Lazer e recreio, como antigamente
Beleza natural, nenhum vestígio de poluição, muito espaço livre e tranqüilidade. Essas características
cada vez mais raras no mundo de hoje levaram a historiadora Wilma Teresinha de Andrade a dizer que o Sítio Itabatatinga pode representar uma nova
opção de lazer para os santistas. Ela esteve lá no ano passado (N.E.: 1982),
durante pesquisas para elaboração do Diagnóstico Turístico de Santos, se entusiasmou com o que viu e sugeriu ao secretário de Turismo, Francisco
Céspedes, a realização de um projeto turístico para a área.
Embora tenha apresentado essa proposta, Wilma Teresinha sabe que a concretização esbarra
em uma questão fundamental: tanto o Itabatatinga quanto o sítio vizinho, onde ficam a Fonte dos Amores e a Gruta Esteves, são propriedades
particulares. Mas, conforme deixou claro em relatório encaminhado ao secretário de Turismo, tudo seria solucionado mediante contrato entre a
Prefeitura e os proprietários.
Quanto ao acesso, ela sugere a transformação do caminho que leva aos sítios em estrada e,
por último, fala na necessidade de implantação de uma infra-estrutura turística, como melhoria das áreas de lazer, atendimento no setor de
alimentação, telefone, sanitários e oferecimento de barcos para passeio no Rio Diana.
Se a Prefeitura realmente decidisse investir no projeto, o Sítio Itabatatinga voltaria a
ser um local de descanso e lazer, como o foi no início do século (N.E.: século XX).
Segundo apurou a historiadora, de 1930 a 1935 a chácara pertenceu a João Esteves Martins - que, nos fins de semana, levava dezenas de pessoas para
fazerem piqueniques lá.
O pessoal preparava o almoço e o servia na Gruta Esteves, em mesas de pedra. "Às vezes até
100 pessoas compareciam, conforme se vê em fotografias tiradas desde 1902", afirma Wilma Teresinha, lembrando que pessoas importantes foram
fotografadas, entre elas Luís de Arruda Castanho, Stockler de Lima, comendador Alfaia Rodrigues, Álvaro Pinto Novaes e Maurício Lang.
João Esteves Martins mandou gravar a inscrição Gruta Esteves e, ainda, Fonte dos
Amores - 1900, junto às pedras da fonte de água pura e cristalina. No local, abriu uma pracinha, circundada com bancos, que não existem mais.
Do alto tem-se uma boa idéia do tamanho da casa-grande,
erguida sobre restos de construção secular
Ruínas, um mistério
Como tantas outras, a história das ruínas do Sítio
Itabatatinga se perdeu no tempo. Ninguém sabe dizer em que época teria sido iniciada a construção: apenas se pode constatar que a casa hoje
existente foi edificada em diferentes períodos e se ergue sobre paredões seculares.
Ao examinar o imóvel, a historiadora Wilma Teresinha de Andrade descobriu quatro tipos
diferentes de paredes. Em uma delas aparecem vestígios de conchas, "mas um trabalho mais fino do que aquele de outras construções antigas, como
Engenho dos Erasmos e Casa do Trem". Largura da parede: 80 centímetros.
Em outra parte, se depara com paredes de pedras e pedaços de tijolos, vestígio de técnica
antiga. Aparecem ainda paredes de tijolo, de largura comum e, por fim, paredes divisórias de madeira.
Wilma Teresinha de Andrade apurou apenas alguns outros detalhes complementares: a parte
térrea da casa era "a senzala" e o filho de antigo proprietário viu nela catres de madeira, com encosto para a cabeça, como se fosse um
travesseiro, também de madeira.
Diferentes tipos de parede indicam as diferentes fases de construção
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