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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BAIRROS DE SANTOS - SÉCULO XXI - [22]
Estuário

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Publicado em 10/5/2010 no jornal A Tribuna de Santos, página A-6


HISTÓRIAS DE PAIXÃO POVOAM O ESTUÁRIO - O Estuário, que antes da construção dos armazéns do cais atraía muitos pescadores por causa de suas várias prainhas, reúne histórias apaixonadas. Entre elas, a de Maria Cristina Santos e Odair Alves. Eles se conheceram em 1972 e namoraram por cinco anos. Depois, cada um seguiu seu destino. Reencontraram-se 30 anos depois, no Estuário, graças a uma mãozinha da tecnologia

Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna de 10/5/2010

 

Curiosidade

Antes da divisão de bairros pelo Plano Diretor, o Estuário era chamado Pau Grande. O nome curioso era herança dos tempos em que ali havia um imenso tronco de figueira. O bairro possui 6.087 habitantes, segundo o último Censo do IBGE

 


Com 6.087 habitantes, o Estuário é um bairro que mistura casas térreas, edifícios de médio e grande porte e área destinada ao comércio e às atividades retroportuárias

Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

 

Entre casas, caminhões e amores eternos

O Estuário, bairro que se chamava Pau Grande, guarda histórias de sentimentos antigos e de paixão por automóveis que virou negócio

Flávia Saad

Da Redação

Poderia ser na Verona de Romeu e Julieta, no sul dos Estados Unidos de Rhett Butler e Scarlett O'Hara ou no sertão pernambucano de Lampião e Maria Bonita. Mas essa história de amor aconteceu no Estuário.

A casa da família de Maria Cristina Santos ficava no final do Canal 5, bem junto ao cais. Ao longo de sua adolescência, passou muitas tardes no bairro. "Passei a namorar um rapaz que morava ao lado do Colégio Moderno", relembra.

Essa instituição, aliás, foi uma verdadeira referência no ensino da região. A unidade Adalberto Souza da Silva era mantida pelo Sindicato dos Estivadores e tinha fama de uma das melhores escolas da cidade. Diz-se que, quem estudava lá, garantia vaga em qualquer concurso que prestasse.

Mas, voltando à história de Cristina. A menina e as amigas, que estudavam no Colégio Auxiliadora da Instrução, viviam uma aventura diária para chegar até lá.

"Lembro que eu e minhas colegas caminhávamos pelo matagal existente no final do Canal 5. Ir ao colégio era um passeio. Nós caminhávamos entre as árvores e o mato fechado, cantando o trajeto inteiro".

Em 1972, conheceu Odair Alves, o Dinho. Ela contava 14 anos e ele, 18. Logo, passaram a fazer parte da mesma turma que freqüentava os bailes no bairro. O namoro durou cinco anos.

Saudosa, Cristina aponta que o bairro já passou por várias mudanças. Onde era terra, hoje existe asfalto.

"Havia uma casa onde morava a família de minha amiga; seus pais eram portugueses. Adorava essa família, a mãe fazia um café maravilhoso" No local da casa, hoje há um pátio para contêineres".

Em 1984, ela deixou Santos por São Paulo. Mas nunca esqueceu o Estuário, nem Dinho, o namorado da adolescência. Depois de 30 anos, o reencontro aconteceu com uma mãozinha da tecnologia.

Em 2006, a filha de Cristina criou um perfil no Orkut para a mãe. A filha dele fez a mesma coisa, na mesma semana. E foi pelo site de relacionamentos que ele a achou.

Depois da troca de mensagens na comunidade Santistas com mais de 40 anos, retomaram o romance.

Hoje, com 53 anos, volta a Santos quase todos os fins de semana. Mesmo ficando em outro bairro, não esconde o carinho pelo local onde cresceu e se apaixonou pela primeira vez.

A toda velocidade - Quem vê o intenso movimento de caminhões rumo ao porto no Estuário nem imagina que, no próprio bairro, eles convivam com veículos bem diferentes.

Da oficina de pintura de Wilson Said Boudros, a Special Motors, saem carrocerias turbinadas e coloridíssimas, prontas para disputar provas da Fórmula Truck.

Ele também trabalha com a restauração de carros especiais. No dia em que recebeu a equipe de A Tribuna, estava prestes a entregar ao dono, impecável, uma Ferrari 1978, modelo Pininfarina. Uma reforma minuciosa como essa, de um carro de colecionador, leva entre 30 e 50 dias.

Há seis anos na Rua Raposo de Almeida, Boudros acredita que o bairro oferece fácil acesso e boas opções para os prestadores de serviço como ele. "Não posso dizer que falta nada aqui. É um ótimo lugar para instalar um negócio".

Confusão

Os limites do Estuário são motivo de impasse há tempos. Em 1968, o abairramento deu ao Estuário as antigas casas populares do Macuco

Em matéria de 1982, A Tribuna relatou: "(..) A bacia e as Casas Populares do Macuco não pertencem mais ao bairro que lhes eu o nome. (...) passaram a fazer parte do Estuário, que surgiu do retalhamento do Macuco e têm seus limites dados pelas avenidas Siqueira Campos, Portuária e Afonso Pena".
As casas voltaram para seu bairro de origem na última versão da Lei de Ocupação e Uso do Solo, de 1998. As vias que delimitam o Estuário hoje são ALmirante Cochrane (Canal 5), Afonso Pena e Mário Covas (Portuária)
  


Wilson Said Boudros comanda oficina que conserta tanto carrocerias para a Fórmula Truck quanto Ferraris

Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Prainhas do cais atraíam pescadores

Parece difícil de acreditar, mas antes da construção dos armazéns do cais, o Estuário e suas várias prainhas atraíam muitos pescadores. A realidade de hoje passa bem longe: os moradores têm que conviver com problemas causados, principalmente, pelo trânsito de caminhões rumo ao porto.

Hélio da Cruz e Sérgio Massuno moram em uma simpática viela de casas geminadas na Rua Francisco de Paula Ribeiro há, respectivamente, 28 e 22 anos.

"Tirando o barulho dos caminhões, gosto de morar aqui. Mas eles não têm horários. À noite ou de madrugada, ao fazer manobras, os alarmes tocam e incomodam muito", relata Cruz.

Mesmo assim, está satisfeito com o Estuário. "Aqui estamos bem servidos de mercados, padarias e outros estabelecimentos".

Às vezes, achamos que o bairro fica esquecido pelas autoridades", diz Massuno. Ele já fez pedidos à Prefeitura de Santos, por meio da Ouvidoria Municipal, para a retirada de uma árvore em frente ao conjunto. Não é a única árvore da rua nessa situação.

Com a trepidação causada pelos caminhões, ela se partiu ao meio e pode causar um acidente a qualquer momento. O movimento também ocasiona rachaduras visíveis dentro e fora das casas.

Moradora há 25 anos, Cristina Batista concorda: o local precisa de cuidados. "A gente vê uma diferença no tratamento da Prefeitura para o outro lado (da Afonso Pena)".

No entanto, ela acredita que a melhor parte de residir ali é a convivência com os vizinhos, típica de cidade do interior. "Aqui não é raro ver crianças brincando e jogando bola na rua. Todo mundo sabe o nome dos vizinhos. Quando é época de festa junina ou de Copa do Mundo, fechamos a rua para decorar e comemorar".

O Estuário tem

Casas de alvenaria misturadas a prédios de alto padrão

O Pronto-Socorro da Zona Leste, que atende todo esse setor da cidade
Supermercados, sacolão, padarias e serviços
Crianças que ainda brincam nas ruas do bairro
Árvores centenárias que preocupam a população
A Escola Estadual Suetônio Bittencourt, conhecida por Maracanãzinho, por conta de sua arquitetura que lembra o ginásio carioca
A sede da Libra Terminais, maior empregador da Cidade
A igreja São Jorge Mártir
 


Moradores antigos,Hélio da Cruz e Sérgio Massuno temem que árvore caia e provoque um acidente

Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Veja o bairro em 1982
Veja Bairros/Estuário

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