CÂMARA
E AGENDA 21 REGIONAL - PARTE II - Capítulo 3 (cont.)
Sílvia
de Castro Bacellar do Carmo
3.2.2 -
Município de Cubatão
3.2.2.1
- História
Cubatão
iniciou sua formação a partir da década de 1530, como
parada de descanso para os viajantes que percorriam o trecho entre o planalto
e a cidade de Santos, locais naturalmente separados pelo obstáculo
representado pela abrupta escarpa da Serra do Mar.
Nos três
primeiros séculos após o descobrimento não havia ligação
por terra entre Santos e este local no sopé da Serra, sendo utilizadas
canoas entre o Porto de Santos e um porto fluvial indígena situado
na margem do Rio Mogi, chamado de Piassaguera [1].
Utilizava-se
então uma trilha tupiniquim já existente para vencer
o trecho da serra. Entre 1553 e 1560 passou-se a utilizar outro caminho
entre o Planalto e Cubatão, Caminho do Padre José, acarretando
na construção de um novo porto fluvial, Porto de Santa Cruz,
e provocando o deslocamento do pequeno povoado para as margens do Rio Perequê
[2].
No final do
séc. XVII surgiu um novo porto à margem esquerda do Rio Cubatão,
onde se instalou a Alfândega e a Casa da Guarda, levando a um novo
deslocamento do povoado: este local passou a ser conhecido como Porto
Geral do Cubatão.
Entre o final
de 1791 e início de 1792 foi construída a Calçada
do Lorena devido o aumento do trânsito das mercadorias destinadas
ao Porto de Santos: descia a Serra do Mar em zigue-zague e era calçado
com lajes, utilizando a vertente da margem esquerda do Rio das Pedras.
A partir de
1820, o Porto Geral começou a mostrar-se insuficiente para o volume
de trânsito de pessoas e mercadorias entre Cubatão e Santos,
e em 1825 deu-se início às obras do Aterrado entre as duas
cidades. Cubatão perdeu então sua função de
porto fluvial, ficando limitado à condição de Registro
[3].
Com a perda
da movimentação causada pelo antigo porto fluvial, parte
da população deslocou-se para a margem direita, formando
a atual Avenida Nove de Julho, principal via da cidade. Em 12 de agosto
de 1833, Cubatão tornou-se município pela primeira vez, porém,
em 1º de março de 1841 foi incorporado à cidade de Santos,
perdendo a autonomia política.
Com o crescimento
das exportações de cana de açúcar e café,
a Calçada do Lorena mostrou-se pequena, principalmente porque não
permitia o tráfego de carros de bois. Inaugurada em 1846, a Estrada
da Maioridade, posteriormente chamada de Estrada do Vergueiro, Caminho
do Mar e Estrada Velha, veio suprir esta nova necessidade momentaneamente.
O café
demandou a construção do transporte ferroviário, e
em 1867 inaugurou-se a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, com a primeira
estação de trem de Cubatão localizada na beira do
Aterrado. Com o transporte de mercadorias e pessoas pela Estrada de Ferro
foi extinta a Barreira de Cubatão, e, a ligação rodoviária
que passava pelo Aterrado teve seu movimento reduzido, provocando uma estagnação
na cidade, passando seus moradores para as atividades ligadas à
monocultura da banana.
Somente no
início do séc. XX Cubatão retomou seu crescimento
com a chegada das primeiras indústrias. Com a construção
da Usina Henry Borden em 1926, fornecendo eletricidade e água em
abundância, as condições para instalação
de novas indústrias cresceram, e a cidade entrou em uma nova fase. Em 1947 foi
inaugurada a primeira pista da Via Anchieta para atender ao crescimento
do transporte rodoviário, tendo provocado um aumento populacional
no município, com os migrantes empregados na construção.
Em 24 de dezembro
de 1948 foi assinada pelo governador do Estado de São Paulo, a Lei
n.º 233 criando o Município de Cubatão a partir de primeiro
de janeiro de 1949. Em 13 de março de 1949 ocorreu a primeira eleição
para prefeito e vereadores de Cubatão, e o primeiro prefeito assumiu
seu cargo em 9 de abril de 1949.
A instalação
da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), que teve sua construção
iniciada no ano de 1950, impulsionou a transformação da cidade
para um pólo petroquímico: após o início das
suas atividades instalaram-se também, entre 1956 e 1959, a Companhia
Brasileira de Estireno, a Union Carbide do Brasil, a Copebrás e
a Alba Química; em 1963 foi construída a COSIPA, atraindo
outras indústrias como a Carbocloro, Rhodia, Cimento Votorantim,
Cargill, White Martins, entre outras.
No final dos
anos sessenta, devido aos freqüentes congestionamentos na Via Anchieta,
que causavam transtornos aos usuários e prejuízos aos interesses
da economia paulista, viabilizou-se através de ações
do governo estadual a construção de uma nova estrada na Serra
do Cubatão: a Rodovia dos Imigrantes.
No final de
1971 deu-se início à construção da estrada
de serviço, e em 1972 as obras da pista principal, com a inauguração
da pista ascendente em junho de 1976. A segunda faixa, a pista descendente,
foi construída entre maio de 1988 e dezembro de 2002. Em ambas as
fases, parte do contingente dos trabalhadores das empreiteiras contratadas,
permaneceram no município de Cubatão, aumentando o problema
de invasões nas áreas de proteção permanente.
O desenvolvimento
de Cubatão em um centro industrial trouxe consigo a devastação
do seu meio-ambiente e a proliferação de assentamentos subnormais
em suas áreas de mangues e serras.
3.2.2.2
- Caracterização
Cubatão
possui uma extensão territorial de 148 km², e localiza-se ao
pé da Serra do Mar. Faz limite com os municípios de Santos,
São Vicente, São Bernardo do Campo e Santo André.
Fica a 57 km de distância da cidade de São Paulo e 13 km de
Santos. Sua altitude máxima, de cerca de 700 metros, é alcançada
quase no cume da Serra do Mar (na divisa com São Bernardo do Campo
e Santo André) e a mínima, de 3 metros, na Baixada Santista.
Na figura 3.9 pode-se verificar a localização
do município em relação ao conjunto dos municípios
que formam a RMBS.
Figura
3.9: Localização de Cubatão na RMBS Fonte: CETESB,
2003b.
Do total de
sua área, 84,4 km² são serras e morros (57%), 37 km²
são mangues (25%) e 26,6 km² são planícies e
mangues aterrados (18%). Considerando-se que apenas as áreas de
planície e mangues aterrados são propícias para a
ocupação para efeitos de habitação e que as
indústrias ocupam pouco mais de 10 km², resta somente cerca
de 16 km² de áreas próprias para construções
destinadas a habitação, comércio e serviços.
A seguir, encontra-se
inserida a fig 3.10, que permite visualizar
a instalação da mancha urbana dentro do contexto da extensa
área originalmente ocupada por mangues.
Figura
3.10: Vista aérea de Cubatão Fonte: Prefeitura
Municipal de Cubatão, 2002.
De acordo com
o Censo 2000 (IBGE, 2003) Cubatão possuía uma densidade demográfica
de 756,7 hab/km² no referido ano. Sua população apresentou
uma taxa anual de 2,01% no interregno de 1991 a 2000, passando de 91.136
habitantes em 1991 para 108.309 em 2000, enquanto a taxa de urbanização
diminuiu 0,08, passando de 99,48% para 99,40% no mesmo período,
conforme pode ser verificado na tabela 3.6 a
seguir.
Tabela
3.6
POPULAÇÃO
CUBATÃO
|
|
1991
|
2000
|
População
Total (hab) |
91.136
|
108.309
|
População
Urbana (hab) |
90.659
|
107.661
|
População
Rural (hab) |
477
|
648
|
Taxa de Urbanização |
99,48%
|
99,40%
|
Fonte:
IBGE, 2003 Elaboração: Santos Social, 2003. |
O incremento
populacional em Cubatão, assim como sua expansão urbana,
está intrinsecamente relacionado às construções
rodoviárias referentes à interligação com o
planalto. A construção da Via Anchieta nos anos quarenta
trouxe para Cubatão um grande fluxo de pessoas. O censo de 1950
registrou uma população total de 11.803 pessoas, sendo que
4.680 foram identificados como migrantes, com parte deles habitando em
moradias nas Cotas [4].
A construção
da refinaria de petróleo a partir de 1951 provocou uma nova leva
de migrantes para o município, constatada oficialmente no Censo
de 1960, o qual apontou uma população de 25.076 moradores,
representando um acréscimo de 112,4%.
No final da
década de 1950 e início dos anos 60 teve início a
formação das favelas, ocupando áreas privadas e os
mangues, caso da Vila Socó e Vila dos Pescadores, com o Censo de
1970 registrando um crescimento populacional de 103% em relação
a 1960.
Durante a década
de 70, a taxa de crescimento da população se reduziu para
a metade, apesar das ocupações irregulares continuarem a
acontecer: surgiram as favelas de Vila Natal (1974), do Morro do Pica-Pau
(1978) e do Lixão (Itutinga).
A década
de 1980 contou com uma elevação populacional de apenas 15,9%,
fato explicado pela crise econômica no país, que provocou
a demissão de muitos trabalhadores na indústria, e pela migração
de parte da população cubatense para as cidades vizinhas,
devido aos problemas de poluição e a diversos desastres que
ocorreram nas indústrias. No ano de 2000 Cubatão tinha 26
núcleos considerados favelas ou áreas de risco, de acordo
com dados da administração municipal (COUTO, 2003).
Duas características
importantes devem ser ressaltadas na leitura dos dados populacionais. Primeiro,
a mão de obra migrante que insuflou o crescimento populacional estava
empregada nas empreiteiras encarregadas de construir as instalações
industriais das grandes empresas ou as rodovias, e não nas indústrias
petroquímicas ou na siderúrgica, onde os cargos de remuneração
mais alta eram ocupados por moradores de outras cidades. Segundo, a segregação
territorial causada pela elevação dos preços dos lotes
de terrenos regulares após a instalação das indústrias
inviabilizou a aquisição dos mesmos por famílias de
baixa renda, provocando a invasão dos mangues e encostas da Serra.
Uma outra atividade
econômica é peculiar neste município: a coleta e venda
de caranguejos nos acostamentos das rodovias. Teve início em meados
dos anos 50 pelos moradores das palafitas construídas sobre os mangues
da região. O que possivelmente era considerado como complemento
de renda, passou a ser o único recurso financeiro das famílias
residentes nas áreas de mangue após a crise econômica
brasileira dos anos 80.
Não
se pode falar do Município de Cubatão sem que se lembre dos
graves problemas de poluição da área em questão.
Nos anos 80 a cidade ficou conhecida internacionalmente pelos altos índices
de poluição ambiental apresentados, e passou a ser conhecida
como Vale da Morte.
A configuração
física do sítio onde Cubatão se desenvolveu contribui
para o agravamento da poluição atmosférica. A Serra
do Mar neste trecho específico tem a forma de uma ferradura,
de modo que parte da planície de Cubatão, onde está
assentado o parque industrial está dentro de uma cratera,
dificultando a circulação do ar e a dispersão dos
poluentes.
As três
primeiras estações de medição da poluição
foram instaladas em julho de 1972 com o objetivo de controlar as taxa de
corrosividade do ar. Em 1980, com a verificação pela CETESB
de que eram lançadas na atmosfera 30 toneladas diárias de
poluentes, foi criada uma Comissão Especial de Inquérito
(CEI) pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo,
com o objetivo de verificar e apresentar soluções para os
possíveis problemas ambientais de Cubatão.
Esta CEI apresentou
seu relatório em agosto de 1981, constatando os níveis elevados
de poluição atmosférica na cidade. Em julho de 1983
teve início o Programa de Controle da Poluição Ambiental
em Cubatão, sob o controle da CETESB. O referido Plano foi sistematizado
em três frentes: controle de fontes de poluição, apoio
técnico às ações de controle, e educação
ambiental e participação comunitária.
Em 1984 todas
as indústrias do Pólo de Cubatão foram autuadas pela
CETESB, e no mês de setembro do mesmo ano foi decretado estado
de emergência na cidade, em razão do alto índice
de material particulado na atmosfera.
Os poluentes
atmosféricos provocaram gradativamente a morte da vegetação
arbórea, rompendo com o equilíbrio das escarpas da Serra
e causando deslizamentos, e, como conseqüência, foi necessária
a recuperação da cobertura das áreas degradadas além
do controle da poluição ambiental.
O Plano colocado
em ação pela CETESB diminuiu consideravelmente o volume de
poluição atmosférica, das águas e do solo,
até o final dos anos 80. Em 1992, a ONU outorgou a Cubatão
o Selo Verde como Cidade Símbolo da Ecologia e Exemplo Mundial de
Recuperação Ambiental, durante a realização
da "ECO-92".
Por outro lado,
Gutberlet (1996) coloca como resultado de sua pesquisa sobre o desenvolvimento
de Cubatão, que o Município apresentava em 1996 um sério
comprometimento com a degradação socio-ambiental, acrescentando
que a Mata Atlântica está degradada devido às "conseqüências
do desenvolvimento industrial irresponsável e do descompromisso
do poder público com essas questões" (op. cit.).
De acordo com
Couto (2003), foi constatado, através de visitas às unidades
industriais e às encostas da Serra do Mar, que Cubatão apresenta
no início do séc. XXI um estágio próximo ao
chamado crescimento sustentável, com uma produção
industrial em expansão sem agressão ao meio-ambiente.
Em relação
à infra-estrutura de saneamento básico, são utilizados
aqui os dados levantados junto a SEADE (2003) em relação
à situação no ano de 2000. Cubatão contava
então com 85,07% da população sendo atendida pelo
abastecimento de água, somente 44,37% com atendimento de esgotamento
sanitário, e coleta de resíduos sólidos para 98,35%
da população.
O abastecimento
de água em Cubatão é realizado através do sistema
de captação dos mananciais dos rios Cubatão e Pilões,
e dos canais de descarga da Usina Henry Borden, correspondendo a 70 e 30%
respectivamente; este sistema também atende às cidades de
Santos, São Vicente e Praia Grande (CAMINHO..., 2004).
3.2.2.3
- Quadro e Política Ambiental
Cubatão
conta com uma Secretaria de Meio-Ambiente (SEMAM), localizada dentro das
instalações do Horto Florestal, o qual, por sua vez, situado
no Parque Ecológico Cotia-Pará. Sua atividade principal é
administração da qualidade ambiental do município,
através da proteção, controle e desenvolvimento do
meio-ambiente, e do incentivo adequado aos recursos naturais.
Está
estruturada em dois departamentos, a Gerência de Controle Ambiental
e a Gerência de Segurança da Comunidade; a primeira é
responsável pela supervisão da limpeza urbana, dos jardins
e parques ecológicos, e pelo controle ambiental, enquanto a segunda
responde pela defesa civil, como o controle das invasões.
De acordo com
as respostas fornecidas ao questionário solicitado, a administração
municipal considera que o principal problema ambiental do município
encontra-se nas invasões de áreas de preservação
ambiental. Quanto às áreas que já se encontram invadidas,
a diretriz é a de minimizar os impactos já causados, sendo
difícil a remoção dos atuais moradores, que atinge
praticamente 60% dos habitantes de Cubatão. O desafio concentra-se
em impedir que novos processos de invasão sejam iniciados.
A afirmação
da SEMAM pode ser consubstanciada em reportagem publicada em meados de
2002, que apontava como a maior deficiência ambiental do Município
a invasão de trechos da Serra do Mar e dos mangues, para a construção
de barracos (INVASÃO..., 2002). O secretário que assumiu
a pasta no segundo semestre de 2002 adotou como uma das alternativas para
o controle de invasões, a instalação de cercas de
arame farpado, delimitando as áreas já ocupadas das áreas
livres de moradias e com vegetação.
No ano de 2003,
encontravam-se em andamento três projetos ambientais:
Núcleo
de Educação Ambiental: localizado no Parque Ecológico
Cotia-Pará, dedica-se à educação ambiental,
trabalhando com as crianças da comunidade. Utiliza atualmente uma
das edificações já existentes no local, adaptada para
a função, já havendo projeto arquitetônico para
uma construção mais apropriada, a qual contará também
com um auditório, dependendo somente de recursos financeiros;
Projeto
Guará-Vermelho: os guarás-vermelhos são aves ameaçadas
de extinção, que retornaram a Cubatão após
os trabalhos de recuperação ambiental. Foi criado um laboratório
de pesquisa sobre esta espécie de ave, visando aprofundar o conhecimento
sobre suas características. Também possui um cunho ambiental,
objetivando conscientizar a população da importância
da fauna da região;
Cooperativa
de Coleta Seletiva: criada por iniciativa da Prefeitura, e atualmente
com aproximadamente 280 cooperados, é administrada pelos próprios
membros. Além do trabalho de coleta, também distribuem folhetos
informativos sobre a coleta seletiva, reciclagem e as invasões em
áreas inadequadas.
Os projetos
ambientais são desenvolvidos por funcionários ambientais,
sendo realizadas consultorias junto a ONGs da região, na busca de
efetivação de futuras parcerias.
Em fase de
elaboração, a Secretaria desenvolvia em meados de 2003, um
projeto para ampliação do Núcleo de Educação
Ambiental, pleiteando recursos do FEHIDRO; porém, não considerava
viável devido à contrapartida exigida. O início de
novos projetos encontrava-se diretamente vinculados a futuros recursos
financeiros.
A Educação
Ambiental é desenvolvida pela SEMAM em parceria com a Secretaria
de Educação, que envia professores quando solicitada.
A questão
dos resíduos sólidos é um dos problemas atuais da
cidade, apesar de não ter sido discriminada como tal pela SEMAM.
Até o primeiro semestre de 2003, os resíduos sólidos
coletados em Cubatão eram depositados no Aterro Sanitário
de Sítio de Areais, que iniciou suas atividades em 1997.
O fechamento
do referido Aterro foi decorrente da interdição efetuada
pela CETESB devido ao resultado de análises realizadas por técnicos
desta empresa ambiental, os quais constataram a existência de erosões
e trincas no subsolo do Aterro, com riscos de afetar o equilíbrio
ecológico. Os pedidos da Prefeitura para a deposição
de mais uma camada de terra, o que daria uma sobrevida de 120 dias ao aterro,
foram negados por acreditar-se que este peso não previsto poderia
deslocar o subsolo já aterrado na direção do ramal
ferroviário Santos-Jundiaí.
A Prefeitura
é proprietária da área anexa, uma gleba de aproximadamente
um milhão de metros quadrados, que foi desapropriada em 1999, justamente
com a finalidade de ampliação das atividades do Aterro. Porém,
na mesma ocasião da desapropriação foi iniciada uma
ação judicial contra a Prefeitura, por esta área ser
considerada de interesse de preservação ambiental.
Apesar do argumento
da SEMAM, de que apenas 73 mil metros quadrados encontram-se inseridos
na cota de preservação da Mata Atlântica, o Ministério
Público não liberou a utilização da área
para os fins previstos. A partir da interdição, os resíduos
sólidos domésticos do Município, calculados em 75
toneladas diárias, são transportados para o Aterro Sanitário
do Sítio das Neves, em Santos (ATERRO..., 2003; PREFEITURA..., 2003).
O Município
não conta com um Plano Diretor de Meio-Ambiente, mas desenvolve
um Código de Meio Ambiental e projeto de legislação
para criação de um Fundo Municipal de Meio-Ambiente, como
instrumento e recurso para o planejamento ambiental municipal. A responsabilidade
dos dois projetos, que não possuem um prazo determinado para envio
à Câmara Municipal, cabe à SEMAM e à Assessoria
Jurídica Municipal.
O Conselho
Municipal de Defesa do Meio-Ambiente (COMDEMA) foi criado pela Lei nº
2.093, de 21 de setembro de 1992, como órgão deliberativo,
normativo e recursal, vinculado à SEMAM. Em 1998 foi decretada a
Lei nº 2.508, que confere ao COMDEMA a competência de licenciar
os empreendimentos e atividades de impacto ambiental local. No ano de 2003
o órgão estava desativado por questões políticas,
prevendo-se a sua regulamentação para o reinício das
atividades, após a aprovação do Código Ambiental.
O novo Plano
Diretor do Município de Cubatão foi instituído
através da Lei Complementar nº 2.512, de 10 de setembro de
1998. É composto de quatro capítulos, que englobam 21 artigos.
Trata diretamente do meio-ambiente no parágrafo V, artigo 4º,
referente ao que constituem os objetivos políticos: "a melhoria
da qualidade do meio-ambiente urbano e o resguardo dos recursos naturais
e do patrimônio histórico-cultural".
Encontram-se
inseridos, no Capítulo IV – das disposições gerais,
alguns dos instrumentos urbanísticos que comporiam o Estatuto da
Cidade em 2001, a saber: parcelamento ou edificação compulsórios,
IPTU progressivo no tempo, desapropriação de vazios urbanos.
Em termos ambientais
não são esperados impactos decorrentes da construção
da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes. A SEMAM considera que a empresa
responsável pelas obras conteve os possíveis impactos ambientais
negativos que pudessem atingir o município, assim como a invasão
de áreas pelos trabalhadores. Ampliando a questão, também
não são esperados impactos econômicos, porque o aumento
do fluxo de turistas será de um perfil econômico que não
possuiu a tradição de fixação em Cubatão.
Não
existe integração com os demais municípios da RMBS
na questão ambiental. Foi ponderado que os perfis dos Municípios
que conurbam com Cubatão, tendo sido citados Santos e Guarujá,
são bastante diferenciados, e que nunca houve interesse por parte
deles de colaborarem com os problemas ambientais advindos principalmente
das indústrias.
O processo
de construção da Agenda 21 Local foi iniciado em fevereiro
de 2003, através da Portaria nº 193 que criou um Grupo Especial
de Trabalho com o objetivo de reunir informações e desenvolver
o perfil dos assuntos que deveriam compor a Agenda 21 do Município.
Para este Grupo
foram designados 22 membros pertencentes às várias Secretarias,
Assessorias e Administrações Regionais Municipais, tendo
como presidente o próprio Secretário da SEMAM. Em meados
do ano haviam sido realizadas consultorias a diversas ONGs da região
e a outras empresas de consultoria especializadas, sobre o custo e etapas
para desenvolvimento do processo, sem que realmente tivesse sido registrada
uma ação efetiva.
NOTAS:
[1]
Local atualmente ocupado pela COSIPA.
[2]
Atual área das empresas Union Carbide, Alba, Rhodia e Carbocloro.
[3]
Registro era o local onde se deveriam pagar as taxas pelas mercadorias
transportadas, e os passageiros deveriam registrar os nomes e nacionalidades.
[4]
Cotas são os bairros formados nas encostas da Serra do Mar, ao longo
da Rodovia Anchieta, pelas invasões. |