Detalhe da publicação original
Crônica diária
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MAIO - 1886
1. Instala-se no salão da Associação Comercial a companhia de seguros marítimos e terrestres denominada Previdência Paulista.
3. O cidadão João de Carvalho Anta dá liberdade, sem condição, a seu escravizado Estevam, de 38 anos. - Falece, na idade de 82 anos, Francisca Jeremias da Silva.
4. José Maceió recebe do negociante José Guedes Coelho quantia necessária para pagar aos trabalhadores de armazém deste e azula deixando os pobres homens no ora veja...
5. Chegam a esta cidade, vindos de Campinas, e hospedam-se num hotel à Rua de S. Bento, Manoel Real Caldeira e Manoel José Gomes Alonso, espanhóis. Aí aboletados, Caldeira pede
que lhe sirvam uma canja juntamente com uma garrafa de vinho do Porto. Em seguida à refeição Caldeira sente-se muito incomodado a ponto de ser chamado um médico, que o faz remeter para o hospital da Misericórdia, onde falece horas depois. A
autoridade consular procedeu à arrecadação de 600$000 em moeda papel, 2 moedas de ouro e 6 de prata, que estavam em mão de Alonso, que a princípio negara ter essas quantias.
6. Assume a redação do Diário de Santos o dr. Francisco de Assis Oliveira Braga Filho, deputado provincial por este distrito.
8. A Antonio Martins Fontes, escriturário da Alfândega, são concedidos 60 dias de licença.
9. Falece, às 4 horas da tarde, na Rua de S. Leopoldo, quando demandava o hospital da Misericórdia, onde se ia recolher, o africano João.
10. A requerimento da promotoria pública, é feito exame de sanidade na pessoa do preso Francisco Giemenez, autor da morte do espanhol Martin Leman, perpetrada a bordo do paquete
Tamar.
11. Começa a funcionar nesta cidade, à Rua de Santo Antonio n. 23, a seção do Banco Comercial de S. Paulo.
12. A polícia, desconfiando da gordura de Delfino Felix, leva-o à presença da delegacia, onde é revistado, chegando-se á conclusão de [que] as roupas que Delfino vestia eram suas e que se no corpo as trazia era por falta de canastra. A polícia mandou-o em paz... e com as roupas.
15. Toma posse do cargo de guarda-mor da Alfândega José Dias de Mello. - O dr. Eduardo Ferreira e Antonio Augusto Bastos são empossados nos cargos de
vice-presidente e 2º secretário da Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro. O dr. Eduardo Ferreira é, nessa ocasião, manifestado por grande número de cidadãos que, precedidos de uma banda musical, acompanham-no até a sua residência, onde
aquele cidadão oferece aos seus admiradores um profuso copo d'água. Para testemunhar de um modo mais eloqüente a sua gratidão e regozijo, o distinto moço liberta dois escravizados e oferta 500$000 àquela sociedade.
16. José Rodrigues, cocheiro de um carro de praça, cai da boléia do mesmo e, apesar da grande touca, quebra a cabeça.
17. Falece o cidadão João de Carvalho Anta, antigo e estimado professor particular de primeiras letras e partidor do foro. Regia a cadeira da aula de Português da Auxiliadora da
Instrução, que, em sinal de pesar pelo seu falecimento, suspende os seus trabalhos por espaço de dois dias. - O dr. Silva Jardim funda nesta cidade um externato de instrução primária e secundária. Os compositores e mais
empregados das oficinas do Correio de Santos fazem greve, deixando por esse motivo de aparecer aquela folha.
19. Chega da Corte a companhia de operetas Braga Júnior & C.
20. Falece Clara da Câmara Oliveira. - Chega a esta cidade o violinista cego Manoel Cordeiro Cavalcanti, que pretende efetuar um concerto. - É detido para ser enviado ao hospício
de alienados da capital, Francisco Marques, que vagava pelas ruas da cidade. - Alguns trabalhadores de embarque formam no Largo do Carmo, em pleno meio dia, uma roda de búzio, enquanto esperam o café para embarcar.
A polícia, não consentindo semelhante bilontrismo, convidou-os a desmanchar aquela e formar outra roda... no xadrez. - Estréia a companhia Braga júnior com a opereta Boccacio. - Ao capitão Antonio Luiz Ribeiro, tabelião
público, são concedidos 3 meses de licença.
21. É representada a opereta D. Juanita pela troupe Braga Júnior.
22. É comprado pela quantia de 4:000$000, produto de uma subscrição, um prédio para a viúva e vilhos do falecido cidadão João Plácido Rodrigues. - O dr. Luiz Ernesto Xavier é
vítima de um grande desastre. Ao voltar do Monte Serrate, onde fora assistir uma missa, nas proximidades da caixa d'água tem uma vertigem e rola pela montanha, indo cair sem sentidos e ensangüentado nas proximidades do Rink. Alguns homens que
trabalham numa pedreira próxima vão em seu socorro e conduzem-no para o hospital da Santa Casa, onde fica em tratamento. - A companhia Braga Júnior leva à cena pela segunda vez a opereta Boccacio.
23. É destinada a quantia de 2:659$887 para o fundo de emancipação do município de Santos. - Pela segunda vez a empresa Braga júnior representa a D. Juanita.
25. São exonerados: dr. José Rubim Cezar e capitão Antonio Gabriel da Silva Bueno, dos cargos de advogado e engenheiro da Câmara Municipal. Para aqueles cargos são nomeados os
drs. Francisco de Assis Oliveira Brga Filho e Carlos Americano Freire. - Com grande concorrência sobe à cena no Guarany a espirituosa revista dos acontecimentos de 1886 no Rio de Janeiro, O Bilontra.
26. Um italiano que trabalhava a bordo da barca portuguesa Waaland, atracada na ponte Zerrenner, cai da escotilha ao fundo do porão, fraturando um pé e uma das rótulas. -
Repete-se o afamado Bilontra.
27. A companhia Braga Júnior leva à cena a opereta Luzbelin.
29. O capitão do porto é autorizado a celebrar contrato com os proponentes, aceito pelo conselho de compras. Sobe à cena o vaudeville Meus olhos, meu
nariz e minha boca, pela companhia Braga Júnior.
30. A viscondessa de Vergueiro oferta 100$ para as obras da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. - Instala-se a junta classificadora de
escravos deste município. - A companhia Braga Júnior representa o Bilontra com o novo ato denominado Faustino industrial. - O negociante José Caballero, que em uma loteria de Montevidéu tirou o prêmio de 50.000
pesos, faz os seguintes valiosos donativos: 37:000$ a amigos seus e a pessoas necessitadas; 2:000$ à Santa Casa de Misericórdia; 2:000$ à Sociedade Portuguesa de Beneficência; 1:000$000 à Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro; 200$000 à
Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio; 200$000 à Sociedade Auxiliadora da Instrução. Além desses donativos, aquele cavalheiro liberta um escravizado que há anos tem ao seu serviço. - Chega a esta cidade o célebre cavalheiro Biraia
cuja fama corre por toda a província. - Sobe à cena mais uma vez o aplaudido Bilontra. - No sítio denominado S. Jorge, um menino de 7 anos de idade é mordido por um jararacussu.
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Largo do Carmo em 1898
Foto cedida a Novo Milênio pelo professor e pesquisador
Francisco Carballa
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