Equipes de vários órgãos tiveram aula prática de prevenção contra deslizamentos de
encostas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
MORRO
Caneleira tem 219 famílias em área de risco
O Morro da Caneleira abriga
219 famílias em áreas de risco, que necessitam de monitoramento constante. O dado consta em um levantamento preliminar que está sendo elaborado nos
17 morros santistas pela Defesa Civil, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
De acordo com a geóloga Maria Rita Barros Leite de Morais, da Defesa Civil de Santos,
o mapeamento dos morros deve estar concluído até dezembro, período em que é registrado o aumento das chuvas.
Durante o levantamento, os moradores respondem um questionário elaborado pela Defesa
Civil. Em paralelo, os técnicos do IPT analisam as condições do solo da área visitada.
A maior parte das famílias que habitam barracos em áreas de riscos são de baixa renda.
Raimunda Felipe Gertrudes, de 20 anos, mora em uma casa de madeira com o marido e dois filhos. "Quando chove, a água chega a entrar dentro de casa.
Ficamos sem saber a quem recorrer".
Ela considerou válidas as ações de caráter preventivo desenvolvidas pela Defesa Civil.
"É importante saber quando e a quem devemos recorrer em casos de emergência. Geralmente as pessoas ficam perdidas e desorientadas neste tipo de
situação".
Entretanto, os próprios moradores acabam contribuindo para a precariedade do solo,
depositando lixo em locais inadequados ou construindo barracos em pontos sem condições de abrigar a estrutura da edificação.
Orientação |
"É importante saber quando e a quem devemos recorrer em casos de emergência".
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Raimunda Felipe Gertrudes
Dona-de-casa
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Equipes recebem aulas de prevenção
Equipes da Prefeitura, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros tiveram ontem, no Morro da
Caneleira, uma aula prática de prevenção contra deslizamentos, ministrada por técnicos da Defesa Civil Estadual, do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) e do Instituto Geológico (IG).
A iniciativa faz parte do Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC), que visa prevenir
com ações de vistorias permanentes. A partir do dia 1º de dezembro, o órgão acionará o estado de observação nos morros, tomando como base o
conseqüente aumento do índice pluviométrico.
Durante o PPDC, integrantes da Defesa Civil, PM e do Corpo de Bombeiros tiveram aulas
teóricas no auditório da Prodesan e aprenderam na prática como constatar os problemas mais comuns, que indicam a necessidade de um tipo de
intervenção específica.
O geólogo Jair Santoro apontou os problemas mais freqüentes, como sinais de
escorregamento do solo. "Este ponto, por exemplo, possui sinais de risco iminente em caso de chuva forte".
Um destes sinais são as chamadas cicatrizes de escorregamento, provocadas pelas
chuvas. Trata-se de corredores de terra visíveis nas encostas, que indicam a precariedade do solo.
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Condição do solo na base da casa é analisada pelos técnicos
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A primeira providência a ser tomada na vistoria é avaliar a distância do ponto de
escorregamento das casas construídas. Depois, os técnicos analisam as condições do solo localizado na base da casa.
Outro ponto abordado na aula prática foi a análise de condições das rochas, que têm um
tipo de avaliação diferente. "No caso da rocha, é importante verificar as condições de sua estrutura. Nos escorregamentos, é necessário ter uma
visão mais global da área atingida".
A proposta do curso consiste em dotar o pessoal de Defesa Civil de um conhecimento
básico para enfrentar o período das chuvas. "O que se deseja é preparar bem o efetivo que irá atuar diretamente nestes locais, para que eles saibam
o que fazer em casos de emergência ou de sinal de perigo", explicou Santoro.
Durante as visitas, os técnicos procuram orientar os moradores sobre os sinais mais
comuns, como água barrenta em dias de chuva forte. "Rachaduras em muros e paredes também são sinais que podem indicar problemas estruturais nas
edificações".
A coordenadoria regional de Defesa Civil do Litoral/Baixada Santista, Regina Elsa
Araújo, informou que o PPDC se tornou uma referência nacional, em função de monitorar as encostas e realizar o acompanhamento diário do índice
pluviométrico.
Morro do Pacheco, em 2005
Foto: Ricardo Nogueira, publicada no jornal santista A Tribuna em 3 de março de
2005
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