REVITALIZAÇÃO - A Prefeitura de Santos está avaliando a situação do Casarão do Valongo.
Idéia é recuperar o imóvel histórico
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
VALONGO
Uma nova perspectiva
Prefeito determina que Secretaria de Assuntos Jurídicos avalie situação dos
velhos casarões. Papa já falou com advogado dos proprietários
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos iniciou um
estudo visando avaliar a situação do Casarão do Valongo, um complexo situado no Largo Marquês de Monte Alegre, que serviu de sede da Câmara e do
Paço Municipal. A medida foi determinada pelo prefeito João Paulo Tavares Papa, depois de estabelecer contatos com representantes dos proprietários
do imóvel.
A Administração Municipal tem interesse em adquirir e recuperar o imóvel, que se
encontra em ruínas, para dar seqüência ao processo de revitalização do Centro. A área conta com a Estação Ferroviária e a Igreja do Valongo.
No início da semana, Papa manteve contato com o advogado Marcelo Guimarães da Rocha e
Silva, que representa os donos do prédio. Segundo o chefe de Gabinete, Luiz Dias Guimarães, a proposta já conta com o apoio dos proprietários.
Parte do imóvel foi desapropriada pelo Governo do Estado, em função de uma ação movida
por uma das herdeiras da propriedade. Há ainda uma segunda ação em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, que ainda não foi
julgada em definitivo.
"Há um interesse em solucionar amigavelmente todas as pendências. O estudo determinado
em caráter de urgência pelo prefeito visa verificar a situação dos débitos da propriedade relativos aos tributos municipais", afirmou Guimarães.
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Governo do Estado expropriou parte do imóvel
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A recuperação do Casarão do Valongo foi um dos compromissos assumidos por Papa durante
a campanha eleitoral. Já existe até um projeto de implantação de um Museu da Cidade, elaborado pela Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan),
que concentraria todas as informações históricas da Cidade, desde a fundação da Vila até os dias atuais.
"É importante salientar que o local já conta com a Estação
Ferroviária, que terá um pavilhão cultural no futuro. Além disso, há a Igreja de Santo Antônio do Valongo, que também
é uma atração a mais para quem visita a área"", assinalou Luiz Dias Guimarães.
Em paralelo, contatos vêm sendo mantidos com representantes do Governo do Estado, como
o secretário da Casa Civil, Arnaldo Madeira, com o objetivo de garantir o repasse da propriedade ao Município.
Por telefone, o advogado Marcelo Guimarães da Rocha e Silva confirmou o interesse dos
proprietários. Mas ressaltou que ainda há pendências a serem eliminadas. "Na verdade, este contato já vem sendo mantido desde quando o atual
prefeito exercia o cargo de secretário de Planejamento. Nós queremos que a solução atenda todas as partes envolvidas".
Parcialmente destruído por incêndios, patrimônio histórico
não recebe atenção adequada das autoridades há várias décadas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Imóvel teve época áurea após construção, concluída em 1872
A situação atual do Casarão do Valongo nem de longe lembra os tempos áureos da
edificação, construída no estilo neoclássico, entre os anos de 1867 e 1872, conforme dados da Secretaria Municipal de Turismo (Sectur). Na época, em
função de suas grandes dimensões, o complexo chegou a ser apontado como o maior da província de São Paulo.
Uma faixa isolando parte da calçada em frente à Estação mostra que a estrutura
restante do prédio ainda oferece risco de desabamento. No interior, restos de entulho provocados por dois incêndios se misturam com lixo depositado
mais recentemente.
Parte dos detalhes da fachada da edificação, como os azulejos, ainda pode ser
observada em alguns pontos.
O complexo era composto, na verdade, por dois casarões erguidos pelo português Manoel
Joaquim Ferreira Neto, responsável também pela Casa da Frontaria Azulejada.
O local foi utilizado como residência até 1895. Em seguida, passou a abrigar os
poderes Executivo e Legislativo (Prefeitura e Câmara Municipal) até o ano de 1939, quando ambos foram transferidos para o Palácio José Bonifácio, na
Praça Mauá. No mesmo local havia ainda um escritório de café, um bar e um hotel, denominado Monte Alegre.
Na década de 80, o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico. E ainda abrigava o
hotel e alguns estabelecimentos de menor porte. Mas acabou sendo atingido por um incêndio em 1985 que deixou o bloco em ruínas. Em 1986, uma das
paredes desabou por causa de um vendaval.
Em 1992, outro incêndio arruinou a edificação remanescente, obrigando a Prefeitura a
realizar obras de consolidação das paredes.
Nos últimos anos, pouca coisa mudou no panorama do local, que permanece aberto,
facilitando o acesso de pessoas desocupadas e de viciados em drogas.
Reformada e revitalizada, a Estação Ferroviária (ao fundo) provoca um acentuado
contraste
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Estado ajuda, se não houver pendências
O secretário-adjunto de Estado da Cultura, Edmur Mesquita, disse ontem que a proposta
de recuperação do Casarão do Valongo pode ser avaliada em conjunto com o Governo do Estado, desde que sejam solucionadas as pendências jurídicas que
impedem a execução da obra. Ele lembrou que projetos como o Luz da Nossa Língua, que já vem sendo executado na Capital, poderiam ser implantados no
local.
"Alguns podem imaginar que o prédio já está bastante deteriorado, que não há condições
de recuperá-lo. Isto é um erro. O prédio é uma referência histórica de suma importância para o Centro", assinalou Mesquita.
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Além de lixo, há restos de entulho
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Ele lembrou que é possível, por exemplo, recuperar a fachada e alterar a estrutura
física do interior do prédio. "É importante dar uma destinação ao imóvel, para que ele tenha a manutenção periódica e a segurança garantidas".
Ontem, por intermédio de sua assessoria, o secretário estadual da Casa Civil, Arnaldo
Madeira, confirmou que vem mantendo contatos com o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, sobre o caso do Casarão do Valongo. Ele se
comprometeu a divulgar, nos próximos dias, informações mais precisas sobre o assunto. |