecer a liberação da verba para a construção da ponte sobre o Mar Pequeno". "Como vai o município?" , perguntou Geisel.
"Vai bem, presidente. Quero aproveitar para convidá-lo para inaugurar o conjunto habitacional que está sendo construído pela Cohab, em Praia Grande,
e também para a entrega do novo sistema da Telesp". "Perfeitamente", encerrou o presidente. |