HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
OS IMIGRANTES
As pequenas colônias (1)
Beth Capelache de Carvalho (texto). Ademir Henrique e Anésio Borges (fotos)
As pequenas colônias no perfil da cidade
Além das grandes colônias, Santos abriga outras, menores, que
também contribuem para a formação de sua personalidade. O maior porto da América do Sul acena, aos sonhos dos que querem emigrar de seus países, com
a possibilidade de emprego e aventura; para outros, técnicos importados para as indústrias de Cubatão, ABC e Grande São Paulo, é uma opção de
moradia, longe dos centros de poluição e da confusão da Capital.
O imigrante antigo, que se dedicava à lavoura e ao comércio, deu lugar a uma nova espécie de
imigrante, o técnico, o engenheiro da multinacional, o diretor do banco estrangeiro, o jovem administrador que começa a carreira numa filial da
empresa. São argentinos, uruguaios, belgas, chilenos, suecos, bolivianos, que chegam a Santos pelos mais diversos motivos, e aqui acabam se
estabelecendo, e ajudam a traçar o perfil da Cidade.
Nem sempre os consulados mantêm registros sobre o número de famílias residentes em Santos
originárias dos países que representam, porque nem sempre o imigrante mantém contato constante. Mas é possível calcular aproximadamente esse número.
Os bolivianos, cerca de 20, são profissionais liberais, na maioria médicos e engenheiros, e estudantes; os panamenhos, cerca de 20 famílias, são
funcionários da Cosipa.
Moram em Santos quase 15 famílias dinamarquesas; 35 a 40 holandesas; três ou quatro
imigrantes suecos; alguns belgas; 140 argentinos; e 26 noruegueses, sem contar outros estrangeiros cujos países não possuem representação em Santos,
sendo difícil calcular o seu número. A atividade desses imigrantes integra-os à Cidade, às vezes de maneira bem representativa, às vezes
anonimamente.
Marinheiros encontram um lar na Missão Norueguesa
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A Missão dos Marinheiros Noruegueses
Das 26 famílias norueguesas que moram em Santos, mais
da metade é formada por marinheiros que se casaram com brasileiras e fixaram residência aqui. E a Missão dos Marinheiros Noruegueses - a única casa na
América do Sul - transformou-se no ponto de reunião dos representantes dessa pequena colônia.
Associação de caráter religioso, a Missão dá assistência espiritual e moral aos marinheiros escandinavos quando
seus navios estão atracados no porto, através dos ensinamentos evangélicos da doutrina protestante. Fundada em
Londres, em 1868, a Missão Norueguesa tem sede em Bergen, Noruega, e serve a 40 cidades daquele país e a mais
30 países onde há grande movimento de navegação.
Em Santos, foi organizada em 1951, e em 1959 foi inaugurada a sede própria, na Rua Alexandre Martins. Lá, num
ambiente acolhedor, há sempre um grupo reunido no salão, conversando, jogando bilhar, lendo na biblioteca ou vendo televisão. Mas a Missão também
promove passeios pela Cidade, excursões para São Paulo, jogos de futebol entre os tripulantes dos navios aportados, ou leva os marinheiros para fazer
compras. E há também a possibilidade de aproveitar o sol, esquiando no barco ou tentando controlar a prancha de windsurf.
Além dos marinheiros, o pessoal da colônia também freqüenta a Missão, e o culto protestante, oficiado na pequena
capela, aos domingos à noite, em norueguês, é também assistido por suecos e dinamarqueses, que entendem a língua. Há comemorações das festas nacionais
da Noruega e um clube de mulheres, que fazem trabalhos de costura vendidos numa quermesse, no fim do ano.
Pelo Natal, é organizada uma festa com comidas e bebidas tipicamente norueguesas, e então todos se reúnem,
marinheiros e moradores. Todo o serviço da Missão, atualmente, está dividido entre o coordenador, Fred Lasen, e o pastor Ingvar Froyland, que chegou há
apenas um mês e ainda não fala o português com facilidade. Mesmo assim, a Missão oferece todo o conforto material e espiritual para o marinheiro que a
procura, como se fosse o seu lar no Brasil.
A capela da Missão é freqüentada pelos escandinavos
Veja a parte [2] desta matéria
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