HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
RADIOFONIA
Rádio-Rap-Móvel
Uma emissora instalada num veículo, na Zona Noroeste de Santos, em 1993
Uma emissora de "rádio", funcionando em um
carro de som, foi inaugurada em 1993 na Zona Noroeste de Santos. No primeiro programa, foi destacado o episódio de violência policial ocorrido pouco
antes nas escadarias da igreja da Candelária, na capital carioca, e que ficou conhecido como "Chacina da Candelária". A inauguração foi assim noticiada
pelo diário oficial D.O. Urgente, em 29 de julho de 1993:
O programa inaugural foi na Pça. Bruno Barbosa, com os quatro grupos envolvidos no
projeto...
Foto: Antonio Vargas, publicada com a matéria
A Rádio-Rap-Móvel está nas ruas
O primeiro programa, dia 25, no Jardim Castelo, Zona Noroeste, foi dedicado aos
menores assassinados no Rio
Dedicando o primeiro programa aos sete meninos de rua
covardemente assassinados na madrugada de sexta-feira, no Rio de Janeiro, entrou no ar na tarde de domingo, dia 25, a Rádio-Rap-Móvel, uma
iniciativa do Movimento Rap da Baixada Santista em conjunto com o Departamento Cultural da Administração Regional da Zona
Noroeste.
O programa inaugural, na Praça Bruno Barbosa, no Jardim Castelo,
reuniu os quatro grupos de Rap já envolvidos no projeto – Zona de Atack, Red Crazy Crew, MC Falcon e N2BT -, que
mostraram sua dança e música, com criatividade e conteúdo político, para uma entusiasmada platéia de jovens. O lançamento foi prestigiado pelo
prefeito David Capistrano, acompanhado do administrador da Zona Noroeste, José Salan Melo, do presidente da Cohab,
Alfredo Buso, e da vereadora Maria do Socorro.
A proposta da rádio é servir de instrumento para que os rappers divulguem suas
produções artísticas, vivência e conflitos, funcionando como veículo de integração dos grupos entre si e com a comunidade. O movimento envolve
principalmente jovens da periferia, que se identificam com a música que traz poesias falando de preconceito, violência, drogas e todos os reflexos
da crise social sentidos por eles mais de perto.
A Rádio-Rap-Móvel funciona em um carro de som que, quinzenalmente, será instalado em
uma praça da Zona Noroeste, das 15 às 19 h, com uma programação que inclui, além da apresentação dos grupos, jornalismo, radionovelas e seção de
classificados, para troca de produtos. Todas as quartas-feiras, os organizadores do projeto estarão reunidos para discutir a programação, a partir
das 20 h, no Núcleo de Produção do Centro Comunitário do Jardim Castelo, onde, também, os grupos de Rap já integrados estarão recebendo aulas
de técnicas radiofônicas sob orientação do jornalista Fausto José.
Segundo os rappers, existem cerca de 40 grupos espalhados nas periferias das
cidades da Baixada. A idéia é atraí-los para o projeto, com o propósito de organizar e difundir o movimento. Os contatos, inclusive sugestões, devem
ser feitos com Arlindo ou Sandra Magalhães, do Departamento Cultural da Regional da Zona Noroeste (Av. Nossa Senhora de
Fátima, 456, fone 30-3721). Os organizadores tentarão, agora, buscar o envolvimento de comerciantes, através de patrocínio, somando esforços na
luta contra a violência e na defesa dos jovens. O próximo programa deverá acontecer na Praça da Paz Universal, também no Jardim Castelo.
... e entrevista do prefeito
Foto: Antonio Vargas, publicada com a matéria
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No dia 2 de agosto de 1993, o jornal santista A Tribuna registrou:
Som da Rádio-Rap-Móvel é atração na Zona Noroeste
Da Editoria Local
O som do rap invadiu a Zona Noroeste no fim de
semana de 24 e 25 do mês passado, na Praça Bruno Barbosa, no Jardim Castelo. Adeptos do Movimento Rap colocaram no ar, pela primeira vez, a
Rádio-Rap-Móvel, um projeto do Departamento Cultural da Zona Noroeste que pretende servir de referencial para o movimento e que objetiva a
integração dos grupos entre si e com a comunidade.
Segundo um dos coordenadores do projeto, Arlindo Cândido Pereira Filho, a rádio
funcionará sempre com o apoio de um carro de som, que quinzenalmente estará em uma das praças da Zona Noroeste, das 15 às 19 horas. "Além do som
gravado no Núcleo de Produção, os grupos de rap mostrarão suas músicas e danças. O objetivo é unir a linguagem do rap às técnicas
radiofônicas".
Os quatro primeiros grupos que se apresentaram na Rádio-Rap-Móvel foram: Zona de
Atack, Red Crazy Crew, MC Falcon e N2BT. Ontem, o encontro foi realizado na Praça da Paz Universal, também no Jardim
Castelo. Segundo Giba, um dos integrantes do Zona de Atack, esse tipo de atividade é importante porque ajuda a tirar a molecada da rua.
"Queremos mostrar que há muito o que fazer. Basta ter vontade e incentivo".
Críticas - O rap é originário da Jamaica e chegou aos guetos de Nova
Iorque no início dos anos 70. Na Zona Noroeste, os adolescentes resolveram aderir ao movimento, unindo músicas a poesias que falam do preconceito,
da violência, do racismo, das drogas e de todos os reflexos da crise social.
As letras normalmente são marcadas pela forte crítica social. É o som-denúncia cantado
em um estilo falado como o repente nordestino. A primeira apresentação foi marcada por uma homenagem póstuma aos meninos de rua assassinados na
Candelária, no Rio de Janeiro.
Existem hoje em Santos cerca de 40 grupos de rap. Além dos que se apresentaram
na Zona Noroeste, mais cinco participam do projeto: Realidade de Rua, Voz da Razão, Big Boys Mcs, Generais do Rap e
Comando Rap. Todos têm aulas de técnicas radiofônicas no Núcleo de Produção do Centro Comunitário do Jardim Castelo, sob coordenação do
jornalista Fausto José.
Informações - Os grupos que também quiserem fazer parte do projeto devem entrar
em contato com Arlindo ou Sandra Magalhães na sede da Administração Regional da Zona Noroeste (Av. Nossa Senhora de Fátima, 456) ou no Centro
Comunitário do Conjunto Castelo Branco. |
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