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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROCISSÕES - 24
Nossa Senhora das Dores do Jabaquara

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Além das procissões principais, diversas paróquias promovem homenagens aos seus oragos nas datas correspondentes do calendário religioso. Estas imagens foram feitas em diversos anos e locais, sendo enviadas a Novo Milênio pelo professor e pesquisador de História Francisco Carballa, junto com este texto, em 10/6/2013:

 

Festa de Nossa Senhora das Dores do Jabaquara

Terceiro sábado de setembro

 

Francisco Carballa [*]

 

Oficialmente festejada no terceiro sábado de setembro, ocorre até os dias de hoje, com a diferença de que antes saía um andor de cada ponta do bairro, um do Contorno e outro das proximidades do posto da Telesp conhecido como Vasco da Gama. Havia uma inversão dos andores todos os anos, saindo Nossa Senhora Dolorosa de um lado e o Senhor Crucificado do outro.

 

Finalmente, passou a ser levada a Virgem Maria até o Senhor, ocorrendo o encontro e depois seguindo a procissão até a igreja, invertendo o local de saída todos os anos, com a escolha da casa de um paroquiano ou alguém que ofereça tal honra.

 

Na porta da igreja, a procissão era outrora recebida pelo povo com uma chuva de pétalas de flores. Tentaram numa época fazer dois cortejos distintos, que se encontrariam na igreja, mas isso apenas dividiu a procissão, deixando um dos grupos sem a assistência do pároco e sem muita oração; assim decidiu-se apenas ir ao encontro do outro andor.

A procissão tem por objetivo recordar a ida da Mãe de Jesus até o Monte Calvário, onde permaneceu com seu Filho até os últimos instantes e depois até a sepultura, pois o título de Nossa Senhora das Dores se refere à profecia do profeta Simeão na porta da sinagoga, quando ele disse à Mãe que levava o menino para a circuncisão: "...E uma espada transpassará tua alma; a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações". (Evangelho de S. Lucas, capítulo 2, versículos 22/40). Essa é também a origem da espada cravada no peito ou no coração da representação de Nossa Senhora das Dores, o que intriga algumas pessoas menos relacionadas com o simbolismo antigo.

O hino da Virgem das Dores era cantado na procissão entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 80; igualmente era cantado na procissão dos Passos da matriz de São Vicente, na procissão do enterro da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção do Morro São Bento.

Personagem marcante da paróquia e da festa foi dona Maria Plaza – senhora antiga do bairro, esbelta, pele amorenada, de falar meio rouco, alegre e feliz, cabelos lisos e brancos, óculos austeros, participante, viveu sempre na Rua Eng. José Garcia da Silveira, onde nasceu, foi criada, casou e teve sua família. As procissões da Virgem das Dores e do Senhor Crucificado sempre tiveram um brilho espetacular com a sua participação, confeccionando bandeirinhas coloridas, cordões com papéis metálicos, pinturas de estrelas na rua e flores em forma de tapetes e fogos de artifício.

 

Sempre falou da escola e das freiras, contando como - lá pelos anos 1950 - faziam a coroação de Nossa Senhora no mês de maio, com o altar, a coroação, as crianças vestidas de anjos e o terço e as famílias reunidas. Uma grande surpresa que ela teve e sempre comentava com a paróquia, era que, estando encarregada de limpar as figuras do Calvário que ficam no presbitério, levou um susto ao descobrir que eram de gesso: pensava serem de metal.

 


Hino da Virgem das Dores


1

Virgem dolorosa que aflita chorais;
Repleta de angustias, bendita sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,
Ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

2

De Simeão as vozes, no templo escutais;
Cruéis profecias, bendita Sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,...

3

Manda o céu um anjo, dizer que fujais;
De Herodes tirano, bendita sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,...

4

Voltando do templo, Jesus não achais;
Que susto sofreste, bendita sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,...

5

Que dor indizível, quando o encontrais;
Com a cruz as costa, bendita sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,...

6

A dor ainda cresce, quando contemplais;
Jesus expirando, bendita sejais.

Bendita, sejais Senhora das Dores,...

7

No vosso regaço, seu corpo abrigais;
Com ele abraçada, bendita sejais.

8

Sem filho com São João, então suportais;
Cruel soledade, bendita sejais.

Bendita, sejais, Senhora das Dores,...

 

[*] Francisco Carballa é professor e pesquisador em Santos.

 


Festa de Nossa Senhora das Dores, promovida pela Paróquia Jesus Crucificado em 16 de setembro de 1995
Fotos: acervo de Francisco Carballa

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