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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - AMARGO AÇÚCAR
Atuação da USP nos Erasmos (5)

Um resumo da atuação da Universidade de São Paulo (USP) na área do Engenho dos Erasmos foi apresentado na Revista USP nº 41, de março a maio de 1999, págs. 28-47 - publicação da Coordenadoria de Comunicação Social da USP, na capital paulista:
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Imagens publicadas com a matéria

Engenho São Jorge dos Erasmos: Prospecção Arqueológica, Histórica e industrial

Margarida Davina Andreatta (*)

[...]

5. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Na pesquisa do sítio São Jorge dos Erasmos, em sua fase de Prospecção Arqueológica, Histórica e Industrial, foram identificadas as áreas de maior potencial arqueológico para que nesses locais sejam realizados, dentro do possível, trabalhos de escavação e evidenciação das demais estruturas (alicerces) do engenho original (Figura 21).


Figura 21 - Engenho São Jorge dos Erasmos - ruínas evidenciadas - 1996

A escavação possibilitará a evidenciação (ataque horizontal) do material arqueológico, dando "ênfase à representatividade, no presente, das referências socio-espaciais do passado" (Santos, 1995, p. 109).

Dentre outros elementos, a presença de paredes de pedras em ruínas com argamassa de cal e conchas, a mó de pedra, as seteiras, os fragmentos de tachas de cobre e formas de pães-de-açúcar, além do fosso 1, atestam a construção e a ocupação do sítio São Jorge dos Erasmos a partir do século XVI, e evidenciam um alto potencial arqueológico, comprovando a necessidade urgente do prosseguimento dos trabalhos, principalmente nos setores A, B, C e Q, após o escoramento das paredes e a estabilização dos taludes, ns setores D, H e I.

A continuidade dos trabalhos de escavação torna-se imprescindível para alcançar os seguintes objetivos:

levantamento de outros testemunhos do século XVI que possibilitem a determinação do modelo de engenho construído;

delinear e/ou reconstruir as linhas essenciais das condições socioeconômicas e cotidianas de um engenho de açúcar no Brasil Colonial;

subsidiar os trabalhos de consolidação e revitalização da área, tendo em vista a futura implementação de projetos educacionais e museológicos que divulguem os conhecimentos obtidos com as pesquisas arqueológicas.


Detalhe da Figura 21 - Engenho São Jorge dos Erasmos - ruínas evidenciadas - 1996

6. NOTAS

1) No decorrer dos trabalhos arqueológicos, o interesse pela continuidade da pesquisa arquivística levou os pesquisadores a contatar, através da Internet, o historiador português Alberto Vieira, da cidade de Funchal, Ilha da Madeira, a fim de obter mais informações e dados sobre os engenhos de açúcar (o "ouro branco", como era chamado no século XVI). Desse contato, recebemos publicações referentes ao tema.

2) A prospecção arqueológica foi tema de mestrado de Fernanda Maria Felipe dos Anjos, apresentado ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP sob a minha orientação e com o título: "O Caminho do Açúcar. Cotidiano, Trabalho e Cultura Material: a Circulação da Produção nas Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos (Século XVI)".

3) Agradecimentos ao Museu Paulista e à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP pelo apoio financeiro que permitiu o desenvolvimento da primeira fase da pesquisa arqueológica.

[...]

(*) Margarida Davina Andreatta é arqueóloga do Museu Paulista-USP e coordenadora do Projeto de Pesquisa Interdisciplinar Engenho São Jorge dos Erasmos - Santos - SP.


Detalhe da Figura 21 - Engenho São Jorge dos Erasmos - ruínas evidenciadas - 1996

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