DEMOCRATICAÇÃO
DA INFORMÁTICA - 4
Manuais explicam a forma de montar
a escola
Para
a montagem de uma escola, o CDI criou o formulário "Diretrizes para
implantação de Escolas de Informática e Cidadania",
com base no qual a comunidade interessada prepara um projeto que será
analisado pelo próprio comitê.
É necessário que nessa
comunidade seja identificado um grupo de pessoas que se responsabilize
pela administração e gestão da escola. Depois, são
selecionadas algumas pessoas que queiram aprender informática para
serem futuros professores e que receberão do grupo de Educação
do comitê uma capacitação técnica e pedagógica.
Após três meses, essas pessoas estarão aptas a voltar
para as suas comunidades e ensinar a introdução à
informática, sistema operacional e a usar um editor de textos.
O ideal é um instrutor para
cada turma de dez alunos (com cinco computadores e uma impressora). Os
novos instrutores, além de se tornarem funcionários dessas
escolas, são também os agentes multiplicadores que formam
novos instrutores para ampliar o projeto da escola da comunidade ou para
outras comunidades.
A primeira preocupação
de um comitê comunitário, além de encontrar os voluntários
para o trabalho de instrutor, é identificar espaços para
as escolas, que podem ser cedidos por instituições que possuam
vínculos com a comunidade, credibilidade e idoneidade (por exemplo,
uma associação de moradores, uma igreja ou um centro comunitário).
Deve ainda promover uma campanha para doação de equipamentos,
além de parcerias com instituições públicas
ou privadas.
Um grupo da comunidade, em parceria
com o comitê, se responsabiliza pela administração
da escola, fazendo os trabalhos de secretaria e cuidando das instalações.
As aulas têm duração mínima de uma hora e são
oferecidas para cada turma, em geral, duas vezes por semana. O ideal é
ter no mínimo quatro turmas por dia se revezando no uso dos equipamentos.
É recomendado que o espaço para as aulas não seja
apertado e conte com segurança e condições para as
instalações elétricas necessárias. A sala deve
ter mesas e cadeiras e um quadro branco porque o quadro de giz não
pode ser usado (solta muita poeira que prejudica o equipamento). A temperatura
deve ser adequada e a sala deve ser equipada pelo menos com um ventilador
de teto.
As escolas são auto-sustentáveis
e autogestionadas, funcionando como empreendimentos sociais, mediante cobrança
de uma mensalidade equivalente a R$ 10,00. Isso não quer dizer que
quem não disponha dessa quantia não possa fazer o curso,
pois o aluno pode fazer um acordo com a administração e pagar
com serviços prestados à própria escola. É
uma forma de criar responsabilidade com os horários e com os equipamentos.
Como cada sala tem, no mínimo, cinco computadores e dez alunos por
aula, cada turma chega a arrecadar cerca de R$ 100,00, dos quais metade
é para a escola pagar custos de manutenção, energia,
telefone etc. e a outra metade vai para os instrutores. Estes precisam
passar por cursos de atualização constantes, para se manterem
atualizados com as novas tecnologias que surgem.
Assim, as EICs se transformam em
um grande empreendimento nessas comunidades, permitindo que potenciais
excluídos do sistema econômico tenham acesso à informática
e à comunicação por rede.
Convênios
- O grande desafio é buscar a auto-sustentação, por
meio de parcerias com instituições privadas ou públicas.
No Rio de Janeiro, por exemplo, foi aproveitado um programa do governo
federal que abriu concurso para projetos de capacitação e
profissionalização de jovens em situação de
risco. O CDI apresentou um elogiado projeto para a montagem de uma EIC
em área rural muito pobre da cidade de nova Iguaçu. Ali,
além do ensino de Informática e alguns conceitos práticos
de cidadania, huve a inclusão do ensino de Inglês Técnico,
de atividades lúdicas e de História da Cidadania. A continuidade
desse convênio beneficiou cinco comunidades da região Maré-Manguinhos,
também no Rio de Janeiro.
Uma das entidades nacionais do setor
de Informática que apóia esse trabalho é a Fenasoft
Feiras Comerciais Ltda., promotora da exposição anual Fenasoft,
entre outros eventos. Foi com o apoio da Fenasoft que em agosto de 1996,
foi criado o CDI de Além Paraíba, em Minas Gerais, que atualmente
atende 120 alunos e tem uma turma de dez alunos adolescentes portadores
de deficiência. Em todo o Brasil, mais de oito mil alunos já
tiveram a oportunidade de entrar na era da informática e buscar
um futuro melhor, através do trabalho do CDI.
O Comitê para Democratização
da Informática funciona na Rua Haddock Lobo, 78, bairro do Estácio,
no Rio de Janeiro (CEP 20260-132), com os telefones (021) 273.6647 e 273.6648,
e-mail cdi@ax.apc.org, home-page http://www.ibase.org.brl/~cdi
ou http://www.alternex.com.br/~cdi/.
Em São Paulo, a referência é a Casa Dom Macário,
telefone (011) 6954.2547.
Veja, nesta série:
(1)
Do sonho para a realidade
(2)
Democracia e informática se unem
(3)
Como funciona o trabalho do CDI
(4)
Manuais explicam a forma de montar a escola
(5)
Um manual do CDI - algumas páginas |