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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (Y)
A cidade, corrigindo as distorções(?) - (1)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Em todos esses anos, como nas décadas anteriores e já no século XXI, a ocupação indiscriminada das encostas dos morros sempre gerou preocupação, devido à instabilidade do solo e à precariedade das construções, geralmente feitas por pessoas com poucos recursos financeiros - só no final do século XX a região começou a se valorizar, atraindo o interesse por construções de alto padrão. A Prefeitura, em sucessivos mandatos, vem desenvolvendo trabalhos de prevenção dos deslizamentos e de contenção das encostas, como registrou em 20 de outubro de 2004 o Diário Oficial de Santos:


Estudo vai abranger as áreas de risco dos 17 morros da Cidade
Foto: Marcelo Martins, publicada com a matéria

OBRAS
Morros: pesquisadores visitam 130 residências

No primeiro dia de atuação do grupo que está realizando o novo mapeamento das áreas de risco dos 17 morros de Santos foram distribuídos 130 questionários aos moradores dos morros da Caneleira e do Tetéu. Segundo os técnicos e pesquisadores, a população está colaborando, inclusive oferecendo subsídios para a definição exata das áreas de risco e até mesmo quais os problemas mais comuns existentes nos locais.

Para o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Nestor Kenji Yoshikawa, que está coordenando um grupo de 14 profissionais, a moradia nos morros é um problema complexo que não dá para ser resolvido sem um estudo mais detalhado dos locais de risco. "Em 1978 foi realizado um grande trabalho nos morros e criada a Carta Geotécnica, a primeira do Brasil, que apontou, por meio de um estudo completo, como deveria ser o uso e a ocupação dos morros", comentou, observando que o atual mapeamento vai cuidar basicamente das áreas de risco apontadas pela Prefeitura em recentes levantamentos.

O estudo será realizado nos 17 morros e as informações coletadas serão cadastradas em um banco de dados da Prefeitura. A vistoria é importante pelo fato de estar sendo utilizada uma nova metodologia para unificar, em todo o território nacional, as medidas que devem ser adotadas em situações de risco.

Em 10 de novembro de 2004 o jornal santista A Tribuna registrou:


Equipes de vários órgãos tiveram aula prática de prevenção contra deslizamentos de encostas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

MORRO
Caneleira tem 219 famílias em área de risco

O Morro da Caneleira abriga 219 famílias em áreas de risco, que necessitam de monitoramento constante. O dado consta em um levantamento preliminar que está sendo elaborado nos 17 morros santistas pela Defesa Civil, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

De acordo com a geóloga Maria Rita Barros Leite de Morais, da Defesa Civil de Santos, o mapeamento dos morros deve estar concluído até dezembro, período em que é registrado o aumento das chuvas.

Durante o levantamento, os moradores respondem um questionário elaborado pela Defesa Civil. Em paralelo, os técnicos do IPT analisam as condições do solo da área visitada.

A maior parte das famílias que habitam barracos em áreas de riscos são de baixa renda. Raimunda Felipe Gertrudes, de 20 anos, mora em uma casa de madeira com o marido e dois filhos. "Quando chove, a água chega a entrar dentro de casa. Ficamos sem saber a quem recorrer".

Ela considerou válidas as ações de caráter preventivo desenvolvidas pela Defesa Civil. "É importante saber quando e a quem devemos recorrer em casos de emergência. Geralmente as pessoas ficam perdidas e desorientadas neste tipo de situação".

Entretanto, os próprios moradores acabam contribuindo para a precariedade do solo, depositando lixo em locais inadequados ou construindo barracos em pontos sem condições de abrigar a estrutura da edificação.

Orientação

"É importante saber quando e a quem devemos recorrer em casos de emergência".

Raimunda Felipe Gertrudes
Dona-de-casa

Equipes recebem aulas de prevenção

Equipes da Prefeitura, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros tiveram ontem, no Morro da Caneleira, uma aula prática de prevenção contra deslizamentos, ministrada por técnicos da Defesa Civil Estadual, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Geológico (IG).

A iniciativa faz parte do Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC), que visa prevenir com ações de vistorias permanentes. A partir do dia 1º de dezembro, o órgão acionará o estado de observação nos morros, tomando como base o conseqüente aumento do índice pluviométrico.

Durante o PPDC, integrantes da Defesa Civil, PM e do Corpo de Bombeiros tiveram aulas teóricas no auditório da Prodesan e aprenderam na prática como constatar os problemas mais comuns, que indicam a necessidade de um tipo de intervenção específica.

O geólogo Jair Santoro apontou os problemas mais freqüentes, como sinais de escorregamento do solo. "Este ponto, por exemplo, possui sinais de risco iminente em caso de chuva forte".

Um destes sinais são as chamadas cicatrizes de escorregamento, provocadas pelas chuvas. Trata-se de corredores de terra visíveis nas encostas, que indicam a precariedade do solo.

 

Condição do solo na base da casa é analisada pelos técnicos

 

A primeira providência a ser tomada na vistoria é avaliar a distância do ponto de escorregamento das casas construídas. Depois, os técnicos analisam as condições do solo localizado na base da casa.

Outro ponto abordado na aula prática foi a análise de condições das rochas, que têm um tipo de avaliação diferente. "No caso da rocha, é importante verificar as condições de sua estrutura. Nos escorregamentos, é necessário ter uma visão mais global da área atingida".

A proposta do curso consiste em dotar o pessoal de Defesa Civil de um conhecimento básico para enfrentar o período das chuvas. "O que se deseja é preparar bem o efetivo que irá atuar diretamente nestes locais, para que eles saibam o que fazer em casos de emergência ou de sinal de perigo", explicou Santoro.

Durante as visitas, os técnicos procuram orientar os moradores sobre os sinais mais comuns, como água barrenta em dias de chuva forte. "Rachaduras em muros e paredes também são sinais que podem indicar problemas estruturais nas edificações".

A coordenadoria regional de Defesa Civil do Litoral/Baixada Santista, Regina Elsa Araújo, informou que o PPDC se tornou uma referência nacional, em função de monitorar as encostas e realizar o acompanhamento diário do índice pluviométrico.


Morro do Pacheco, em 2005
Foto: Ricardo Nogueira, publicada no jornal santista A Tribuna em 3 de março de 2005

 

Ouça:

Jingle produzido pela Prefeitura em 2003 para divulgar sua atuação nos morros, dentro da campanha "Santos de bem com a vida" (arquivo de som estereofônico no formato Wave MP3, de 952 KB, duração de 59 segundos).

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