Maluf acabou conseguindo apertar a mão do
presidente
e receber deste a promessa de recebê-lo em audiência
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Manifestação a Geisel na Baixada
O presidente Ernesto Geisel foi ovacionado pelo povo,
ontem, ao inaugurar oficialmente o emissário submarino da Sabesp, em cujo canteiro de obras também presidiu a assinatura de contratos no valor de
Cr$ 11,2 bilhões, para execução de novas obras de água e esgoto na Grande São Paulo, Litoral e Interior.
Antes de vir a Santos, o presidente, acompanhado do governador Paulo Egídio, esteve em
Cubatão, onde inaugurou, na Cosipa, o novo laminador de 4 mil e 100 milímetros, preparado para produzir 600 mil toneladas de chapas destinadas à
indústria naval e a toda indústria de base, e deu início ao cravamento das primeiras estacas de construção da Aciaria II, com lingotamento contínuo,
que assinala o fim do segundo estágio e o começo do terceiro. Em discurso pronunciado na ocasião, o presidente da siderúrgica, Plínio Assmann,
afirmou que "a construção da nova aciaria e a entrada em operação do laminador marcam o início do terceiro estágio de expansão da empresa. Este
começo significa que, dentro de alguns meses, a capacidade instalada de produção de aço da Cosipa estará aumentada em mais de 50 por cento".
O coronel Rubem Ludwig, assessor de imprensa presidencial, afirmou, durante a sua
permanência na Cosipa, que não existem indícios, no momento, que justifiquem a adoção de medidas radicais, referindo-se às greves que estão
ocorrendo em São Paulo. Ele observou que a lei de greve continua em vigor, mas que o presidente admite a realização de negociações entre as bases
grevistas e empresários.
Mais tarde, o assessor confirmou que o candidato da Arena ao Governo paulista, Paulo
Maluf, será recebido em audiência especial, em Brasília, pelo chefe do Governo, o que significa a aceitação definitiva de sua vitória sobre Laudo
Natel. Por sua vez, Paulo Maluf, que durante quatro vezes trocou apertos de mão com Geisel, desmentiu ter autorizado a elaboração de manifesto na
Baixada, de apoio e solidariedade à sua candidatura, afirmando desconhecer tal iniciativa, anunciada pelo ex-vereador Roberto Mehanna Khamis,
supostamente um dos pretendentes ao cargo de prefeito de Santos.
Na Cosipa, Geisel ouve as explicações do
presidente da empresa
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Duas festas na visita de Geisel à Baixada
Sirenas soaram, veículos e navios apitaram e quatro bate-estacas começaram a cravar no
solo da Cosipa os marcos de uma nova usina, com um leve toque do presidente Geisel sobre um botão instalado no palanque. Desde ontem o País começa a
contar com a produção de mais 1,2 milhão de t de aço, que dentro de três anos sairão de Cubatão, com o término do estágio três.
Geisel permaneceu em Cubatão por quase 4 horas, ouviu dois discursos, percorreu parte
da usina, inaugurou o laminador de chapas grossas, o início do estágio três e almoçou no local. Sempre protegido por severo esquema de segurança,
teve contato apenas com alguns políticos e empresários de cúpula, proceder que foi seguido por seus ministros Ângelo Calmon de Sá e Gustavo Moraes
Rego, chefe da Casa Militar. Em termos sociais, a construção do estágio três da Cosipa representa oportunidade de emprego para até 13 mil pessoas,
enquanto a indústria nacional calcula participar com 75% de investimentos equivalentes a Cr$ 27 bilhões. O vento e a chuva não chegaram a
comprometer a solenidade.
O barulho e a animação em torno da visita do presidente Geisel repetiram-se em Santos,
logo após ele ter deixado a Cosipa, em Cubatão, e descer do barco, que o conduziu pelo estuário, na Ponta dos Práticos. Teve início, então, a
segunda festa dessa visita de Geisel à Baixada. Eram precisamente 14,55 horas, quando o presidente da República chegou ao José Menino para inaugurar
o emissário submarino de esgotos da Sabesp. Desceu de um Galaxie preto, fazendo-se acompanhar do governador Paulo Egídio Martins, e dirigiu-se
rapidamente ao local da solenidade.
Ali, Geisel presidiu também a cerimônia da assinatura de contratos de obras para
instalação de redes de água e de esgotos da Grande São Paulo, Litoral e Interior. Como se esperava, houve assédio de políticos durante as duas
festas, destacando-se, nesse particular, o cerco que Paulo Salim Maluf promoveu ao presidente da República. Em Cubatão, o candidato putativo ao
governo do Estado de São Paulo foi recompensado por sua persistência: o general Geisel apertou-lhe a mão e fitou-o, sorridente. |