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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROCISSÕES - 12
Procissão de São Jorge (A)

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No dia dedicado a São Jorge, ocorre anualmente em Santos uma procissão em sua homenagem, como esta, realizada em 28 de setembro de 2008, das 19 às 21 horas, na Igreja São Jorge Mártir (situada na Praça Rubens Ferreira Martins, 41, perto da Avenida Afonso Pena, no bairro do Estuário) - texto e fotos enviados a Novo Milênio em 12 de maio de 2013 pelo professor de História e pesquisador Francisco Carballa:

Foto: acervo de Francisco Carballa

 

Festa de São Jorge Mártir

23 de abril

A devoção a São Jorge Mártir
[01]  é muito popular no Brasil. Em Santos, sua igreja surgiu nos anos de 1973 quando o padre Paulo Horneaux (falecido em 23 de janeiro de 2012) [02] decidiu construí-la, com o povo que participava da missa no lugar. A celebração era feita em uma praça, posteriormente em um salão e finalmente na igreja recém construída.

 

Assim, como empreendedor da construção da igreja, ele conseguiu arrebanhar o povo do bairro das Casas Populares do Macuco e, unido à juventude, conseguiu construir o templo ainda hoje considerado inacabado.

 

A procissão ocorria no domingo mais próximo da festa, sempre após a missa das 18 horas, mas a frequência era pouca, muitos padres não valorizavam a devoção ou pouco ficavam na paróquia, até a chegada do pároco atual, que muito se dedicou para o levante do cristianismo naquela área.

A imagem de São Jorge que se venera ali
[03] tem uma curiosa história: foi doada à igreja no ano de 2007, após ser adquirida na fábrica Bove [04] em São Paulo, onde estava abandonada desde o final dos anos 1950, quando deixou Niterói para ser restaurado e nunca mais voltou.

 

Assim, primeiro foi oferecida no ano de 1989, mas o pároco não a quis [05], já em 2007 foi ofertado ao pároco atual e a oferta aceita: sua negociação foi no dia 23 de abril daquele ano, a viagem para a casa do devoto ocorreu em 23 de maio e sua ida para a igreja foi no dia 23 de junho, sendo o São Jorge recebido com carinho e, como símbolo de fé de muitos corações, está lá imponente até nossos dias.

A procissão, até alguns anos passados, ocorria da seguinte forma: saía o andor de Nossa Senhora Aparecida seguido do de São Jorge, na porta era feito um tapete de pétalas de rosa, flores diversas, espadas-de-São-Jorge de todos os tipos, preparado pelo devoto conhecido por Paco.

Até os dias atuais é usado um estandarte que foi pintado por uma moça, ex-protestante (ex-evangélica).

Em 23 de abril de 2008 ocorreu a procissão, muito concorrida pelos devotos e  sendo o pesado andor levado em uma empilhadeira
[06], em procissão que percorreu a praça onde está a igreja, as ruas João Luso, Barão de Ramalho, José André do Sacramento, Particular Viúva Soares e João Luso, até voltar à igreja (o mesmo percurso feito atualmente), ocorrendo a benção da imagem e sua entronização na igreja.

 

Todos os anos, no dia 23 de abril, quando comemoramos o dia do mártir, a procissão é realizada sempre seguindo certas regras: primeiro sai a cruz processional, transportada pelo cruciferário ladeado por duas lanternas de procissão, seguida pelo estandarte e pelos pavilhões das escolas de samba X-9 e Padre Paulo que curiosamente têm seus representantes levando cada lado do andor, em uma divisão pacifica, seguindo finalmente a imagem e o povo devoto.

 

Há também uma quermesse, que a cada ano atrai mais pessoas, contando inclusive com rodas de samba, com a participação de grupos como a Ouro Verde do Marapé. Ao calor da música, a festa avança até altas horas, com muita empolgação.

Hino de São Jorge
 

1
Lá do céu
O Senhor nos mandou
Um amigo e protetor;
Valente guerreiro
Amigo sincero,
Nas horas difíceis
E de duro labor.

Ó São Jorge,
Protetor glorioso,
Que do céu tão bondoso,
O Senhor quis mandar.
Aqui vive
A teus pés, venturoso;
O teu povo humilde
Que te quer muito amar.

2
Nossa fé
Em Cristo repousa,
Nosso amor nele também,
É fonte de vida,
Esperança e alegria
De sempre vivermos
Em sua família.

Ó São Jorge,
Protetor glorioso...

3
Nossa luta
É toda de Cristo,
Na estrada do amor.
Queremos viver
Na caridade unidos,
Como lá no céu
Havemos de estar.

Ó São Jorge,
Protetor glorioso...

4
Nossa glória
É estarmos bem juntos,
No amor que nos congrega,
Lutando na Igreja,
Como povo de Deus,
Pelo santo ideal
Que Cristo ensinou.

Ó São Jorge,
Protetor glorioso...


Notas:


[01] Martirizado no dia 23 de abril do ano 303 em Roma, por se recusar a abandonar a fé em Jesus Cristo e seu evangelho. Depois de muitos sofrimentos, com o mergulho em cal virgem e as sandálias em brasa que recebeu nos pés, foi degolado em um templo e seus restos mortais trasladados para a cidade de Lida, em Israel, onde está até os dias de hoje, em uma piedosa igreja.

[02] Padre muito conhecido no Carnaval, do qual gostava muito, pois acompanhava a Escola de Samba Padre Paulo - nome dado em homenagem a ele. Sempre acompanhou o desfile da dita escola, mesmo sob criticas, apenas na comissão de frente e com roupa social simples.

[03] Veneração é quando o fiel se prostra de joelhos e reconhece o respeito, já a adoração é quando o fiel de uma religião se prostra com o rosto encostando na terra e reconhece a divindade e a ela se submete.

[04] Essa fábrica pertenceu ao italiano Aldo Bove, que a administrou até o final de sua vida; funciona ainda hoje em São Paulo no bairro da Liberdade, na Rua Tenente de Azevedo, 132.

[05] Ele preferia o valor para atender a suas "obras assistenciais", o que não foi aceito pelo doador.

[06] Até este ano (2013) a empilhadeira é usada para transportar o andor, a pedido do próprio motorista, grande devoto do Santo.








Fotos: acervo de Francisco Carballa

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