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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (U)
Sem memória (10-A)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

A transformação contínua das cidades nem sempre é devidamente documentada. Em conseqüência, perdem-se valiosas referências para os pesquisadores não apenas da evolução arquitetônica, como também das mudanças comportamentais, históricas, geográficas etc. Apenas nos primeiros anos do século XXI os remanescentes do patrimônio arquitetônico santista começaram a ser tratados como relíquias e valorizados como referência de suas épocas, como se observa nesta matéria do jornal santista A Tribuna em 1º de dezembro de 2004, uma quarta-feira:


Importância do prédio como patrimônio arquitetônico
e o bom estado de conservação são os motivos
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

UNISANTOS
Condepasa quer tombamento do casarão da mantenedora

Imóvel está situado na Rua Euclides da Cunha, na Pompéia, e pertence à Cúria

Da Reportagem

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) protocolou quinta-feira passada um pedido de tombamento do casarão que atualmente abriga a mantenedora da Universidade Católica de Santos (UniSantos), a Sociedade Visconde de São Leopoldo, à Rua Euclides da Cunha, 241, na Pompéia. O documento foi entregue pelo professor de História e pesquisador Carlos Laércio de Góes. O imóvel pertence à Cúria Diocesana, que preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

Amanhã, o Condepasa poderá analisar a proposta e abrir o processo de tombamento do prédio, durante a reunião quinzenal com os conselheiros do órgão. Segundo o presidente do Conselho, Bechara Abdalla Pestana Neves, "muito provavelmente o processo será aberto".

Conforme o professor Góes, a iniciativa foi tomada tendo em vista a importância do prédio como patrimônio arquitetônico da Cidade e o bom estado de conservação do imóvel.

O pedido de tombamento também é justificado pelo "valor do ponto de vista histórico, de sua identidade sociocultural, de sua significação para a memória e o desenvolvimento do conhecimento e para a preservação da qualidade de vida das gerações futuras".

"Trata-se de um palacete com arquitetura eclética, sendo o único prédio deste porte no Bairro da Pompéia, em Santos", argumenta Góes.

Processo - De acordo com o presidente do Condepasa, o pedido de tombamento do casarão será apresentado amanhã aos 14 conselheiros do órgão, que irão decidir sobre a abertura do processo.

"Posso adiantar que, muito provavelmente, o processo será aberto", afirmou Neves, explicando que após esse início, automaticamente, o imóvel fica protegido de qualquer tipo de intervenção.

Uma vez iniciado o processo, conforme Neves, entre seis meses e um ano o casarão poderá ser tombado. Atualmente, o Condepasa está com 17 pedidos de tombamento e quatro imóveis poderão ser declarados como integrantes do patrimônio cultural de Santos até o final deste ano.

Cúria - Atualmente, o casarão vem passando por um processo de restauro, de acordo com o vigário-geral da Diocese da Pompéia, padre Antônio Baldan Casal. "Estamos tentando chegar à cor original externa do imóvel".

A parte elétrica e a de alvenaria (janelas) do palacete também foram trocadas. "Queremos reinaugurar a parte externa do casarão até o Natal", contou padre Baldan, acrescentado que a idéia é inaugurar o jardim e a iluminação natalina antes do dia 20.

Sobre o pedido de tombamento, o bispo dom Jacyr Francisco Braido, da Cúria Diocesana, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá se pronunciar a respeito do assunto somente depois que tiver conhecimento de todo o processo.


Fachada está passando por processo de restauro, que deve ser concluído durante este mês
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Construção data de 1927 e já foi alvo de uma permuta

A arquitetura eclética do casarão localizado na Pompéia, e que chegou a abrigar a reitoria da Universidade Católica de Santos (UniSantos), pode ser constatada por quem o visita. O palacete apresenta traços da arte clássica e barroca nos afrescos e detalhes das colunas e pinturas internas.

Construído em 1927 por Francisco Loureiro, o imóvel possui dois andares, com escadarias de mármore rosa importado da Itália, colunas romanas e azulejos alemães. "O casarão possui jardim, vitrais, madeira de lei", conta o professor de História e pesquisador Waldir Rueda.

Conforme o pesquisador, o imóvel foi trocado pela viúva de Francisco Loureiro, Genésia de Souza Loureiro, com a Cúria Diocesana, por uma casa localizada na Avenida Ana Costa, em 31 de dezembro de 1947.

Símbolo do auge do período cafeeiro, o casarão ainda abriga uma capela. Em 25 de julho de 1928, um documento assinado pelo papa Pio XI autorizou a celebração de missas no local.

"A primeira missa foi celebrada por dom José Maria Parreira Lara (o primeiro bispo de Santos)", lembra o professor de História.

Caso o imóvel seja tombado, praticamente todo o bairro da Pompéia ficará livre de demolições. Rueda explica que todos os imóveis localizados dentro de um raio de 300 metros do prédio considerado patrimônio cultural ficam protegidos de intervenções. "Não há porque não tombar o casarão. Ou se aprova pelo Condepasa, ou judicialmente".

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Planta arquitetônica do casarão da Rua Euclides da Cunha, 247, no bairro santista da Pompéia
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Imagem cedida a Novo Milênio pelo historiador Waldir Rueda Martins

O mesmo jornal A Tribuna voltou ao tema na edição de 10 de dezembro de 2004:


PRESERVAÇÃO - O Condepasa pediu análise de tombamento do casarão da Faculdade de Filosofia da UniSantos, na Rua Euclides da Cunha. Já o imóvel que abriga a mantenedora teve seu processo aberto pelo órgão
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria

UNISANTOS
Casarão tem processo de tombamento

Da Reportagem

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) decidiu ontem pela abertura do processo de tombamento do casarão no número 241 da Rua Euclides da Cunha, onde hoje funciona a sede da mantenedora da UniSantos. Na mesma reunião, foi apresentado pedido de análise de tombamento para o casarão da Faculdade de Filosofia, também na Euclides da Cunha, no número 247.

Os dois imóveis foram construídos na mesma época, o da mantenedora em 1927 e o da faculdade no início da década de 30.

O responsável pelas construções foi Francisco Loureiro. Segundo a historiadora Maria Apparecida Franco Pereira, da UniSantos, acredita-se que ele foi dono de toda a área compreendida entre o Morro Santa Terezinha e o Canal 2.

O casarão ocupado pela Faculdade de Filosofia desde 14 de maio de 1958 foi construído, segundo Maria Apparecida, para ser a moradia da filha de Loureiro, que ganhou o imóvel como presente de casamento.

"Ela casou com um comissário de café", explica a historiadora, salientando que Loureiro possivelmente foi o responsável pelo loteamento do José Menino e da Pompéia. "Foi ele quem doou o terreno para a construção da Igreja da Pompéia (Nossa Senhora do Rosário da Pompéia)".

Os dois casarões têm estilos semelhantes, representando o auge da economia cafeeira na região. Ambos mesclam características neoclássicas e barrocas, em um estilo eclético. Uma diferença, segundo Maria Apparecida, é que o imóvel da mantenedora mantém preservados mais aspectos originais, além de ter uma clarabóia, ausente na outra construção.

"O casarão da Filosofia sofreu mais modificações, principalmente no piso superior, onde havia um banheiro em estilo europeu", explica, ressaltando que o local possui pinturas nas paredes do primeiro andar.

 

Os dois casarões da universidade têm estilos semelhantes

 

Tombamento - De acordo com o presidente do Condepasa, Bechara Abdala Pestana Neves, o processo de tombamento do casarão da mantenedora foi aprovado por unanimidade pelos 12 membros do conselho presentes à reunião.

A partir de agora, qualquer alteração no imóvel deverá ter a autorização prévia do Condepasa. Um órgão interno do conselho vai fazer um levantamento minucioso das características e estado de conservação do imóvel, antes da decisão sobre o possível tombamento.

"Esta avaliação não tem um prazo definido, mas nosso interesse é concluir o processo o mais breve possível, ainda no primeiro semestre de 2005", diz Abdala.

A declaração sobre a abertura do processo de tombamento do imóvel da Faculdade de Filosofia será tomada na próxima reunião do Condepasa, a ser realizada possivelmente na primeira semana de 2005.


Erguido em 1927, prédio que abriga a mantenedora da UniSantos pode ser tombado
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria

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