UM TÚNEL DIFERENTE - Dersa recorreu a especialistas estrangeiros para planejar estrutura
inédita no Brasil. Segmentos de concreto serão submersos no mar com a ajuda de barcos e mergulhadores. Atividades no porto ficarão suspensas.
Estação de transferência de pedestres e ciclistas – Pedestres e ciclistas acessarão o túnel por um conjunto de escadas rolantes ou elevador.
Um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que será construído ligará Santos ao Guarujá pelo túnel
A inclinação da rampa será de 5% para não dificultar a subida de caminhões e do VLT.
Passagem para evacuar o túnel em caso de acidente
Infográfico: William Marioto, Marcos
Müller Fabrell e Edmilson Silva, publicado com a matéria
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Obra do Túnel Santos-Guarujá começa em 2014
Construção da megaestrutura usará técnica inédita no Brasil e levará à
interdição do Porto de Santos por pelo menos cinco dias
Bruno Ribeiro / Caio do Valle
Imaginado há oito décadas, o projeto
para a construção de um túnel entre Santos e Guarujá, no litoral paulista, deve começar a sair do papel no próximo ano. Essa é a previsão da
Desenvolvimento Rodoviário S. A. (Dersa) para o início da obra, que estará pronta em 2016. A montagem da estrutura vai usar um processo
construtivo inédito no Brasil, que envolve a submersão de grandes segmentos de concreto no Canal do Porto, que terá interdições.
Por falta de parâmetros na engenharia nacional, a Dersa teve e recorrer a especialistas
internacionais para elaborar o projeto. E a maior referência nesse assunto é a Holanda – pais que, com a maior parte do território abaixo do nível
do mar, tem mais de 80 túneis submersos.
Na semana passada, o holandês Martijn Smitt, tido como uma das maiores autoridades do mundo no
tema, esteve em São Paulo para prestar consultoria ao Estado. Sua empreiteira, a Strukton, assina a maior obra do gênero, em construção na
Coréia do Sul, com 8 quilômetros de extensão. "Em Santos, a dificuldade é o porto. Não pode haver
acidentes, pois isso o paralisaria e traria prejuízos para a economia de todo o País", afirma. O túnel paulista terá 1,8 km, sendo cerca de 700
metros na área sob o Canal do Porto.
O túnel é feito a partir de blocos pré-moldados, chamados elementos de túnel. A fixação desses
elementos no fundo do mar combina monitoramento eletrônico para posicionar os elementos com precisão milimétrica a conceitos básicos de física,
como força de empuxo e de pressão. Smitt estima que o processo fará o porto sr fechado, alternadamente, por pelo menos cinco dias.
Em Santos, serão sete elementos de mais de 100 metros de comprimento e 35 metros de largura
cada. A passagem ligará o bairro santista de Macuco a Vicente de Carvalho, no Guarujá. As enormes peças serão construídas em docas secas ou navios
especializados. No miolo delas, haverá três células: as das extremidades se transformarão em pistas para automóveis, ônibus, caminhões e para o
futuro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Pela câmara central, circularão pedestres e ciclistas.
Tecnologia – O presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, explica que a escolha
desse tipo de construção se deve ao solo arenoso da área. Se um túnel convencional, escavado, tivesse de ser construído, ele precisaria ficar a,
no mínimo, 90 metros de profundidade, o que tornaria a obra muito cara e com rampas com inclinação inviável para os caminhões. Estamos
patrocinando a transferência da tecnologia", diz.
A localização do túnel, bem no meio do canal, foi escolhida entre sete opções. "O local que se
mostrou mais adequado é a região de Outeirinhos, o atual cais de passageiros de Santos", explica Antonio Cavagliano,
gerente de Projetos da Dersa. "No lado do Guarujá, ele sai praticamente na reta do linhão".
A obra deverá custar R$ 1,4 bilhão. A Dersa busca financiamento do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), mas não descarta fazer uma Parceria Público-Privada (PPP). |