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O maior deslizamento de encosta de morro ocorreu em março de 1928

Escorregamentos nas encostas dos morros da cidade são relatados ao longo do tempo, em geral associados a períodos de chuvas intensas. Um dos primeiros relatos, curiosamente, relaciona um escorregamento de grandes proporções à devoção, antiqüíssima, da população à Nossa Senhora do Monte Serrat - atribui-se a um milagre o desmoronamento do Monte Serrat em fevereiro de 1615, que acabou por soterrar parte das tropas do pirata holandês Joris Van Spilbergen, numa perseguição aos moradores da Vila de Santos que refugiaram-se no alto da elevação.

A narrativa do episódio deve-se ao escrivão da então capitania, João Cornelissem de Mayz, que a relatou em latim, em 1617, e que recebeu edições holandesas, francesas, inglesas e alemãs. Foi conhecido somente muito mais tarde, já que as atas seiscentistas das Câmaras Municipais de Santos e São Vicente foram destruídas em invasões posteriores e pelo descaso puro e simples.

Outros escorregamentos, menos dramáticos em seus efeitos, são relatados ao longo dos séculos seguintes, em várias ocasiões, mas a densidade de ocupação ainda era baixa, o que evitou tragédias de maiores proporções. O mais trágico dos escorregamentos ocorreu já neste século (N.E.: século XX), em 10 de março de 1928, no Monte Serrat, quando 80 pessoas morreram (veja no quadro os principais escorregamentos registrados posteriormente e nas fotos, os efeitos desse grande deslizamento).

Santos tem 17 morros designados em sua planta, embora, a rigor, existam nomes diferentes para áreas distintas na mesma elevação, em alguns casos. O conjunto geológico é ligado ao complexo da Serra do Mar e, portanto, tão antigo quanto ele, com sua formação datada de cerca de 120 milhões de anos, remontando ao início da ruptura continental que separou a América do Sul da África. É constituído por rochas cristalinas, do período pré-cambriano, datado além dos 570 milhões de anos.

Desde sua formação, o conjunto sofre contínua mudança, decorrente da reativação espasmódica das falhas geológicas (que vêm apresentando atividade menos acentuada ao longo do tempo) e da ação de processos erosivos ligados a marcantes variações climáticas de caráter global (geologicamente mais recentes). Esse processo de reesculpimento da Serra e dos morros santistas continua até os dias de hoje.

Os morros são constituídos basicamente por granito, que aflora, por exemplo, nos morros de Santa Terezinha e Marapé, por migmalitos (rochas metamórficas) que afloram na Nova Cintra, Bufo, Belmiro e na encosta Norte do Monte Serrat, e depósitos sedimentares recentes, como é o caso do topo da Nova Cintra.

Os escorregamentos em decorrência de chuvas devem-se, basicamente, ao encharcamento das camadas internas da cobertura das encostas, propiciadas pela degeneração da cobertura vegetal, na maioria dos casos. No alto dos morros estão os 8% de área não urbanizada da parte santista da Ilha de São Vicente e, em cerca de 70% das áreas ocupadas, existem hoje os serviços públicos mínimos.