Parede da trincheira aberta no sambaqui nº 5 pelo IPH-USP
na década de 1980, para efetuar estudos arqueológicos
Foto: Cesar Cunha Ferreira, foto-geógrafo, 9/8/2004
ORIGEM
Sambaquis guardam ossos dos indígenas
Os restos desses antepassados estão na área onde hoje fica a Cosipa e no sítio Cotia-Pará
Pequeno, baixo e atarracado. Assim foi o primeiro habitante de Cubatão, há cinco mil anos.
Se hoje Cubatão é apenas um ponto de passagem de turistas ávidos de chegar às praias, vindos do Planalto, o morador de Cubatão pode consolar-se com uma verdade histórica: os mangues da
região constituíam, nessa época, o principal ponto de atração para os turistas visitarem a região.
Os mariscos e crustáceos dessa rica região de mangues, onde hoje sobrevivem guarás com a intensa coloração avermelhada exatamente por causa dos pequenos caranguejos que lhes servem de
alimento, eram petiscos muito procurados pelos indígenas.
Os primeiros homens a deixar sinais da sua presença em Cubatão foram tribos nômades de tupinambás, antepassados dos índios que o lusitano e desgarrado João Ramalho encontrou no Planalto
Paulista, por volta de 1520.
Tal como os paulistas que descem pela Rodovia dos Imigrantes, sujeitando-se aos demorados congestionamentos, seus antepassados, os índios tupinambás, migravam para a Baixada para
dedicar-se à colheita (comiam o que a natureza dava), à pesca nos mangues e à caça nas matas.
Só que não desciam no verão. Partiam para a caça e pesca nos meses de inverno, quando escasseavam as frutas no planalto.
Como se sabe da existência deles?
Deixaram marcas mais do que evidentes ali onde hoje fica a Cosipa: arcos, pontas de flechas, utensílios rudimentares e o seu próprio esqueleto, misturado e conservado pelas milhares de
conchas de mariscos que se davam ao trabalho apenas de pegar, cozinhar e comer, tamanha a abundância e a generosidade da vida marinha na época. Essa mistura calcária garantiu a preservação.
Sambaquis - Cinco mil anos depois, foram descobertos por antropólogos que deram a essas pequenas acumulações de conchas, ossos humanos e de animais o nome de sambaquis. O mais
famoso deles fica na antiga Ilha dos Amores, uma área situada dentro da Cosipa e que é preservada pela Universidade de São Paulo (USP). Outra área demarcada mas ainda inexplorada está situada na encosta do Morro do Cotia-Pará, final do Caminho
Dois, próximo ao Rio Paranhos.
Curiosamente, a região é hoje habitada por invasores de mangues que ali instalaram favelas e que se alimentam, de quando em vez, dos caranguejos que constituíam parte da alimentação dos
antepassados cubatenses. |