A Portuguesa nasceu em 1917, e atualmente a sede passa por reformas
que triplicarão o patrimônio
Portuguesa, uma escola de craques
Aqueles modestos portugueses mal sabiam jogar futebol, mas
decidiram que iriam fundar um clube e conseguiram: a 20 de novembro de 1917 nascia a Associação Atlética Portuguesa.
Pouco tempo depois surgia, no histórico Bairro do Jabaquara, uma praça de esportes. A área não era das mais
adequadas, tinha pedra demais para se fazer um campo, mas com pouco dinheiro não se podia comprar nada melhor.
E logo o grupo de lusitanos começou a receber a recompensa por seu esforço. Em 1920, a Portuguesa disputou seu
primeiro torneio oficial de futebol, o campeonato da 2ª Divisão da Associação Santista de Esportes Atléticos, e sagrou-se campeã. Promovida à 1ª
Divisão, obteve, de 1921 a 1934, oito títulos de campeã.
Tudo corria tão bem que a diretoria resolveu construir uma arquibancada de cimento armado. Logicamente não ficou
livre das críticas de alguns, que afirmavam tratar-se de uma obra visionária. Mas quando foi concluída, em 1932, a Portuguesa passou a ser o
primeiro clube do Estado a possuir uma praça de esportes com arquibancada de cimento armado, com cobertura.
O ano de 1935 é outra data marcante para o clube, que fundava, juntamente com outros, a Liga Paulista de
Futebol, atual Federação Paulista. Mais: fornecia cinco de seus jogadores para formar a primeira seleção da Liga: Ratto, Tuffy, Argemiro,
Armandinho e Tim. Com exceção do primeiro, todos os demais foram titulares absolutos da seleção.
Se tem um feito que ninguém esquece é aquele de 1959, quando a Portuguesa fez vitoriosa excursão à África e
conquistou a Fita Azul, por ter vencido as 15 partidas que disputou. Trouxe de Moçambique e Angola nada menos que 11 taças de prata, 16
galhardetes e uma salva de prata. O saldo de gols não poderia ser melhor: marcou 75 e sofreu apenas 10. No dia em que a delegação regressou,
Santos simplesmente parou para recepcionar os jogadores, que desfilaram em carros abertos pelas ruas centrais.
Esse clube, de tantos bons momentos, como qualquer outro já enfrentou várias crises. A pior delas talvez tenha
sido a de 1953, quando foi rebaixado pela primeira vez para a 2ª Divisão. Depois de muita luta, em 56 voltava a disputar entre os grandes. Vieram
novas crises e novo rebaixamento, desta vez em 1961.
Graças a um bom trabalho de base, em 65, depois de um célebre jogo contra a Ponte Preta, a Briosa retornava ao
grupo dos principais. Mas em 78 foi mais uma vez rebaixada, e desde então tenta se recuperar.
Por mais que se fale mal da Portuguesinha, todos reconhecem que tem sido uma escola de craques. De seus quadros
saíram vários, que se transformaram em ídolos das torcidas, entre eles Joel, Gilson e Marçal (Santos FC), Cláudio (São Paulo), Raul e Clóvis (Coríntians),
Marco Antônio e Samarone (Fluminense).
De resto, o plano de expansão social continua sendo tocado, à medida da disponibilidade de recursos. As obras
estão sendo realizadas em área de 20 mil metros quadrados, contígua ao estádio, cedida em regime de comodato, e triplicarão o patrimônio do clube.
Bem que a Portuguesa merece, porque afinal o pessoal costuma dizer que, no domingo que não há jogo no Ulrico
Mursa, falta alguma coisa em Santos. Muita gente bem que gosta de ir para lá.
Hoje há muitas críticas contra o hospital da Santa Casa
A secular Santa Casa, um orgulho ou não?
Se essa reportagem não fosse feita numa época em que a Santa
Casa está fechada, certamente os moradores diriam que se sentem orgulhosos dela fazer parte do patrimônio do bairro. Nada mais justo, porque
afinal a Santa Casa é nada mais, nada menos, que o mais velho hospital da América.
Seu fundador foi ninguém menos que Braz Cubas. Como Santos não passava de uma região inóspita, onde os homens
viviam sendo atacados por doenças, Braz Cubas decidiu fundar um hospital, numa data imprecisa entre 1543 e 1547.
No início, a Santa Casa não passava de uma pequena enfermaria, erigida no sopé do Outeiro de Santa Catarina. Com
a morte de Braz Cubas, ocorrida em 1592, houve um declínio acentuado das atividades, a partir de 1597, resultando em uma semi-paralisação no
período entre 1654 e 1730. Mas, tudo melhorou quando passou a funcionar na área pertencente à Igreja de Misericórdia, que ficava onde está hoje a
esquina da Praça Mauá com Rua Riachuelo.
O hospital foi ainda transferido para outros locais e apenas em 1860 ganhou um prédio próprio, na base do
chamado Morro de São Jerônimo (atual Monte Serrate). Com o aumento crescente da população, teve de passar por duas reformas que o capacitaram a
atender a demanda por muitos anos. Mas, em 1928 houve um desabamento parcial do morro: duas enfermarias, o necrotério e a cozinha vieram abaixo.
Isso foi o que bastou para que a Irmandade começasse a construir, naquele mesmo ano, o prédio da Avenida Cláudio Luiz da Costa. Só que, devido à
Revolução de 30, só ficou pronto em 1945.
O antigo livro de termo guardado até hoje pela Irmandade registra as visitas de altas personalidades, como Dom
Pedro II (13 de novembro de 1886), princesa Isabel, conde D'Eu, conde de Saboya, Fernando Prestes e José Cabalero, além de bispos e políticos.
Pois é: quanto mais se conhece a história da Santa Casa, mais difícil fica aceitar essa crise que a mantém fechada desde o dia 8 de maio.
Ruy Barbosa elogiou a Santa Casa em 28 de junho de 1912
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