Segundo os pesquisadores, a intensa atividade urbana favorece a ocorrência de raios na região
Foto: Carlos Nogueira, publicada em 24/1/2006 e republicada com a matéria
TEMPESTADES
Baixada é a 1ª em queda de raios
Pesquisa realizada pelo Inpe aponta que 75 pessoas atingidas por descargas
elétricas morreram no Brasil e 2008
Sandro Thadeu
Da Redação
As tempestades de verão
que têm caído na região nos últimos dias, acompanhadas de muitos relâmpagos, acenderam o sinal de alerta da sociedade em relação às descargas
elétricas que sempre são motivo de preocupação devido aos riscos que provocam. A Região Metropolitana da Baixada Santista é a localidade litorânea
do Brasil com maior incidência desse fenômeno natural (3,41 por quilômetro quadrado/ano).
No ano passado foram registradas mortes de dois homens atingidos por raios durante a
temporada de verão: uma em Bertioga e outra em Guarujá. No total, morreram 75 pessoas em todo o País em 2008, o maior índice da década. O
recorde anterior foi verificado em 2001 (73 óbitos).
Os números são fruto do levantamento inédito do Grupo de Eletricidade Atmosférica do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), coordenado pelo meteorologista Osmar Pinto Junior. Além de contabilizar os óbitos, foram
apontadas a época, o local, a circunstância, a idade e o sexo das vítimas.
De acordo com o levantamento, o maior número de mortes aconteceu em São Paulo (20). O
pesquisador afirma que a Baixada apresenta grande incidência de raios por quilômetro quadrado/ano. Três cidades aparecem entre as 100 primeiras do
ranking (N.E.: classificação, em inglês)
paulista: Bertioga (5,053) está em 41º lugar, seguida por Santos (4.671), em 61º, e
Cubatão (4.423) , em 77%).
"Em geral, há pouca incidência desse tipo de caso no Litoral. Em nossa pesquisa,
foram apenas 5%. A Baixada Santista é uma exceção, pois é onde caem mais raios. Esse fenômeno acontece devido à intensa atividade humana em Santos e
nas cidades vizinhas", diz o pesquisador.
Uma das características apontadas, segundo ele, é que a maior parte dos casos
registrados no Brasil estão ligados diretamente à emissão de poluição e às ilhas de calor, em virtude da forte atividade industrial, vias asfaltadas
e excesso de prédios e construções.
Conforme Pinto, a brisa do mar, que é úmida, entra em contato direto com o calor
produzido nos grandes centros urbanos e lança esse ar para cima, favorecendo a ocorrência de tempestades.
Relâmpago |
Relâmpago é uma corrente elétrica muito intensa
que ocorre na atmosfera com típica duração de meio segundo e trajetória com comprimento de 5 a 10 quilômetros. É uma conseqüência do rápido
movimento de elétrons de um lugar para o outro. Os elétrons movem-se de forma tão rápida que iluminam e aquecem o ar ao seu redor, o que resulta
no clarão e no som chamado de trovão. |
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Celular - Das 75 mortes registradas em 2008, 14 foram de pessoas que estavam
em atividades ligadas à agropecuária. Treze delas estavam próximas a um meio de transporte. "Você ficar dentro de um carro é seguro, mas o risco de
ser atingido por um raio em uma moto é muito grande", ressalta.
A morte de três pessoas atingidas por descargas elétricas enquanto falavam em
celulares cuja bateria estava sendo carregada na rede elétrica chama a atenção do meteorologista. "Foi a primeira vez que registramos esse tipo de
ocorrência. Não sabemos se foi apenas uma coincidência ou se esses casos refletem uma nova realidade".
Para evitar acidentes, o pesquisador recomenda que, ao ouvir os trovões, a pessoa
procure um abrigo fechado ou entre em um automóvel, pois é um sinal de que os raios estão caindo perto.
A pesquisa apontou ainda que 61% das mortes acontecem no período de verão. No ano
passado, 83% das vítimas estavam ao ar livre e 76% eram do sexo masculino. Quase dois terços das descargas elétricas desabaram sobre áreas rurais
(63%). No ano passado, caíram mais 60 milhões de raios, índice superior ao verificado em 2007.
A manutenção periódica da antena de pára-raios é fundamental para evitar a ocorrência de acidentes
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Pára-raios são obrigatórios em prédios
Edifícios com mais de três pavimentos, os depósitos inflamáveis e explosivos e as torres de
chaminés elevadas devem ter pára-raios projetados de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A exigência está
prevista no artigo 61 do Código Municipal de Edificações, Lei Complementar 84, de 14 de julho de 1993.
É necessário que os condôminos cobrem do síndico o laudo de segurança, expedido pela Prefeitura.
No caso de estabelecimentos comerciais, a responsabilidade é do proprietário.
A manutenção preventiva é importante para evitar tragédias e deve ser feita a cada seis meses. um
defeito no sistema pode acarretar danos irreparáveis ao patrimônio [e às]
pessoas.
Vale lembrar que os pára-raios não protegem os aparelhos eletrônicos. Portanto, é recomendável
desligá-los da tomada durante as fortes tempestades, evitando, assim, prejuízos com a queima dos equipamentos. |