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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS 1888/89
Um clube emancipador

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No final da Monarquia, em Santos, as campanhas abolicionista e republicana eram na prática uma só, com os mesmos personagens, nos mesmos locais, simultâneas. Se o trabalho dos abolicionistas terminou em maio de 1888, com as festas pela promulgação da Lei Áurea, o dos republicanos se completou um ano e meio depois, com a Proclamação da República.

Em Santos, durante algum tempo, existiram clubes especialmente dedicados à libertação dos escravos, entre eles a Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro, como registrou o jornalista Olao Rodrigues, no seu Almanaque de Santos – 1971 (editado por Ariel Editora e Publicidade, em Santos/SP, com impressão W. Roth & Cia. Ltda., da capital paulista):

A Emancipadora 27 de Fevereiro

A Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro não foi agremiação comum, de fins demagógicos, dessas que se fundam da noite para o dia, estruturadas de cima para baixo e de vida ativa e social apenas nas colunas de jornais.

A Emancipadora tinha uma grande finalidade cívico-social: libertar até o último escravo que existisse no Município!

Seu grande animador e presidente foi um santista, o major Xavier Pinheiro, nascido em 2 de dezembro de 1830, fundamente vinculado ao ambiente político, cultural, administrativo e social de Santos. Vereador dos mais operosos em três legislaturas, presidente da Câmara Municipal em 1878, delegado de polícia, tesoureiro da comissão que instalou o Teatro Guarani, foi também comerciante e dono de uma fábrica de cal no Paquetá.

A sociedade abolicionista instalou-se festivamente no dia 14 de março de 1886 no Teatro Guarani, perante cerca de 2.000 pessoas, em cuja oportunidade entregou 12 cartas de liberdade. Vários oradores fizeram-se ouvir para enaltecer o movimento abolicionista, que tinha franca receptividade em Santos. Encerrada a solenidade, abrilhantada pela Banda Musical 15 de Abril, o major Xavier Pinheiro levou seus amigos e convidados para os salões do Grande Hotel, onde lhes ofereceu profuso beberete para comemorar o nascimento da vitoriosa agremiação cívica.

Quando da decretação da Lei do Ventre Livre, a Emancipadora voltou a reunir-se especialmente, em 28 de setembro de 1886, para comemorar o acontecimento e proceder à entrega de novas cartas de liberdade a criaturas cativas, como Afra, escrava e José Manuel de Vasconcelos, e Benedita, de que Carlos Martins dos Santos era senhor.

A diretoria da Emancipadora enviou no mesmo dia telegramas de congratulações aos senadores Dantas e Taunay e ofício ao Conde de S. Salvador e Matozinhos.

Era essa, repetimos, a finalidade da agremiação cívica fundada pelo major Joaquim Xavier Pinheiro: tornar livres todos os escravos que existissem em Santos.

Por isso, o derradeiro ato que celebrou, a 27 de fevereiro de 1888, e que também marcou o seu 2º aniversário, teve a expressão de grande festa popular. Entregou, na oportunidade, as derradeiras sete cartas de liberdade concedidas pelos srs. João Manuel Alfaia Rodrigues Júnior, Floriano de Camargo Andrada, José Pinto Florêncio de Campos e d. Filipina Gomes Miranda.

Estava, pois, cumprida a missão. Santos estabelecera a abolição da escravatura muito antes do dia 13 de maio de 1888.

Houve em Santos uma outra emancipadora, que, porém, em assembléia geral havida em 1º de junho de 1884, decidiu encerrar sua atividade.

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