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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - AMARGO AÇÚCAR
Atuação da USP nos Erasmos (4)

Um resumo da atuação da Universidade de São Paulo (USP) na área do Engenho dos Erasmos foi apresentado na Revista USP nº 41, de março a maio de 1999, págs. 28-47 - publicação da Coordenadoria de Comunicação Social da USP, na capital paulista:
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Imagens publicadas com a matéria

Engenho São Jorge dos Erasmos: Prospecção Arqueológica, Histórica e industrial

Margarida Davina Andreatta (*)

[...]
3.3. MATERIAL COLETADO

Os vestígios arqueológicos recuperados no sítio São Jorge dos Erasmos procedem de coleta sistemática, realizada em superfície e em toda a extensão do sítio.

Foram encontrados 1.734 testemunhos arqueológicos, e a primeira análise permitiu elaborar um gráfico quantitativo de sua ocorrência (Figura 14):



Figura 14 - Gráfico quantitativo de material arqueológico coletado

lítico: foram recuperadas lâminas de machado polidas, zoólito (peso de rede), artefato triangular polido com marcas e uso nas três extremidades [4]; seixos batedores e um fragmento com gravações na superfície (Figura 15);



Figura 15 - Zoólito - peso de rede em diabásio

cerâmica: recuperou-se uma expressiva quantidade de fragmentos de cerâmica, representados por: alças, bordas, bojos, cabos, asas e formas de pães-de-açúcar (Figura 16) e restos construtivos, como telhas e lajotas, associados aos fragmentos de cerâmica corrugada e com engobo;



Figura 16 - Forma de pão-de-açúcar, que se encontra no IPHAN, 9ª Coordenadoria de São Paulo

louça: os fragmentos recuperados, em sua maioria, são de louça branca dos tipos simples e decorados, que procedem do entulho localizado principalmente nos setores B1, G, J e R, tratando-se provavelmente de restos provenientes de ocupações posteriores aos séculos XVI a XVIII e reconhecidos como restos domésticos (Figura 17);



Figura 17 - Louça branca decorada

porcelana: foram recuperados fragmentos de tipos de porcelana de tonalidade branca simples e decoração em relevo, além de fragmentos bicromados e policromados;

faiança: os fragmentos de faiança encontrados foram identificados pelos padrões decorativos com base no critério classificatório adotado por Lima et al. (1989, pp. 210-7), como segue:

- padrão "Borrão Azul": faiança fina fabricada na Inglaterra em diversos modelos, a partir de 1835, com estampas em azul e aspecto borrado (Figura 18);



Figura 18 - Padrão "Borrão Azul" - fragmento

- padrão "Willow Pattern" ou dos "Pombinhos": faiança fina inglesa. Derivada originalmente dos chineses e introduzida na Inglaterra entre 1810 e 1815. Foi produzida na Inglaterra até fins do século XIX;

- padrão "Blue" ou "Green Edge": faiança fina produzida na Inglaterra entre 1789 e 1830. Em 1800 foi exportada para a América do Norte. A decoração em tons azul e verde está limitada apenas às bordas dos vasilhames;

vidro: embora em quantidade reduzida, foram encontrados fragmentos de fundos côncavos e gargalos de garrafas, pequenos frascos lisos e vidro lapidado (Figura 19);



Figura 19 - Gargalo de garrafa com tonalidade verde-escuro (século XIX)

metal: dentre os testemunhos metálicos recuperados, foi possível identificar fragmentos e objetos relacionados com:

- material construtivo e ferramentas: cravo, ponteira, parafuso, martelo, cunha e espátula;

- material de montaria: ferradura e argola;

- material para o fabrico do açúcar: fragmentos de tachas de cobre (Figura 20).



Figura 20 -  Fragmento de tacha de cobre (superfície interna)

Praticamente a maior parte desse material encontra-se deteriorada pela oxidação, o que dificulta a sua identificação.

4. ATIVIDADE LABORATORIAL

Todos os testemunhos foram registrados no "Inventário de Peças", onde consta o número, procedência (setor e camada), identificação do coletor, descrição e data em que foi realizada a coleta. Cada peça arqueológica leva registrada numa das faces a sigla "E.01 + o nº da categoria da mesma". A sigla E.01 foi utilizada para identificar todo o material proveniente da prospecção e será utilizada nas futuras escavações.

A reconstituição de peças foi parcial devido à fragmentação dos artefatos encontrados. As próximas etapas de estudo incluirão: a reconstituição das peças, por meio de desenhos e fotos, e a análise da cultura material, considerada primordial para a compreensão da evolução da tecnologia, do trabalho manufatureiro e do cotidiano do engenho no decorrer dos séculos XVI ao XIX.

[...]

(*) Margarida Davina Andreatta é arqueóloga do Museu Paulista-USP e coordenadora do Projeto de Pesquisa Interdisciplinar Engenho São Jorge dos Erasmos - Santos - SP.

NOTA DE RODAPÉ

[4] Artefatos furtados do sítio Engenho São Jorge dos Erasmos em 3 de dezembro de 1996.

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