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Um "combate simulado" entre a City e um japonês
Depois que o Japão se
celebrizou no concerto das nações pelos sucessos alcançados na guerra russo-japonesa, todos os estrangeiros são acordes em dizer que os filhos do
império do Sol Nascente são fortes e temíveis.
Mas, os tais nipônicos são mais fortes que temíveis, tanto que a pacata Companhia City
"declarou-se" em guerra, ontem, contra um desastrado súdito do filho de Mitshuito, imperador daquelas vastas regiões amarelas.
E para provar o nosso acerto em como não são tão temíveis como fortes, está no ter perdido na
"guerra" o celebrado inspirador destas linhas.
Um japonês, trabalhador da Docas, a quem não conhecemos o nome, mas a quem vemos com admiração
pelos formidáveis bíceps de que dispõe em sua artilharia braçal, travou-se ontem em luta com um reboque da City, julgando-se ainda nos
tempos das ferozes pugnas guerreiras.
Tendo tomado o bonde da linha do Boqueirão (n. 3) que seguia para aquele ponto, ao chegar ao meio
do quarteirão da Rua Senador Feijó, entre as ruas Bittencourt e S. Francisco, entendeu de mostrar às vistas curiosas um excelente pulo de gato,
atirando-se de costas ao chão.
O resultado não se fez esperar. A City, na sua pacatez habitual, com os louros da vitória e o
sangue japonês a jorrar de um corpo inerme, ao meio da via pública, deteve-se em sua marcha e veio dar proteção ao vencido.
Do combate simulado entre o Japão e a City coube a decepção ao provocador do conflito.
O condutor desceu e, acompanhado de uma grande massa popular que se formou em roda do ferido,
procurou reanimá-lo, enquanto que o policial de ronda naquela zona dava as orde, completamente atrapalhado com o imprevisto da cena.
Todos julgaram morto o japonês, e até já se ia mandar buscar a ambulância, quando o homem veio à
fala.
Então, em uma roda, formou-se uma coligação de patrícios que evitou a intervenção estrangeira
da polícia e populares.
E o homem, que estava deitado sobre o solo, inanimado e em posição de quem espera a morte,
levantou-se, desembuchou duas palavras no idioma pátrio e seguiu naturalmente rumo da Praça José Bonifácio, onde tomou outro bonde da City, talvez
para tentar outro encontro pelas armas.
Não sabemos se foi vencido ou se venceu a City, por isso não podemos considerá-lo terrível; mas
que seja forte como a rocha, isso é incontestável para todos os que viram o homem identificar-se com as pedras... |