Centro de Expansão Cultural
O Centro de Expansão Cultural foi criado numa reunião no
Parque Balneário, por sugestão de Guiomar Fagundes, numa de suas exposições. Várias pessoas da sociedade santista da época, 1949, entre elas Miroel
Silveira, Nuno, Zezé Lara Infante Vieira, Manoel Fins Freixo, Paulo Bueno Wolf e outros (eram trinta e um no total) resolveram fundar uma entidade
só para cuidar da arte e da cultura da cidade.
Foi feita uma lista de adesões e logo se conseguiu 1.500
sócios. Hoje são apenas 200. A primeira peça que o Centro de Expansão trouxe a Santos foi Um Deus Dormiu lá em Casa, com a Companhia de
Fernando de Barros, no teatro Coliseu, em 30 de outubro de 1950.
Mas não havia preferência por um tipo de atividade
artística. Promoviam-se peças teatrais, concertos, óperas, balés, exposições de artes plásticas. Era um hábito das famílias conviver com a música
clássica. Em minha casa, por exemplo, uma irmã tocava piano, outra tocava violino e outra cantava. A primeira ópera que assisti foi Colombo,
no Coliseu.
Carolina Martins Costa foi uma batalhadora incansável pelo
Centro de Expansão. Após a sua morte, há doze anos, assumi a presidência da entidade. A primeira "excursão" para teatro na capital foi feita por
nos. Bibi Ferreira fazia Piaf, em São Paulo, e resolvemos trazer o espetáculo para Santos. Mas ela sugeriu: "Por que vocês não vêm a São
Paulo?". Era 1984. Só depois começaram a aparecer as companhias de turismo oferecendo esses serviços com mais condições e facilidades e acabamos
desistindo.
Hoje a vida cultural da cidade mudou. A televisão e a novela
modificaram o gosto do público. Mas ainda há pessoas interessadas nas artes plásticas. Recentemente (maio de 96) levamos o balé Copélia, no
Teatro Municipal, e lotou. Isso mostra que há interesse. Estamos tentando uma nova apresentação por intermédio do Sesc, na comemoração dos seus 50
anos de atividades. Mas nossa luta é muito grande. Hoje está tudo mais difícil e muitos reclamam do preço dos ingressos.
Para dar uma idéia da atuação do
Centro de Expansão, escolhi algumas apresentações ao longo dos anos no teatro Coliseu:
22/08/51 – Angelicum, de Milão, apresentou Il Fratello Inamoratto;
19/12/51 – Dias Felizes, com a Escola de Arte Dramática de São
Paulo;
28/04/52 – Massacre, com Graça Melo e seu Teatro de Equipe;
23/06/52 – Madame Butterfly, ópera com a cantora Violeta Coelho
Neto e o cantor Africo Baldelli;
20/04/53 – Volta Mocidade, peça com a Companhia Olga Navarro e
Graça Melo;
22/04/54 – O Imperador Galante, peça com a Companhia Dulcina e
Odilon;
07/06/54 – Obrigado pelo Amor de Vocês, com Rodolfo Mayer;
09/08/54 – Agrupacion Coral de Pamplona, de Câmara, com o maestro Luiz
Morando;
22/12/54 – Sinhá Moça Chorou, com a Cia. Nydia Licia e Sérgio
Cardoso;
07/02/55 – Os Inocentes, Cia. Dulcina e Odilon;
30/05/55 – Ballet do IV Centenário;
18/10/55 – Não se Sabe Como, peça com o Conjunto Teatro de Arena;
10/05/56 – Coral pequenos Cantores de São Domingos;
30/07/56 – Hamlet, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;
21/08/56
– Queixa contra o desconhecido, com o Grupo Teatro do Clube de Arte de Santos;
10/12/56 – Othelo, com a Cia. Tônia-Celli-Autran;
17/12/56 – A Viúva Astuciosa, com a Cia. Tônia-Celli-Autran;
21/01/57 – A Raposa e as Uvas, de G. Figueiredo, com Nydia Lícia
e Sérgio Cardoso;
27/06/57 – Pequenos Cantores de Viena;
28/10/57 – Henrique IV, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;
30/06/58 – Vestir os Nus, de Pirandello, com o TBC – Teatro
Brasileiro de Comédia;
13/10/58 – O Diário das Carmelitas, com teatro dos Jovens
Independentes;
17/10/58 – Pega Fogo e Protocolo, duas peças com Cacilda
Becker;
17/02/59 – Amor Sem Despedida, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;
21/07/59
– Mary Stuart, com Cacilda Becker;
21/12/59 – Negócios de Estado, de Louis Verneille, com a Cia.
Tônia-Celli-Autran;
19/07/60 – Madrigal Renascentista de Belo Horizonte com a regência do
maestro Isaac Karabtchevsky;
13/09/60 – Exercício para cinco Dedos, com a Cia. Brasileira de
Comédias;
29/05/61 – Raízes, com Cacilda Becker;
02/08/61 – Moeda Corrente do País, com Cacilda Becker;
26/02/62 – Oscar, com Cia. de Cacilda Becker;
12/03/63 – O Feitiço, com Nydia Lícia;
23/03/64 – O Pobre Piero, com a Cia. de Nydia Lícia;
18/12/64 – Tartufo, com o Teatro de Arena de São Paulo;
29/09/65 – Hedda Gabler, de Ibsen, com Nydia Lícia;
08/11/66 – Armadilha Para Um Homem Só, com Cia. Maria della
Costa;
29/04/68 – Deus Lhe Pague, com Procópio Ferreira;
24/03/69 – Agamenon, de Ésquilo, com Mauro Mendonça e Rosamaria
Murtinho;
21/10/69 – Um Inimigo do Povo, de Ibsen, com a Cia. Fernando
Torres;
02/06/70 – Medéia, com Cleyde Yaconis, Jonas Mello e Cia.;
16/11/70 – O Preço, de Arthur Miller, com Mauro Mendonça e
Rosamaria Murtinho;
29/05/71 – As Troianas, de Eurípedes, com o Grupo de Teatro da
Aliança Brasil-Japão;
26/07/71 – A Ratoeira, de Agatha Christie, com a Cia. Irene
Ravache;
11/12/73 – Bodas de Sangue, de Garcia Lorca, com a Cia. Maria
Della Costa;
27/08/73 – O Prisioneiro da Segunda Avenida, com Nicete Bruno e
Paulo Goulart;
03/12/74 – O Jogo do Poder, de W. Shakespeare, com Madalena Nicol
e Sérgio Mamberti;
21/07/75 – A Sétima Morada, com a Cia. de Célia Helena, no
auditório do Colégio São José.
Nos
últimos anos assisti em São Paulo muitos espetáculos de boa qualidade artística, como
Piaf,
com Bibi Ferreira; Negócios de Estado,
com Vera Fischer e Perry Sales; Tartufo,
com Paulo Autran, Sérgio Mamberti e Cia.; De Braços Abertos,
com Irene Ravache; Cyrano de Bergerac,
com Antonio Fagundes e Bruna Lombardi, Bolshoi Ballet; Evita;
Tributo,
com Paulo Autran; Meno Male;
Barbeiro de Sevilha,
no Teatro Municipal; Real Ballet da Dinamarca, também no Municipal; a pianista Massayuki;
Cabaret,
com Beth Goulart e La Syphide,
pelos solistas da ópera de Paris.
Aura Boto de Barros
(Presidente do Centro de Expansão Cultural de Santos) |