HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
QUILOMBOS (10)
Homenagens a Pai Felipe e Quintino de Lacerda
Homenagens ajudam a divulgar os locais e personagens da Abolição
Em 2003 e 2004, a Municipalidade se preocupou em resgatar a
lembrança de quilombos santistas e de figuras históricas da Abolição da Escravatura, até então pouco estudadas e conhecidas na própria cidade de Santos.
As matérias desta página, publicadas em diferentes datas no Diário Oficial de Santos, registram esse trabalho. A primeira é de 20 de novembro de
2003 (a citada sede da Companhia de Engenharia de Tráfego - CET - é a antiga garagem de bondes da City/SMTC/CSTC):
Placa vai identificar o Quilombo do Pai Felipe, num recanto da sede da CET
Foto publicada com a matéria
Pai Felipe, o Rei Batuqueiro
Como parte da programação cultural comemorativa à Semana
Municipal da Consciência Negra, será inaugurada hoje, às 12 horas, num recanto da sede da CET (Av. Rangel Pestana, 100), uma placa de identificação
no local onde terá existido o Quilombo do Pai Felipe. Uma palmeira imperial também será plantada no ponto onde terão ocorrido manifestações
culturais e abolicionistas no século XIX.
O historiador do folclore e Carnaval santista, J. Muniz Jr. conta que o Quilombo do
Pai Felipe "existiu há mais de cem anos, na encosta do Monte Serrat, encoberto por imenso bambuzal, bem perto da Fonte da Vila Mathias" e era o
local onde o público assistia ao samba, batucado pelos africanos chefiados por Pai Felipe. Por isso, até hoje ele é conhecido como o Rei Batuqueiro.
Supõe-se que ele tenha sido um escravo fugitivo, procurado através de anúncios de
jornais da época. Outra versão diz que Pai Felipe era filho de um rei africano e, por conta disso, muito respeitado entre os negros das diversas
nações existentes no quilombo. |
No dia 21 de novembro de 2003, outra matéria no mesmo jornal oficial santista:
CONSCIÊNCIA NEGRA:
REI BATUQUEIRO - Festa e religiosidade se misturaram ontem na sede da
CET-Santos com a inauguração de placa destacando que no local existiu o Quilombo do Pai Felipe,
conhecido como o Rei Batuqueiro; durante a solenidade também foi plantada uma
palmeira, símbolo da luta da raça negra
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria. Legenda original
Pai Felipe é imortalizado em área da CET
Um clima de festa e religiosidade marcou, na tarde de
ontem, na sede da CET-Santos, uma das atividades que estão sendo realizadas na Cidade em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Junto à
encosta do Monte Serrat, na parte interna da CET, foi afixada uma placa de identificação no local onde terá existido o Quilombo do Pai Felipe,
conhecido como o Rei Batuqueiro. Ao som dos atabaques em ritmos africanos, uma palmeira foi plantada no mesmo lugar, como símbolo da luta da raça
negra. "Este é um ponto histórico de importância vital para a comunidade negra e a Cidade. Agradeço à Prefeitura e à CET por este espaço cultural,
que servirá de suporte a novas pesquisas", disse José Ricardo dos Santos, presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra.
A cerimônia teve a participação de representantes da Prefeitura e dos vários segmentos
da comunidade negra. A revitalização da área onde aconteceu a festividade e que permanecerá como atração aos visitantes, foi feita por uma equipe de
funcionários da CET.
Homenagem ocorreu, ontem, junto à encosta do
Monte Serrat
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria. Legenda original
Zumbi é reverenciado em solenidade na Praça Palmares
Símbolo maior de luta pela igualdade e de resistência
diante da escravidão de negros e índios, Zumbi dos Palmares foi mais uma vez reverenciado no Dia Nacional da Consciência Negra. Ontem, dia 20 de
novembro, quando se comemora 308 anos da morte do maior líder negro na história do Brasil, o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra de Santos prestou uma homenagem para ressaltar e preservar os ideais de Zumbi dos Palmares.
"Há quinze anos a Comunidade Negra de Santos adotou o dia 20 de novembro como o Dia de
Luta dos Negros pois, o 13 de maio não passou de um ato político",
explicou José Ricardo dos Santos, presidente do Conselho Municipal. Durante a solenidade,
realizada junto ao busto de Zumbi existente na Praça Palmares, no Macuco, foram realizadas apresentações culturais com alunos do Projeto Educacional
Proeco, com demonstrações de dança afro, maculelê e capoeira. A cerimônia contou também com a participação de alunos da Emef. Cidade de Santos, que
declamaram uma poesia em homenagem a Zumbi dos Palmares, de autoria da jovem Bianca Marques Ferreira.
Simbolismo - O ponto alto da solenidade foi o plantio de uma gameleira, espécie
de planta trazida da África pelos escravos e que possui um grande simbolismo espiritual.
Apresentações culturais marcaram a cerimônia
junto ao busto de Zumbi
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria. Legenda original
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No dia 13 de maio de 2004, o Diário Oficial de Santos registrou outra homenagem,
desta vez a Quintino de Lacerda:
QUINTINO DE LACERDA
Busto homenageia a luta abolicionista
A história de Quintino de Lacerda se entrelaça com a do Quilombo do Jabaquara,
com a da cidade de Santos e, principalmente, com o ideal abolicionista. Por este motivo, a Prefeitura faz uma homenagem ao líder negro, no Dia
Municipal Quintino de Lacerda, comemorado hoje, com a entrega do busto confeccionado em reconhecimento à sua luta. A cerimônia será realizada às 11
horas, no trecho próximo à Santa Casa de Misericórdia de Santos, no cruzamento entre a Av. Dr. Cláudio Luiz da Costa e Av. Luiz La Scala Júnior.
Providenciada pela Prefeitura, através da Secretaria de Cultura (Secult), a obra,
elaborada pelo escultor Luiz Garcia, é uma reivindicação da sociedade apresentada pelo Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra de Santos.
Embora tenha nascido em Sergipe, Quintino de Lacerda viveu em Santos, foi escravo de
Antônio de Lacerda Franco, que lhe concedeu a alforria em demonstração da amizade que existia entre ambos. Na Cidade, o líder abolicionista abrigou
cerca de 200 escravos que fugiam pelas matas à procura de liberdade. Esses homens, em busca do futuro, fizeram nascer o Quilombo do Jabaquara, em
1882. Em 1895, Quintino se elegeu vereador com o terceiro maior número de votos. É, também, considerado o primeiro vereador negro da história de
Santos. Quintino de Lacerda morreu em 1898, de ataque cardíaco.
Homenagem vai acontecer às 11 horas, próximo à Santa Casa
Foto: Antonio Vargas, publicada com a matéria. Legenda original
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No dia seguinte, 14 de maio de 2004, era publicado no Diário Oficial de Santos:
COMUNIDADE NEGRA
Inaugurado busto de Quintino de Lacerda
"Hoje é um dia muito importante para toda a comunidade negra e de
afro-descendentes, pois estamos concretizando um antigo sonho: a inauguração do busto em homenagem ao major Quintino de Lacerda, um dos mais
importantes defensores do ideal abolicionista". A afirmação foi feita por José Ricardo dos Santos, presidente do Conselho Municipal de Participação
e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Santos, ontem pela manhã, durante ato realizado na futura praça que homenageará um dos mais importantes
líderes abolicionistas da Cidade.
A área onde está instalado o busto de Quintino de Lacerda, confeccionado pelo escultor
Luiz Garcia, na confluência das avenidas Dr. Cláudio Luiz da Costa e Luiz La Scala Júnior, será totalmente reurbanizada pela Prefeitura, através da
Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp). Dentro de 30 dias a Prefeitura estará entregando as obras que contemplarão uma nova área de lazer
para a população santista. Em paralelo, o chefe do Executivo enviará um projeto de lei à Câmara Municipal instituindo a Praça Major Quintino de
Lacerda.
Homenagem - A solenidade, que contou com a presença de representantes da
Prefeitura, autoridades civis e militares, foi abrilhantada com a participação da Banda Marcial da Polícia Militar, do Centro de Capoeiragem Nação
Zumbi, e do grupo de capoeira do Educandário Anália Franco, além de alunos da Emef. Emília Maria Reis, que recitaram textos em alusão ao
homenageado. A inauguração integrou as comemorações do Dia Municipal Quintino de Lacerda.
Quintino de Lacerda, um dos mais importantes defensores do ideal abolicionista
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria. Legenda original
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