Neste vetusto prédio da Av. Conselheiro Nébias nº. 689 foi fundado o Instituto
Histórico e Geográfico de Santos em 1937, que nele ainda mantém a sua sede própria
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Instituto Histórico e Geográfico de Santos
Em fins de 1937, alguns meses depois do lançamento da 1ª
edição da História de Santos, o historiador Francisco Martins dos Santos não se continha em seu
propósito de fundar, em Santos, o seu Instituto Histórico e Geográfico. Durval Ferreira empolgou-se com a idéia, logo transformada em seu ideal e,
como tal, por ele pugnando através de inúmeros contatos. Edmundo Amaral foi o terceiro elemento a incorporar-se à coordenação da fundação dessa
magnífica instituição cultural.
Entretanto, em meios às démarches que se processavam, Durval Ferreira veio a
desentender-se com seus companheiros de ideal e afastou-se do movimento coordenador da fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Os
dois remanescentes convidaram, então, para terceiro membro da Comissão Fundadora, o grande santista Júlio Conceição – participante das campanhas da
Abolição e da República, em Santos.
Efetivamente, Francisco Martins dos Santos, Edmundo Amaral e Júlio Conceição ultimaram
os contatos que vinham fazendo, formalizaram os convites e convocaram para o dia 19 de janeiro de 1938 a Assembléia Geral de Fundação do Instituto
Histórico e Geográfico de Santos. Todas as reuniões preliminares, da Comissão Coordenadora, realizaram-se nas residências de seus membros, com maior
incidência na casa de Francisco Martins dos Santos, na qual também se realizou essa reunião de fundação, com a presença daqueles que haviam sido por
eles escolhidos para constituir a primeira diretoria e o primeiro conselho.
Dois dias depois, a 21 de janeiro, no local escolhido para sede da novel instituição
cultural santista, no prédio da Av. Conselheiro Nébias nº 689 (o mesmo prédio de sua atual sede), realizou-se a reunião formal de constituição do
Instituto Histórico e Geográfico de Santos, com a presença de 21 dos 30 titulares-fundadores cujo elenco de escol representava, sem dúvida, a elite
cultural de Santos.
Entretanto, a instalação oficial da entidade foi marcada para o dia 5 de fevereiro de
1938, em homenagem ao historiador Francisco Martins dos Santos, seu idealizador e grande coordenador, já em sua sede, referida, e que nessa data se
encontrava mobiliada, com recursos financeiros dos membros da Comissão Coordenadora da Fundação, principalmente à custa de Francisco Martins dos
Santos que, não desejando onerar os associados, assumiu essa responsabilidade material e financeira.
E, no dia 5 de fevereiro – a data de instalação, comemorada, oficialmente, como de
fundação -, o Instituto Histórico e Geográfico de Santos era festivamente instalado, com sua sede feericamente iluminada, com a Banda do Corpo de
Bombeiros e com a presença das mais destacadas autoridades do município, entre as quais o prefeito municipal, o capitão dos portos e o bispo
diocesano, além das mais representativas personalidades do comércio e da sociedade santista.
Nessa festividade tomou posse a diretoria provisória, constituída pelos três
coordenadores da fundação, Júlio Conceição, Francisco Martins dos Santos e Edmundo Amaral.
Francisco Martins dos Santos, quando publicou sua História de Santos, em 1937
Foto publicada na mesma obra que a matéria
Os estatutos sociais, a seguir aprovados, foram elaborados pelo historiador Francisco
Martins dos Santos.
O Instituto Histórico e Geográfico de Santos, no decorrer de seus primeiros anos de
atividade, foi ampliando suas instalações, ocupando de fato todas as dependências de sua ampla sede. Organizou seu arquivo, instalou sua biblioteca
e sua mapoteca, além de seu pequeno Museu, constituído logo no início, cuja sala veio a chamar-se "Júlio Conceição". Suas atividades
culturais sempre foram marcantes, salvo em alguns períodos intermediários em que sofreu depressões decorrentes da inércia de algumas diretorias, do
mau estado de conservação do prédio e das dificuldades financeiras enfrentadas.
Foi reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº 1073, de 3 de novembro de
1949; pela Lei Estadual nº 6.372, de 11 de outubro de 1961, e pela Lei Federal nº 865, de 13 de outubro de 1949.
A 4 de dezembro de 1943 foi lavrada uma escritura de compromisso de compra e venda do
imóvel sito à Av. Conselheiro Nébias nº 689, onde se fundara e instalara esta instituição e no qual permanecera como locatária. A 28 de maio de
1946, os proprietários desse imóvel, dª. Corina Fontes de Barros Pimentel e seu marido Sancho de Barros Pimentel Sobrinho, outorgaram, através de
escritura lavrada no 5º Ofício, a venda definitiva do prédio ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos.
Os recursos financeiros para essa compra foram doados pelo emérito santista Valentim
F. Bouças, ao qual foi conferido, em reconhecimento e homenagem, o título de sócio benemérito. Logo após a fundação do Instituto Histórico e
Geográfico de Santos, Durval Ferreira a ele se integrou, servindo-o em diversos cargos da diretoria.
O historiador Francisco Martins dos Santos, alguns anos depois, transferiu seu
domicílio para o Rio de Janeiro, onde manteve permanente contato com Valentim Bouças – seu grande amigo, admirador e patrocinador de algumas de suas
obras – quando conseguiu persuadi-lo à importante doação financeira feita ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos, para a compra de sua sede.
Em 1983, cinco anos após o falecimento de Francisco Martins dos Santos, sua memória
foi exaltada, num preito de justiça e de saudade, com a inauguração de sua fotografia na sala de reuniões da diretoria do Instituto Histórico e
Geográfico de Santos, que passou a denominar-se Sala Historiador Francisco Martins dos Santos.
Presidiram essa instituição: Júlio Conceição, Manoel Hypólito do Rêgo, José da Costa e
Silva Sobrinho, Frederico de Figueiredo Neiva, Álvaro Parente, Mariano Laet Gomes, Durval Ferreira, José Dias de Moraes, Joaquim Alves Feitosa,
Edgard Ferraz Navarro, José Bento Cardoso Vidal, Archimedes Bava, Raul Ribeiro Flórido, Luiz Pinto Dias, e, atualmente
(N.E.: 1996), Felício Agostinho da Purificação Souza.
O Instituto Histórico e Geográfico de Santos mantém, em sua sede, uma excelente
biblioteca pública, um pequeno museu, um auditório para 80 pessoas, além de várias dependências administrativas. Conta em seu acervo com vários
quadros de Benedicto Calixto. A ele foi transferida pela municipalidade a outorga da Medalha dos Andradas, a pessoas que
se destaquem a serviço da cultura.
IHGS GANHAVA BANDEIRA - O Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) recebeu,
no dia 19 de janeiro, das mãos de Rodrigo de Camargo, bandeira que passaria a pertencer à entidade, que ainda não a possuía. Apresentava a bandeira
as seguintes características: campo branco e, no centro, em esferas, as palavras: "Instituto Histórico e Geográfico de Santos" e a data de sua
fundação em preto; à direita, azul colonial, o mapa do Brasil, e à esquerda, o marco da fundação de São Paulo. A entrega foi efetuada na data em que
a sociedade festejava seu aniversário de fundação.
Foto: reprodução, publicada no jornal santista A Tribuna em 25/1/2006, na seção
A Tribuna nos Anos 60, do jornalista Hamleto Rosato, referente à segunda-feira, 25 de janeiro de 1965
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