Detalhe da publicação original
Crônica diária
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NOVEMBRO - 1885
1. Aparece o Popular, pequeno periódico do qual são redatores os meninos
Carlos Sá de Affonseca e Affonso Eugenio de Assis.
2. Marciano Xavier de Morais cai da ponte do
Casqueiro. É recolhido à Misericórdia gravemente contundido.
3. Benedicto Calixto, talentoso pintor, expõe em casa
de Andrade & Irmão dois magníficos quadros representando uma garganta do Monte Serrat e outro a
Rua Xavier da Silveira, abrangendo quase toda a Baía. - Os larápios conseguem penetrar na casa de residência de João José da Silva e furtam
jóias, roupas e dinheiro.
8. Faz-se apuração da eleição de deputados provinciais, que dá como eleitos os
drs. Rodrigo Silva, conservador, e Antonio Candido Rodrigues, liberal, passando a segundo escrutínio os drs. Evaristo Cruz e Oliveira Braga Filho. -
A Tombola organizada pela Sociedade Auxiliadora da Instrução, no jardim da Praça Andrada,
em benefício dos seus cofres e marcada para este dia, não é levada a efeito por causa do mau tempo. A comissão organizadora resolve liquidar toda
aquela bugiganga, porque, contra a força... isto é, contra a chuva não há resistência.
10. A subdelegacia de polícia recebe denúncia de haver sido deflorada uma menor
de 16 anos. É feito corpo de delito e mais formalidades da lei. - Júlio Pereira da Silva, autor de um desfalque na casa de Pereira Júnior, de
S. Paulo, é preso na Rua S. Leopoldo.
11. A bordo do Rio Pardo passam por esta cidade, com destino à província
de Mato Grosso, alguns índios coroados que tinham ido à Corte, com o fim único de conhecerem o Imperador e com ele travarem relações de amizade.
13. Assume a jurisdição de substituto do juiz de direito o dr. Francisco de
Paula Moreira Barbosa. - É lançada, em notas do tabelião Ribeiro, a escritura de compra da casa, que alguns admiradores do nosso malogrado
companheiro e amigo Jorge Behn conseguiram para a sua viúva e filhos. - O Club XV dá uma esplêndida soirée em
regozijo ao restabelecimento do seu presidente Francisco Martins dos Santos. - Chega a esta cidade, com a família, João Francisco de Paula e Silva,
nomeado inspetor da Alfândega.
14. Um forte pé de vento faz desabar o sótão da casa do alferes Cóva. - Entrega
o comando da fortaleza da Barra Grande, ao capitão Elydio Fernandes da Silveira, o capitão José Emílio Vaz Lobo.
17. José Ferreira de Siqueira, guarda da Alfândega, desanca uma tunda
de refle em Ricardo Gomes Pinheiro, por este não lhe querer fiar uma xícara de café... Safa! Já é ter muito amor ao precioso grãozinho e
nenhum ao lombo do próximo...
19. Principia a funcionar a linha telefônica para S. Vicente.
22. Falece Luiza Maria do Sacramento Macuco. - José Teixeira e mais três
gajos hospedam-se na casa de pasto de Martins Ribeiro, à Rua do Itororó, e limpam-lhe nada menos que um conto réis, assim com tanta facilidade
como quem bebe um copo d'água. - Luiz Martins de Oliveira Viega, para solenizar o aniversário natalício da sua mãe, liberta incondicionalmente uma
única escravizada que possui.
23. Chega a troupe de macacos de F. Salvini.
26. Júlio Torres Rangel entra no exercício do cargo de corretor geral. - É
reconhecido no cargo de vice-cônsul da Suécia e Noruega, Rudolpho Wanschaffe. - Procede-se ao segundo escrutínio para a assembléia provincial, sendo
eleitos os drs. Oliveira Braga Filho, José Evaristo Alves Cruz. - Eliseu Canuto de Assis e João Narciso do Amaral são despedidos dos lugares que
ocupam na Alfândega. - Estréia a companhia de macacos de F. Salvini. Grande concorrência no Rink, muito entusiasmo do público... e dos artistas
que trabalharam admiravelmente.
27. A polícia dá caça aos gatunos e engaiola grande número deles no
viveiro do frei Abranches (N.E.: no exemplar consultado, consta, manuscrita por algum leitor, a observação: "[o
carcereiro: Fco. G. de Abranches!]").
28. Falece Lucas Rodrigues, vulgarmente conhecido por Pae
Lucas. Era africano e muito estimado nesta cidade. Devido ao seu gênio de homem trabalhador e econômico, conseguiu reunir uma fortuna bastante
considerável.
[...]
Rua Xavier da Silveira, em 1893
Foto: reprodução do livro: Docas de Santos - Suas origens, lutas e
realizações, de Hélio Lobo,
Typ. do Jornal do Commercio - Rodrigues & C. - Rio de Janeiro/RJ, 1936
(acervo do historiador Waldir Rueda)
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