Como qualquer outro veículo, o bonde também está sujeito a
acidentes de trânsito, como este acidente registrado pelo jornal santista A Tribuna, num sábado,
11 de julho de 1936, página 4 (ortografia atualizada nesta transcrição):
Imagem: reprodução da matéria original
Apenas um susto…
O bonde "R", que parte da Praça Rui Barbosa
pouco depois das 11 horas, com destino a São Vicente, via Matadouro, e que costuma levar como passageiros grande número de bancários que se dirigem
para o almoço, ia em marcha acelerada pela Rua São Leopoldo.
Logo após passar pelo quartel da Força
Pública, ao defrontar uma chave perigosa, onde já se registraram diversos acidentes, descarrilou, subitamente, avançando por cima dos
paralelepípedos, até as proximidades do passeio.
O susto entre os passageiros não foi pequeno e
a desolação que dos mesmos se apossou com o acidente foi notória. Tinham pressa em chegar a casa para o almoço, o horário para regressar aos seus
empregos era curto e o descarrilamento, assim, lhes causava transtornos sem conta.
Houve protestos, reclamações, mas outro
remédio não havia senão aguardar ali a chegada de outro bonde.
Os funcionários da City, atarefados, corriam
de um lado para o outro, à procura de um telefone, não tardando que essa empresa tomasse as providências necessárias. Antes, porém, que ao local
chegasse o "socorro", providencialmente apareceram dois bondes, com destinos diferentes, havendo então baldeação de passageiros, visto que o "R",
por minutos, esteve impedindo o tráfego em geral, atravessado como ficou na via pública.
Não houve, com o descarrilamento, acidente
algum. Apenas um susto muito natural nessas ocasiões e descontentamentos provocados com o atraso do bonde, que devia ser rápido, mas não foi…
O bonde rápido, atravessado como ficou na Rua São
Leopoldo, após o descarrilamento
Foto publicada com a matéria
Esta colisão foi com um trem litorâneo, assim registrada
pelo jornal santista A Tribuna em uma terça-feira, 27 de março de 1951 (página 20 - ortografia atualizada nesta transcrição):
UM BONDE DA LINHA 7 COLIDIU COM UMA COMPOSIÇÃO DA E. F. SOROCABANA - Ontem, às 15,50 horas,
no cruzamento das avenidas Conselheiro Nébias e Afonso Pena, registrou-se um acidente de tráfego cujas conseqüências poderiam ter sido funestas.
Pela primeira daquelas vias públicas, rumo à praia, trafegava o bonde 148, puxando o reboque 23,
da linha 7, dirigido pelo motorneiro de chapa 183, Armando Gouveia da Silva, brasileiro, de 28 anos de idade, solteiro, residente no Morro do
Pacheco ligação 118. Ao se aproximar da Avenida Afonso Pena, Armando percebeu que uma composição da E.F. Sorocabana composta da locomotiva prefixo
M. P. 412 e de 22 vagões-tanques atravessava aquela avenida. Na iminência do perigo, resolveu frear o elétrico, porém, mesmo assim, foi de encontro
a um vagão em movimento.
Da colisão, além dos danos materiais, saíram feridos o motorneiro Armando Gouveia da Silva, que
sofreu a fratura do crânio e outros ferimentos graves, e a doméstica Onilia Benedita de Oliveira, de 26 anos de idade, solteira, brasileira,
domiciliada à Rua São Francisco n. 312, que sofreu a fratura do antebraço esquerdo. As vítimas, numa ambulância, foram transportadas ao Pronto
Socorro, e ali medicadas, sendo que o motorneiro, devido ao seu estado, ficou internado no hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Dirigia a locomotiva o maquinista Teófilo Campos Neto, residente na Vila Sorocabana, em São
Vicente, o qual, ouvido pela reportagem, afirmou que não podia ter percebido o desastre, pois já havia transposto a Avenida Conselheiro Nébias. A
locomotiva que dirigia - como já dissemos acima - puxava 22 vagões-tanques, sendo que seis estavam carregados.
Devido à violência da colisão, o elétrico saltou dos trilhos, ficando atravessado na via pública.
Os passageiros foram tomados de pânico, tendo muitos deles saltado do veículo precipitadamente.
Ao local compareceram o subdelegado Salvador de Martini, de serviço na Central de Polícia, o
escrivão Ventriglia, uma viatura da Rádio Patrulha e um perito da Técnica Policial.
- No clichê, um aspecto apanhado no local do acidente e, no canto
direito, o retrato do motorneiro Armando Gouveia da Silva.
Já este acidente foi noticiado pelo mesmo jornal A
Tribuna em 14 de janeiro de 1951 (página 8 - ortografia atualizada nesta transcrição):
O CAMINHÃO CHOCOU-SE COM O BONDE - Na tarde de ontem, na Rua General Câmara, próximo à Rua
Martim Afonso, registrou-se espetacular acidente de tráfego. Esse desastre, como a maioria dos que aconteceram em nossa cidade, foi devido à
imprudência de um motorista, o qual, num condenável desrespeito à Lei do Trânsito, dirigia seu veículo em velocidade por uma rua movimentada.
O caminhão da Cia. Antarctica Paulista, de chapa 41.68.76, que trafegava pela Rua Martim Afonso,
em marcha acelerada, ao entrar na Rua General Câmara - via preferencial - foi colidir violentamente com o bonde 34, da linha 5, que tinha como
condutor o de chapa 138 e como motorneiro de chapa 289. No acidente, houve apenas danos materiais, em ambos os veículos.
O caminhão, tal a violência do choque, subiu ao passeio, derramando pela via pública centenas de
garrafas de cerveja.
- No clichê, um aspecto colhido no local do acidente.
É dos arquivos policiais santistas que o pesquisador Waldir Rueda Martins
extraiu as imagens a seguir, oferecidas a Novo Milênio/O Bonde. A próxima é de uma colisão ocorrida na década de 1950 na Avenida Rangel
Pestana, esquina com a Rua Comendador Martins, envolvendo um bonde da linha 17:
Em 11 de fevereiro de 1959, era registrada esta colisão do bonde prefixo 300, que
seguia com seu reboque para a Praça dos Andradas, e um automóvel Volkswagen, na Av. Presidente Wilson, esquina da Rua Marcílio Dias. Note-se um
enfeite carnavalesco no poste e, ao fundo, o palacete ocupado então pelo Clube XV:
Nesta outra imagem, o acidente, com um bonde da linha 2, ocorreu em São Vicente, nas
proximidades da Rua Martim Afonso, conforme a anotação feita na imagem pelo perito policial:
Também encontrada pelo pesquisador Waldir Rueda, nos arquivos da polícia santista,
esta foto de uma colisão do bonde prefixo 332, da linha 1, com um ônibus, ocorrida em 31 de maio de 1952 na Praça Coronel Lopes, esquina das ruas
Martim Afonso e João Ramalho, no centro de São Vicente:
Em 19 de julho de 1959, às 9h35, o bonde prefixo 174, da linha 44, envolveu-se em
acidente na Avenida Rangel Pestana, próximo à confluência com a Avenida Senador Feijó:
Esta é uma das fotos de uma colisão envolvendo o bonde prefixo 310, da linha 19, na
Rua Xavier da Silveira, no Paquetá, defronte ao armazém 11 do cais, em 1956:
Este acidente, que levou ao descarrilamento de um reboque, ocorreu em 1959 na
confluência da Rua Visconde de São Leopoldo com a Avenida Presidente Getúlio Vargas e a Rua Visconde do Embaré, no Valongo, ao lado do morro do
Pacheco:
A seguir, uma análise dos motivos da decadência do serviço de bondes
em Santos. Por um leitor de jornal... |