Projeto de restauro das ruínas manterá as linhas arquitetônicas
Imagem: reprodução, publicada com a matéria
Domingo, 20 de Agosto
de 2006, 08:13
VALONGO
Prefeitura quer evitar queda de reboco do casarão
Da Reportagem
Enquanto o repasse das ruínas do casarão do Valongo para
o Município não se torna realidade, a Prefeitura pretende adotar medidas paliativas para evitar que a construção comprometa a segurança de quem
passa pelo Largo Marquês de Monte Alegre. Na última terça-feira, pedaços de uma das paredes do imóvel voltaram a cair, e a calçada foi interditada.
Segundo o presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa),
Bechara Abdala Pestana Neves, que vistoriou a construção na sexta-feira, a queda do reboco se deve ao crescimento das raízes das plantas sob as
paredes. O prédio, construído em 1865, é tombado pelo órgão, assim como pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico (Condephaat) do Estado.
Conforme o engenheiro José Dias, da Coordenadoria de Instalações da Secretaria
Municipal de Obras e Serviços Públicos (Seosp), que acompanhou a vistoria, deverá ser aplicada uma substância química nas plantas para evitar o
crescimento das raízes. Não há previsão de quando o serviço será executado.
Segundo Bechara, o trabalho visa preservar o pouco que sobrou do prédio histórico, que
já abrigou a Câmara (entre 1894 e 1939) e a Prefeitura (entre 1907 e 1939). Originalmente, servia de armazém do porto, depois foi sede do Clube XV
(1873).
Com a mudança da Prefeitura, passou a abrigar a Faculdade de Odontologia e, por
último, firmas comissárias de café. Dois incêndios contribuíram para deteriorar ainda mais o prédio, em 1985 e 1992.
Um pouco da história do casarão pode ser conferida em exposição na antiga
Estação do Valongo, logo em frente. No local, também é possível conhecer o projeto que a Prefeitura tem para a área, de 5
mil metros quadrados. É o Memorial José Bonifácio, que abrigará todo o acervo relativo ao patriarca da Independência, que nasceu em Santos e é um
dos personagens mais importantes da história do Brasil.
O projeto prevê o restauro das ruínas, e a nova construção manterá as mesmas linhas
arquitetônicas. Para tirar a idéia do papel, a Prefeitura depende da cessão do imóvel pelo Governo do Estado, que, por sua vez, precisa firmar
acordo com os proprietários.
Segundo o secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Rubens Lara, o governador Cláudio
Lembo pediu prioridade na solução das pendências jurídicas à Procuradoria Geral do Estado. "O Governo quer a resolução o mais rápido possível".
O plano do Governo Municipal é obter recursos junto à iniciativa privada para a
reforma, utilizando os benefícios fiscais oferecidos pela Lei Rouanet de incentivo à cultura, do Governo Federal. Estima-se que a obra deva consumir
aproximadamente R$ 15 milhões.
Pedaços da parede do imóvel voltaram a cair
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria
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