HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
TIROS DE GUERRA
Tiros de Guerra santistas (7)
Um dos tiros de guerra de Santos era o Tiro
Naval, fundado em 21/10/1917 e extinto após a Revolução Constitucionalista de 1932. A documentação destas páginas pertence ao acervo da família do
comandante Armando Erbisti, sendo as imagens cedidas a Novo Milênio por
Sérgio Barros de Moura, residente na cidade de
Peruíbe/SP.
Este recorte - datado por dedução (cita o dia do aniversário de Santos e o nome
do prefeito santista, Ciro Carneiro, e do interventor federal no Estado de São Paulo, Adhemar de
Barros) - é de um jornal santista publicado em 26 de janeiro de 1939 ou de 1940 (ortografia
atualizada nesta transcrição):
Sr. Armando Erbist, comandante do Tiro Naval em 1932
Foto publicada com a matéria
Tiro Naval do Estado de São Paulo
No dia em que Santos festivamente comemora a sua data máxima, será oportuno relembrar
o glorioso Tiro Naval do Estado de São Paulo, que, durante sua existência, honrou nossa cidade, ensinando e preparando militarmente a nossa
mocidade, no alto objetivo de servir à Pátria.
Em seu histórico, o Tiro Naval, corporação sempre grata aos santistas, conta com
passagens de relevo, já pela soma de serviços prestados à cidade, como também pelo garbo e brilhantismo com que sempre desfilou em dias de festa.
Fundado em 1917, por uma plêiade de moços de nossa sociedade, em que se faziam notar,
principalmente, os membros dos clubes náuticos santistas, contou, entre outros fundadores, os seguintes: Edgard Perdigão, Miguel Ferreira, Sebastião
Arantes, Adolpho Hayden Barbosa, Manuel Furtado de Oliveira e Luiz Ribeiro. Encerrou suas atividades em 1932, contando naquela época 1.140
reservistas.
Entre as figuras que mais se destacaram no Tiro Naval, deve-se citar o sr. Armando
Erbisti, seu primeiro comandante e dirigente, cuja dedicação a toda prova ainda hoje é lembrada.
Em 1918, por ocasião da gripe espanhola, os elementos do Tiro Naval contribuíram,
incansável e eficazmente, para debelar a epidemia, bem como trabalharam com ardor, no auxílio aos bombeiros, para desentulho dos escombros, por
ocasião do desabamento de uma parte do Monte Serrat. Em 1921, durante o período revolucionário, o Tiro Naval teve destacada atuação, bem como em
1932, no Movimento Constitucionalista.
A sua Banda Marcial, possuidora de boa harmonia e inigualável cadência, fez brilhante
figura por ocasião da grande parada do Centenário, em 1922, no Rio de Janeiro, sendo classificada a primeira entre as primeiras.
Sem dúvida, será uma agradabilíssima notícia para os santistas a do próximo
ressurgimento do Tiro Naval do Estado de S. Paulo, que inúmeros dos seus reservistas estão pleiteando. Os entendimentos estão caminhando
satisfatoriamente, ficando uma comissão encarregada de conseguir a colaboração do prefeito municipal, dr. Cyro Carneiro, que será o intérprete dos
ensejos e aspirações da mocidade santista, junto ao dr. Adhemar de Barros, interventor federal em São Paulo.
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Em 29 de junho de 1947, o jornal santista A Tribuna publicou este comunicado
(ortografia atualizada nesta transcrição):
Imagem: reprodução do quadro com os recortes de jornal de 1932
Aviso aos reservistas do extinto Tiro Naval do Estado de São Paulo
MOVIMENTO DE 1932
CADERNETAS DE DESINCORPORAÇÃO
ARMANDO ERBISTI, que incorporou e comandou o contingente Naval no movimento
Constitucionalista de 1932, tudo de acordo com o PACTO DE HONRA assinado, comunica aos reservistas do Tiro Naval do Estado de S. Paulo (extinto pelo
ditador Getúlio) que os nossos esforços foram coroados de êxito, após 15 anos de dolorosa expectativa, visto como já temos a nossa carta magna, por
onde se governará o Estado, dentro do pensamento de sempre sermos fiéis ao Brasil.
Aos meus 728 ex-comandados aviso, também, que, nessa mesma carta, fomos lembrados,
sendo aprovada a emenda apresentada pelo grande animador do movimento e meu ex-companheiro de Presídio, padre João Batista de Carvalho.
Essa emenda é de grande valia para os ex-combatentes que provarem a qualidade de ter
servido a S. Paulo, motivo pelo qual aviso aos meus ex-comandados que guardei com amor e carinho todas as cadernetas de desincorporação que não
foram procuradas, estando as mesmas à disposição dos interessados.
Lastimo o procedimento de muitos incorporadores e comandantes de tropas, de não
terem, no fim, assumido e esperado as conseqüências do movimento, desaparecendo e perdendo a maioria dos arquivos, motivando esse procedimento
estarem desnorteados muitos ex-combatentes, que já me procuraram e que pertenceram a outras unidades, para que eu os auxilie, o que é impossível,
por falta de elementos.
Aos meus ex-comandados posso afirmar que o arquivo está em ordem.
Santos, 28 de junho de 1947.
Armando Erbisti
Ex-comandante do Contingente Naval em 1932.
Documentação fotografada por Carlos Pimentel Mendes em
16/12/2007
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