Estandarte de Santo Inácio de Loyola, na procissão d e 8 de agosto de 1998
Foto: acervo de Francisco Carballa
Festa de Santo Inácio de Loyola
31 de julho
É Santo Inácio de Loyola
[01] o fundador de uma Ordem conhecida como Companhia de Jesus, que muito contribuiu para a evangelização dos nossos nativos,
sendo agora novidade a Igreja ter feito as pazes com essa Ordem [02].
Existe no bairro da Aparecida, no conjunto habitacional do BNH
[03], uma Comunidade Eclesial de Base [04] que foi dedicada ao patrocínio do fundador dos Jesuítas.
Essa comunidade surgiu 1996, por iniciativa de dona Marlene (não confirmado se de sobrenome Tavares) junto com o padre Eniroque Ballerini tendo o apoio do sacerdote que ali celebrava as missas, confissões, batizados e primeiras comunhões, o padre
jesuíta Ruy Melotti Alexandrino (falecido em 2012). Este sempre usou o espaço da Escola Andradas para a celebração de missas, e no domingo mais próximo do dia 31 de julho promovia a procissão.
Próximo ao dia da festa do orago, por não terem imagem para colocar no andor, decidiram os amigos José Marques de O. Neto [05] e Fabrício Forganes fabricar uma imagem de roca [06].
Luiz Forganes ficou responsável por criar a estrutura de madeira e os demais as partes do corpo, cabendo a dona Ivonete Marques
de Oliveira confeccionar as roupas. Decidiu ainda o senhor José confeccionar dois estandartes, costurados por dona Valdete Charleaux [07].
Assim ocorreu, depois da missa, a primeira procissão, como ocorre até os dias de hoje, sempre no domingo mais próximo do dia
oficial, quando o sagrado cortejo percorre as ruas do bairro, pelo BNH, indo até a praça onde está Nossa Senhora das Graças [08] e dali retornando ao ponto inicial.
Houve a promessa de um grande empresário de construir a capela, no local ali reservado para esse fim, mas infelizmente nunca saiu disso, e muita gente, contrariada, cita um antigo ditado: "Quem vive de promessa é Santo!"
Depois de algum tempo, em 1998, foi trazida da Espanha uma imagem do Santo encomendada por dona Nenê (Edvalda), usada até os dias de hoje, inclusive com a participação de membros da Congregação Mariana de Santos.
Partes dessas informações foram por mim recolhidas com José Marques O. Neto, morador do BNH e devoto do Santo.
Notas:
[01] Nascido em 1491 e falecido em 1556 primeiro se entregou aos excessos e depois que passou pelas
agruras da vida sem o auxílio dos supostos amigos se voltou para uma vida devotada a divulgar o evangelho, daí sua ordem ser chamada de Jesuítas.
[02] Quando a ordem foi proscrita no Brasil pelo marquês de Pombal em 1759, todas as igrejas que
tivessem nomes da ordem, altares que dedicados a seus santos ou que figurassem imagens neles foram retirados, inclusive a própria Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte de Santos teve sua origem nesse período, motivo pelo qual a exemplo de São
Paulo, buscaram abrigo a quem os acolheu, nesse caso foram os carmelitas.
[03] Foi um projeto do governo, que nos anos 70 começou a construir moradias populares no Bairro de
Aparecida, onde antes existiam os campos de plantações de machucho dos japoneses, daí a sigla BNH, de Banco Nacional de Habitação. Na época, o conjunto era vulgarmente chamado de Chaparral por associação a uma série da TV.
[04] São movimentos populares surgidos durante o Concílio Vaticano II (1962/1965), cujo principal
objetivo era a construção de uma igreja no local.
[05] É o senhor José Marques um artista plástico e professor de artes, sendo de seu relato parte das
informações aqui mencionadas quanto a pessoas e a fundação da CEB.
[06] Senhora devota, muito conhecida por costurar o manto de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e
outros mais na cidade, com adornos como miçangas, lantejoulas, canutilhos etc.
[07] Palavra de origem espanhola que significa pedra, mas nesse caso é uma comparação com o
aparelho antigo de madeira usado para fiar chamado de "roca" com suas quatro bases de madeira. No caso das imagens processionais, tinham apenas esculpidos os pés, mãos e braços e o busto, ficando leves para serem levadas em procissão.
[08] Na época, fui procurado por uma devota de nome Socorro, que queria fazer um monumento para a
Virgem Maria na região do BNH. Eu lhe falei de uma imagem antiga da Virgem das Graças que existia na Escultura Labor e que desde criança eu via entre adornos de jardim na dita loja (situada a principio na Rua João Pessoa e depois no bairro Vila
Nova); assim, foi negociada a peça, que segue o estilo dos anos 1950 e que depois do Concílio nunca fora vendida.
Santo Inácio de Loiola foi lembrado com uma procissão em 8 de agosto de 1998, pelas ruas do Conjunto Habitacional
Marechal Arthur Castelo Branco (BNH), no bairro Aparecida
Fotos: acervo de Francisco Carballa |