CÂMARA
E AGENDA 21 REGIONAL - PARTE II - Capítulo 3 (cont.)
Sílvia
de Castro Bacellar do Carmo
3.2.4 -
Município de Itanhaém
3.2.4.1
- História
A
povoação de Itanhaém foi fundada em dezembro de 1532
às margens do Rio Itanhaém por Martim Afonso de Souza, sendo
suas terras exploradas por Pero Corrêa. Portanto, Itanhaém
é a segunda cidade mais antiga do Brasil. Em 1560 chegou ao povoado
a primeira imagem de nossa Senhora de Conceição, passando-se
a aglomeração a chamar-se Conceição de Itanhaém.
Em 1561 obteve o foro de Vila, Pelourinho e Câmara Municipal.
Entre os anos
de 1623 e 1624, devido às pendências entre os herdeiros de
Martim Afonso e de seu irmão Pero Lopes de Souza, institui-se a
donataria de Itanhaém à Condessa de Vimieiros e a Capitania
de São Vicente ao Conde de Monsanto. Enquanto a segunda abrangia
as Vilas de São Vicente, Santos, São Paulo, Sant'Anna de
Mogy, Ilhas de Santo Amaro e São Vicente, a Capitania de Itanhaém
tinha sob sua jurisdição desde Cabo Frio ao Norte até
Paranaguá ao Sul, sendo a Vila de Conceição de Itanhaém
considerada a cabeça da Capitania.
No ano de 1700,
Conceição de Itanhaém tornou-se sede de município,
e em 1711 foi instituída em baronia a favor de Manoel Souto Maior.
Em 1906 a povoação foi elevada à categoria de cidade,
passando a chamar-se apenas Itanhaém.
Perdeu a primeira
parte de seu território em 1938 para a formação do
Distrito de Itariri, o qual passou a município somente em 1948 através
da Lei nº 233. Em 1959 ocorreu novo desmembramento com a criação
dos municípios de Mongaguá e Peruíbe.
Fato relevante
à evolução do município foi a construção
da estrada de ferro da Southern São Paulo Railway Company,
mais tarde denominada Estrada de Ferro Sorocabana, iniciada em 1913. Até
meados dos anos de 1940 a estrada de ferro constituía quase o único
meio de comunicação com os outros núcleos, visto a
longa extensão de praia até Praia Grande nem sempre estar
acessível. Os trabalhos de conservação da ferrovia
proporcionaram a formação da Vila Operária, hoje Vila
São Paulo.
Entre os anos
de 1945/46, Itanhaém recebeu imigrantes japoneses, que se estabeleceram
às margens do Rio Itanhaém para cultivo de hortaliças
e outras culturas. Porém, a devastação causada por
uma enchente de grande porte levou-os a deslocaram-se para outras cidades
do Vale do Ribeira.
Itanhaém
possui várias edificações históricas, tombadas
pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN), como a Igreja e o Convento de Itanhaém.
3.2.4.2
Caracterização
Itanhaém
possui uma extensão territorial total de 581 km², sendo aproximadamente
140 km² de área urbana, 100 km² de área rural,
e o restante da área, reservas ecológicas e a Serra do Mar.
É o maior município da RMBS.
Faz limites
com São Vicente e São Paulo a Nordeste, com Juquitiba a Noroeste,
com Pedro de Toledo a Oeste, Peruíbe a Sudoeste, Mongaguá
a Leste e com o Oceano Atlântico ao Sul. Encontra-se a 110 km da
capital do Estado e a 60 km de Santos. O acesso rodoviário pode
ser realizado pelas Rodovias Padre Manoel da Nóbrega e Pedro Taques.
Conta ainda com um serviço aéreo para aeronaves de pequeno
porte.
Na figura
3.13, inserida a seguir, é mostrada a posição
geográfica de Itanhaém em relação aos demais
municípios.
Figura
3.13: Localização de Itanhaém na RMBS Fonte: CETESB,
2003b.
De acordo com
o Censo 2000 (IBGE, 2003) a população total era de 71.995
habitante, sendo 71.148 urbana e 847 rural. As projeções
da SEADE (2003) para o ano de 2003 apontam para uma população
de 79.649 habitantes, com uma taxa de urbanização de 98,9%.
Nas temporadas de férias de verão recebe uma população
flutuante de aproximadamente 200.000 pessoas, e nas férias de inverno
de 40.000.
O município
é geograficamente composto por uma vasta planície litorânea,
com alguns morros e trechos de serra dispersos. Apresenta uma pequena área
de manguezais próxima ao Rio Itanhaém, sendo que o trecho
localizado na área central da cidade encontra-se habitado.
A orla marítima,
26 km, está praticamente toda ocupada. O mercado de construção
destinado aos loteamentos e residências de veraneio atinge as áreas
drenadas, a orla marítima e até áreas mais interioranas.
A figura 3.14 mostra a desembocadura do Rio
Itanhaém no mar, correspondendo à área central da
cidade.
Figura
3.14: Vista aérea de Itanhaém: desembocadura Rio Itanhaém Fonte: Prefeitura
Municipal de Itanhaém, 2003.
Em relação
ao saneamento básico, Itanhaém proporcionava no ano de 2000,
abastecimento de água para 85,62%, esgotamento sanitário
para somente 14,95% e coleta de lixo para 94,02% da cidade (SEADE, 2003).
O esgoto coletado
passa por um tratamento primário, sendo posteriormente lançado
no Rio Itanhaém; a população não atendida adota
o sistema de fossa séptica. Em 2001 foi instalada uma rede coletora
nos bairros centrais do município, e a partir de setembro de 2002
entrou em funcionamento uma ETE, construída e operada pela SABESP,
não constando ainda nas informações municiais as alterações
de dados decorrentes deste empreendimento.
O sistema de
abastecimento de água é composto pela captação
Matão e Moenda I e II, mananciais superficiais, chegando aos reservatórios
de distribuição através de adução por
gravidade e recalque. Além deste sistema, existe também a
Captação de Raminho situada no bairro de Suarão, distante
das captações de Matão e Moenda I e II, configurando
características de sistema isolado, e atualmente desativado.
O Sistema Produtor
Mambú, localizado junto ao Rio Mambú, e que armazena volume
de 25.000 m³, possui uma estação elevatória de
água tratada, configurando-se no sistema de produção
de maior importância para o abastecimento do município de
Itanhaém.
As atividades
econômicas estão voltadas para o turismo, com grande parte
da população empregada no comércio e no setor de serviços.
Possui uma área de 3.448 hectares destinada à bananicultura,
a maior área dentro da RMBS.
Itanhaém
também conta com um aeroporto, em fase de ampliação,
denominado Aeroporto Estadual Dr. Antonio Ribeiro Nogueira Júnior.
Em janeiro de 1997 foi celebrado convênio entre Prefeitura Municipal
de Itanhaém e o Departamento Aeroviário de São Paulo
(DAESP), para obras de ampliação na pista do referido aeroporto,
com o objetivo de facilitar manobras de aviões de maior porte. Porém,
as obras de ampliação só foram iniciadas em outubro
de 2002.
A pista passou
de 800 para 1.350 metros, e foram construídas uma Unidade de Serviços
e Equipamentos, e uma Unidade de Contra Incêndio. Após o desmatamento
da cabeceira da pista deverão ser construídos um terminal
de passageiros e a estrutura necessária para os aviões, estando
estes dois últimos dependentes de recursos financeiros advindos
do Estado (AMPLIAÇÃO..., 2003).
O desmatamento
da cabeceira foi autorizado pela Secretaria Estadual do Meio-Ambiente,
devendo ser compensado com a preservação de uma gleba de
cerca de 170 hectares na região do Rio Preto (CABECEIRAS..., 2003).
3.2.4.3
- Quadro e Política Ambiental
O Município
de Itanhaém conta em sua estrutura organizacional executiva com
um Departamento de Meio-Ambiente como uma das divisões da Secretaria
de Planejamento, Habitação e Meio-Ambiente, com a característica
das diretorias não serem vinculadas uma à outra, isto é,
não há uma chefia única, e cada diretor reporta-se
diretamente ao Prefeito.
O Departamento
de Meio-Ambiente é composto por quatro membros, não havendo
equipe técnica suficiente para o desenvolvimento de projetos; os
trabalhos encontram-se mais voltados para o atendimento e fiscalização
das denúncias efetuadas.
Os principais
problemas ambientais de Itanhaém são:
o
saneamento básico;
as
invasões das áreas de preservação; e,
a
pesca predatória.
Em relação
ao saneamento básico é colocado que somente 11% da cidade
é servida por rede de esgoto, contrariando os dados levantados na
pesquisa da SEADE, citada no item imediatamente anterior, que apresentava
para o ano de 2000 um atendimento a quase 15% da população.
Quanto às invasões de áreas de preservação,
consideram que se deve ao grande número de migrantes que a cidade
vem recebendo de várias regiões brasileiras.
Os programas
ambientais executados pela gestão administrativa do período
2001-2004 até o presente momento, todas em parceria com alguma das
quatro Ongs existentes na cidade, foram:
Recuperação
de áreas degradadas;
Reflorestamento
dos morros e recomposição da flora nativa da região;
Implantação
e estruturação de trilhas para ecoturismo e educação
ambiental;
Gincanas
e mutirões de limpeza nos manguezais;
Conscientização
da população ribeirinha;
Construção
do Centro de Pesquisas do Estuário do Rio Itanhaém;
Fiscalização das áreas verdes municipais.
A Educação
Ambiental limita-se ao trabalho de conscientização junto
à população ribeirinha, já citado como um dos
programas executados, a respeito dos malefícios do mau destino dos
resíduos sólidos.
Segundo a Diretoria
de Meio-Ambiente, encontravam-se em fase de projeto no ano de 2003 programas
de reciclagem, de arborização urbana, e de compensação
de áreas verdes invadidas.
Em relação
à disposição dos resíduos sólidos o
município utiliza um Lixão controlado, situado no Bairro
do Vergara, já tendo sido autuado pela CETESB. Pretende-se adequar
o atual local utilizado para que receba o licenciamento como aterro sanitário,
segundo informações do Departamento de Planejamento, setor
responsável por esta questão na administração
municipal.
Encontrava-se
também em fase de elaboração, por um consórcio
composto por três empresas, o Plano Diretor de Resíduos Sólidos.
Com recursos financeiros provenientes do FEHIDRO, prevê-se a finalização
do mesmo até meados de 2004.
Itanhaém
conta com um Conselho de Meio-Ambiente, reorganizado através da
Lei nº 2679/01, encontrando-se em atividade como órgão
consultor.
O Plano Diretor
de Desenvolvimento Integrado (PDDI) foi instituído pela Lei Complementar
nº 30, de janeiro de 2000. Foi elaborado por uma comissão criada
a partir de decreto, formada por representantes da administração
municipal, do legislativo municipal, entidades da área social, de
turismo, da área cultural e da área de saúde, da Associação
Comercial, Ministério Público, Ordem dos Advogados, Associação
dos Engenheiros e Arquitetos de Itanhaém, SABESP, TELESP, DAEE,
IBGE, entre outros.
Pode-se considerar
que sua elaboração foi realizada dentro de um processo altamente
participativo, visto abarcar todas as representações da comunidade.
O artigo 17 do PDDI trata das diretrizes que constituem a Política
de Meio-Ambiente a ser seguida. Subdividido em 28 itens, dedica o item
II à integração regional quando define que devem ser
acompanhadas as políticas metropolitanas de preservação
dos recursos naturais, especialmente as relativas ao gerenciamento costeiro,
dos recursos hídricos e da disposição final dos resíduos
sólidos.
Ainda não
foi objeto de revisão para a inserção dos instrumentos
urbanísticos do Estatuto da Cidade, não havendo também
previsão de estudos a respeito, apesar do prazo legal para esta
ação terminar em setembro de 2006.
Apesar de considerar
que a duplicação da Rodovia dos Imigrantes trará ao
município tanto impactos positivos quanto negativos, a resposta
a esta questão especificou somente o que se espera positivamente:
o crescimento do mercado da construção civil, com a valorização
dos imóveis e melhoria no comércio, assim como uma previsão
de aumento no valor do imposto predial, o que possibilitará à
administração municipal, realizar as obras que deseja.
A integração
com os demais municípios da RMBS é considerada altamente
satisfatória pela administração, em vista do Prefeito
de Itanhaém ser o presidente do CONDESB por ocasião da aplicação
do questionário de pesquisa – meados de 2003.
Itanhaém
conta com um documento intitulado de Agenda 21 Local. Porém,
o processo foi paralisado no início da atual gestão administrativa,
não havendo perspectivas de retomada. O detalhamento deste processo
é descrito no item 3.8, que trata das Agendas 21 da RMBS. |