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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (U)
Sem memória (11-a)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

A transformação contínua das cidades nem sempre é devidamente documentada. Em conseqüência, perdem-se valiosas referências para os pesquisadores não apenas da evolução arquitetônica, como também das mudanças comportamentais, históricas, geográficas etc. Apenas nos primeiros anos do século XXI os remanescentes do patrimônio arquitetônico santista começaram a ser tratados como relíquias e valorizados como referência de suas épocas, como registra o texto publicado em 22 de janeiro de 2005 no jornal santista A Tribuna:


FECHADO há 7 anos, o Hotel Japonês, em Santos, pode ser vendido
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria

HOTEL JAPONÊS
Definição à vista

Antigo prédio tem chance de ser revitalizado a partir de proposta de compra por parte da iniciativa privada, a ser apresentada na terça-feira

Luiz Gomes Otero
Da Reportagem

Fechado há quase sete anos, o antigo Hotel Japonês, situado na Rua Braz Cubas, 239, no Centro, pode ter o seu futuro definido na próxima semana. Uma proposta de compra do imóvel srá apresentada aos proprietários na terça-feira. O prédio se encontra em condições precárias de conservação, que podem ser notadas já nas janelas. As paredes dos lados interno e externo do imóvel apresentam sinais claros de infiltrações em vários pontos. O prédio foi construído na década de 20 por José da Silva Novita.

O edifício, que tem 76 quartos, foi um dos primeiros da cidade a contar com elevadores, que hoje não existem mais.

Segundo uma herdeira contatada por A Tribuna e que prefere não se identificar, há um consenso entre os proprietários quanto à venda do prédio. "Não temos recurso e nem disposição para reformá-lo. Chegamos a fazer uma pequena intervenção nos dois primeiros andares. Mas a maior parte do edifício precisa ser recuperada".

A proposta pelo prédio será feita por representantes da iniciativa privada. "Acho que na próxima semana devemos ter uma definição".

A maioria dos comerciantes e moradores próximos defende a recuperação ou o efetivo aproveitamento do prédio, que poderia ser transformado até em uma atração para quem visita o Centro.

Funcionário de uma oficina situada ao lado do hotel, Antônio Gonçalves lembra os tempos em que o local era ocupado por diversas famílias. "Havia sempre muita confusão e brigas. E o lixo acumulado prejudicava não só os próprios moradores como também quem estava próximo".

Ele disse que a situação ficou mais tranqüila a partir da retirada das famílias. Mas defende a recuperação do prédio, como forma de revitalizar a área. "Trata-se de um prédio muito bonito, mas está bastante deteriorado. Será necessária uma grande reforma para deixá-lo em condições de uso comercial".

José Luís Sossai, que trabalha na mesma oficina, também é favorável à recuperação do prédio. "Eu não acompanhei a fase em que ele era habitado. Mas espero que possa ser usado para fins comerciais. É o que todo comerciante daqui deseja".

Denílson Gonçalves Ribeiro, que trabalha em um lava-rápido de veículos instalado ao lado do hotel, também não chegou a ver o prédio habitado. Entretanto, não deixa de ficar impressionado com o seu estado precário de conservação. "É uma pena, pois dá para perceber pelas janelas que é um edifício antigo e muito bonito".

Avaliação

"Será necessária uma grande reforma
para deixá-lo em condições de uso comercial"

Antônio Gonçalves
Funcionário de oficina

Quer voltar - Maria das Neves morou durante quatro anos em um dos apartamentos do Hotel Japonês. Ela ainda tem esperanças de retornar ao local. "A estrutura que eu tinha lá era maior do que a que eu tenho hoje. Se o proprietário voltar a alugar, pretendo voltar para lá".


Herdeira diz que a família não tem recursos para recuperar o hotel,
que tem 76 quartos e foi construído na década de 20
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria

Prédio não está na área de proteção cultural

O prédio do antigo Hotel Japonês não se encontra na chamada área de proteção cultural do Centro estabelecida pela Prefeitura. E também não está sendo avaliado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Santista (Condepasa), com o objetivo de iniciar um processo de tombamento.

A informação foi dada pelo historiador do órgão, Arnaldo Ferreira Marques. Segundo ele, o prédio tem características da chamada arquitetura eclética dos anos 20. "Esse tipo de arquitetura predominou sobretudo durante a fase áurea do café no País. São dessa mesma época o Teatro Coliseu, o antigo Hotel Parque Balneário, que foi demolido, e outras construções situadas na Rua XV de Novembro".

Ainda de acordo com Marques, não está descartada a hipótese de o prédio vir a ser tombado no futuro. "Todas as edificações dessa época podem vir a ser analisadas. Mas até o momento não surgiu nenhuma solicitação no órgão".


As paredes, tanto externas quanto internas, 
apresentam claros sinais de infiltrações em vários pontos
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria

Em 1998, 76 famílias tiveram de deixar o imóvel por ordem judicial

Em fevereiro de 1998, 76 famílias que residiam no Hotel Japonês foram despejadas por ordem da Justiça, por causa de problemas relacionados com a locação do imóvel. Uma realidade bem diferente da imaginada pelo empresário José da Silva Novita, responsável pelo empreendimento no início do século.

O imóvel passou a ser conhecido como Hotel Japonês pelo fato de abrigar, no início de suas atividades, diversos imigrantes japoneses. Na entrada havia uma fonte com motivos ligados à cultura japonesa. O prédio também foi um dos primeiros a possuir elevadores na Cidade.

Na década de 90, uma proprietária do imóvel entrou com ação de reintegração de posse contra uma outra pessoa que sublocava os cômodos de forma precária. Os inquilinos, que conviviam com o acúmulo de lixo, ratos e ligações clandestinas de água e luz, acabaram sendo despejados.

Os próprios moradores provocavam a maior parte dos problemas, atirando detritos e todo tipo de objetos pelas janelas. O prédio ainda concentrava muitos viciados que costumavam se refugiar no seu interior.

Alguns inquilinos chegaram a colocar arame farpado na escada de acesso para impedir a entrada de marginais.

Ainda em 1997, funcionários da Prodesan retiraram 48 toneladas de lixo do local, serviço que exigiu o emprego de oito caminhões.

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