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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - DESLIZamentos... (2)

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Terreno sedimentar, com fina capa de solo, quando enfrenta chuva forte e não tem mais cobertura vegetal que fixe o solo... o resultado é um deslizamento de terras, e quem estiver no caminho sofre as conseqüências. Nos morros santistas, ocorreram vários deslizamentos célebres, como o que soterrou um grupo de piratas holandeses (caso excepcionalmente atribuído a um milagre da santa padroeira da Cidade), ainda no século XVII. Outros casos destacados aconteceram em 1928, 1956 e na década de 1980, motivando enfim a realização de um amplo trabalho de contenção das encostas e monitoramento da situação geomórfica nos morros santistas.

O deslizamento de 1956 foi relembrado pelo jornal A Tribuna, em sua série Grandes Reportagens, em 26 de março de 1994, em caderno especial pelo aniversário desse jornal:

GRANDES REPORTAGENS

No Morro do Marapé, 22 mortes

Da Editoria Local

Em 1956, o Morro do Marapé foi palco de uma tragédia semelhante à do Monte Serrat, mas com menor número de vítimas. Como no acidente de 1928, o do Marapé ocorreu no mês de março, dia 1º, deixando 22 mortos. A causa, novamente, as chuvas.

A avalanche de pedras e terra soterrou cerca de 40 chalés no sopé do morro, no lado final da Rua João Caetano. Na Rua Godofredo Fraga, todo um quarteirão foi atingido. As chuvas começaram às 14h30 e se intensificaram após as 16 horas, por cerca de 8 horas.

Com a elevação da maré, houve inundações em toda a Cidade. Nas ruas, a altura das águas atingiu cerca de meio metro. No dia seguinte, A Tribuna informou que o tráfego ficou desarticulado, com os bondes desativados e os ônibus funcionando precariamente.

Jânio - O então governador do Estado, Jânio Quadros, veio para Santos. Ficou impressionado. Com o prefeito Antônio Feliciano, determinou providências de auxílio às vítimas e parentes.

O presidente da República, Juscelino Kubitschek, enviou telegrama a Jânio, dizendo-se profundamente consternado com o fato e declarando a solidariedade do Governo Federal ao povo santista.

Desolação e dor - "Pranto, desolação e dor assinalaram os momentos emocionantes do encontro e remoção de corpos inanimados", informava o jornal.

Em outro trecho, mostrava a solidariedade da população: "Ante o quadro confrangedor e doloroso, há, contudo, um grande elemento compensador de conforto e desopressão: a solidariedade humaníssima do povo de Santos, tão cristãmente manifestada desde os primeiros instantes do funesto acontecimento".

Toneladas de lama e pedra invadiram várias ruas do Marapé
Foto: Rafael Herrera, publicada com a matéria

Diário oficial do município de Santos, o D.O.Urgente lembrou, em 23/4/1991:

Maior desastre na área foi em 1956

O Morro de Santa Terezinha e o bairro do Marapé foram as regiões mais atingidas pelas chuvas de 1º de março de 1956. Próximo às ruas João Caetano e Godofredo Fraga houve deslizamentos de terra e pedras: 20 casas destruídas, no sopé do morro; 22 mortos.

A chuva, que começara por volta das 14h30, só parou às 22 h, inundando toda a cidade e causando deslizamentos em todos os morros santistas: chalés destruídos no Morro do Bufo (em cima do Túnel) e morte no Morro do Itararé, na divisa com São Vicente.

O jornal A Tribuna do dia seguinte, 2 de março, publicava, na primeira página, um painel fotográfico da "catástrofe": na r. XV de Novembro, praça dos Andradas e av. Marechal Deodoro, os carros ficaram bloqueados pelas águas; na av. Bernardino de Campos havia "um verdadeiro rio", a rua e o canal estavam cobertos pela água; nas ruas Antônio Prado e Visconde de São Leopoldo, trilhos de bonde e calçadas também ficaram submersos.

No dia 3, enquanto prosseguiam os trabalhos de desobstrução das áreas atingidas por deslizamentos, A Tribuna registrava as "cenas confrangedoras durante o encontro, remoção e sepultamento das vítimas". O comércio suspendera o funcionamento no meio da tarde.

O então governador do Estado de São Paulo, Jânio Quadros, e secretários de governo estiveram em Santos, "para conhecer a exata extensão do temporal". De volta à Capital, Jânio divulga, através da sua Casa Civil, um comunicado em que afirmava: "Todos os recursos do Estado estão sendo empregados, em cooperação com o prefeito daquela cidade e com o auxílio de elementos do Exército, Marinha, Aeronáutica e ainda com a colaboração do povo, para socorrer os feridos e minorar as conseqüências da tragédia".

A "tragédia" em Santos tornava-se, assim, conhecida em todo o País. Houve até telegrama de solidariedade do Governo de Portugal.

Deslizamentos em 1956 também prejudicaram os acessos ao Monte Serrate
Foto publicada em A Tribuna em 27/3/1956 e republicada em 3/6/1982
(cor adicionada por Novo Milênio)

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