Um dia, pensaram em demolir a velha cadeia. Hole ela tem o futuro garantido
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Na cadeia velha o novo museu: só a moeda tem dois mil anos
Moeda de dois mil anos está em Santos e vai ganhar casa nova, o edifício que o Patrimônio Histórico e Artístico da União considera o melhor representante
oitocentista do país. É que a velha Cadeia de Santos, que já foi Fórum, Tribunal de Recursos, Câmara Municipal e Delegacia de Polícia, vai transformar-se em museu no próximo ano.
O museu nascerá rico, como herdeiro do acervo do Museu Santista (de iniciativa particular e famoso pela raridade de suas peças), e terá nome de acordo com as tradições culturais dos
santistas: Museu Histórico e Pedagógico dos Andradas.
A pedra fundamental do velho prédio foi lançada em 1834 e três anos depois ele era inaugurado. Antes mesmo da conclusão, já era usado pelos pracinhas paulistas recrutados para a Guerra
do Paraguai, que dele se serviram em 1866 como quartel e centro de instruções. Foi visitado por figuras ilustres como D. Pedro I, a imperatriz Leopoldina e a princesa Isabel. Depois dessa glória, quase foi demolido e agora está sendo restaurado
pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico da União, que ali montará o museu oficial de Santos.
A maior parte do acervo virá do Museu Santista, instalado na residência de seu proprietário, o sr. Francisco de Barros Mello, na Rua Conselheiro Nébias, 553. Ali, embora o espaço seja
pequeno, estão mais de 10 mil peças, distribuídas pelas seções de numismática, pintura, taxidermia, mineralogia, estatuária, música, cerâmica e trajes regionais.
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A grade não prende mais
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Grilhões são só relíquias
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1 milhão de moedas - Considerado o "rei das moedas na (N.E.: [..."] linha faltante no
original) de 1 milhão de peças, de mais de 300 países. Entre elas está uma da Alexandria.
A mais antiga - segundo referência do Lello Universal - é uma moeda fenícia de aproximadamente dois mil anos. Cunhada em vidro, tem gravada a efígie de um rei. Em valor histórico,
seguem-se uma moeda-faca da China (cunhada no ano de 700) e as de Bizâncio (do ano de 400), Tirol, Toscânia, Saxônia, Vaticano, Abissínia, Prússia e Sérvia, todas cunhadas entre 1500 e 1868. Moedas exóticas do Sião (com a forma de um elefante),
Indochina, Afeganistão etc., cédulas de vários países - não falta nenhuma das emitidas pelo Tesouro Nacional - completam a seção de numismática.
A "santa do pau oco"
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A santa do pau oco existe, sem dúvida
Asanta do pau oco existe mesmo. É a imagem de NS da Conceição, peça que desperta mais curiosidade entre todas do museu. Talhada em madeira e com a
parte posterior cavada, era usada pelos contrabandistas, que no seu interior escondiam muambas.
Ainda na seção de estatuária, está a imagem de São Vicente de Paula, em tamanho natural, adquirida de um antiquário santista, bem como figuras que reproduzem personalidades da História
do Brasil.
O setor de cerâmica do museu é rico em trabalhos orientais. Dele fazem parte um vaso de origem chinesa e outro da dinastia dos Mings, confeccionado na província de Satsuma ou Sasshiu, na
ilha de Kiu-Sui, conhecida pela fabricação de faianças com ornamento a ouro.
Para não molhar os bigodes, xícara toda diferente
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Bigode não se molha - Xícaras há de todas as épocas e modelos. A mais curiosa e original, porém, é a que tem proteção para que o bigode não mergulhe na bebida e cujo uso já foi
muito difundido.
Em um cômodo da parte superior da residência - construída especialmente para abrigar o museu - estão pássaros embalsamados, miniaturas de navios, capacetes da
Revolução Constitucionalista e uniformes militares - um dos quais foi usado pelo brigadeiro João Fagundes, herói da Guerra do Paraguai.
Sem classificação, não há funcionário para isso, o Museu Santista possui condecorações, fósseis, armaduras, cartões postais, relógios - o mais antigo é um Spence-London com cerca de 170
anos - máquinas de escrever, armas de fogo, cachimbos, flâmulas e até espadas que os japoneses usavam para a prática do haraquiri. Várias outras peças estão emprestadas ao Museu João Ramalho, instalado no forte São
João, na Bertioga. |