Foto: acervo de Francisco Carballa
Festa de São Jorge Mártir
23 de abril
A devoção a São Jorge Mártir [01] é muito popular no Brasil. Em Santos, sua igreja surgiu nos anos
de 1973 quando o padre Paulo Horneaux (falecido em 23 de janeiro de 2012) [02] decidiu construí-la, com o povo que
participava da missa no lugar. A celebração era feita em uma praça, posteriormente em um salão e finalmente na igreja recém construída.
Assim, como empreendedor da construção da igreja, ele conseguiu arrebanhar o povo do bairro das Casas Populares do Macuco e, unido à juventude,
conseguiu construir o templo ainda hoje considerado inacabado.
A procissão ocorria no domingo mais próximo da festa, sempre após a missa das 18 horas, mas a frequência era pouca, muitos padres não valorizavam
a devoção ou pouco ficavam na paróquia, até a chegada do pároco atual, que muito se dedicou para o levante do cristianismo naquela área.
A imagem de São Jorge que se venera ali [03] tem uma curiosa história: foi doada à igreja no ano de
2007, após ser adquirida na fábrica Bove [04] em São Paulo, onde estava abandonada desde o final dos anos 1950, quando
deixou Niterói para ser restaurado e nunca mais voltou.
Assim, primeiro foi oferecida no ano de 1989, mas o pároco não a quis [05], já em 2007 foi ofertado ao pároco atual e a oferta aceita: sua negociação foi no dia 23 de abril daquele ano, a viagem para a casa do devoto ocorreu em 23 de maio e sua ida
para a igreja foi no dia 23 de junho, sendo o São Jorge recebido com carinho e, como símbolo de fé de muitos corações, está lá imponente até nossos dias.
A procissão, até alguns anos passados, ocorria da seguinte forma: saía o andor de Nossa Senhora Aparecida seguido do de São Jorge, na porta era feito um tapete de pétalas de rosa, flores diversas, espadas-de-São-Jorge de todos os tipos, preparado
pelo devoto conhecido por Paco.
Até os dias atuais é usado um estandarte que foi pintado por uma moça, ex-protestante (ex-evangélica).
Em 23 de abril de 2008 ocorreu a procissão, muito concorrida pelos devotos e sendo o pesado andor levado em uma empilhadeira [06], em procissão que percorreu a praça onde está a igreja, as ruas João Luso, Barão de Ramalho, José André do Sacramento, Particular Viúva Soares e João Luso, até voltar à igreja (o mesmo percurso feito
atualmente), ocorrendo a benção da imagem e sua entronização na igreja.
Todos os anos, no dia 23 de abril, quando comemoramos o dia do mártir, a procissão é realizada sempre seguindo certas regras: primeiro sai a cruz
processional, transportada pelo cruciferário ladeado por duas lanternas de procissão, seguida pelo estandarte e pelos pavilhões das escolas de samba X-9 e Padre Paulo que curiosamente têm seus representantes levando cada lado do andor, em uma
divisão pacifica, seguindo finalmente a imagem e o povo devoto.
Há também uma quermesse, que a cada ano atrai mais pessoas, contando inclusive com rodas de samba, com a participação de grupos como a Ouro Verde
do Marapé. Ao calor da música, a festa avança até altas horas, com muita empolgação.
Hino de São Jorge
1
Lá do céu
O Senhor nos mandou
Um amigo e protetor;
Valente guerreiro
Amigo sincero,
Nas horas difíceis
E de duro labor.
Ó São Jorge,
Protetor glorioso,
Que do céu tão bondoso,
O Senhor quis mandar.
Aqui vive
A teus pés, venturoso;
O teu povo humilde
Que te quer muito amar.
2
Nossa fé
Em Cristo repousa,
Nosso amor nele também,
É fonte de vida,
Esperança e alegria
De sempre vivermos
Em sua família.
Ó São Jorge,
Protetor glorioso...
3
Nossa luta
É toda de Cristo,
Na estrada do amor.
Queremos viver
Na caridade unidos,
Como lá no céu
Havemos de estar.
Ó São Jorge,
Protetor glorioso...
4
Nossa glória
É estarmos bem juntos,
No amor que nos congrega,
Lutando na Igreja,
Como povo de Deus,
Pelo santo ideal
Que Cristo ensinou.
Ó São Jorge,
Protetor glorioso...
Notas:
[01] Martirizado no dia 23 de abril do ano 303 em Roma, por se recusar a abandonar a fé em Jesus
Cristo e seu evangelho. Depois de muitos sofrimentos, com o mergulho em cal virgem e as sandálias em brasa que recebeu nos pés, foi degolado em um templo e seus restos mortais trasladados para a cidade de Lida, em Israel, onde está até os dias de
hoje, em uma piedosa igreja.
[02] Padre muito conhecido no Carnaval, do qual gostava muito, pois acompanhava a Escola de Samba
Padre Paulo - nome dado em homenagem a ele. Sempre acompanhou o desfile da dita escola, mesmo sob criticas, apenas na comissão de frente e com roupa social simples.
[03] Veneração é quando o fiel se prostra de joelhos e reconhece o respeito, já a adoração é quando
o fiel de uma religião se prostra com o rosto encostando na terra e reconhece a divindade e a ela se submete.
[04] Essa fábrica pertenceu ao italiano Aldo Bove, que a administrou até o final de sua vida;
funciona ainda hoje em São Paulo no bairro da Liberdade, na Rua Tenente de Azevedo, 132.
[05] Ele preferia o valor para atender a suas "obras assistenciais", o que não foi aceito pelo
doador.
[06] Até este ano (2013) a empilhadeira é usada para transportar o andor, a pedido do próprio
motorista, grande devoto do Santo.
Fotos: acervo de Francisco Carballa
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