Esta imagem mostra a Rua São Bento, vista em direção ao
morro, no Valongo, e foi fotografada em 1865 por Militão Augusto de Azevedo:
Rua São Bento, com o mosteiro e a fonte ao fundo, em foto de
Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 10,5 x 17,2 cm. Acervo Instituto Moreira Salles)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
Sobre o local e a foto, comentou o arquiteto Gino Caldatto Barbosa, no livro
Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, em 2004:
"Eixo viário de ligação entre os edifícios
setecentistas de duas importantes ordens religiosas: o Mosteiro de São Bento, na encosta do morro, e o Convento de Santo
Antônio, junto ao mar. A denominação atual foi determinada já no século XVIII, quando se alterou o antigo nome, Rua dos
Curtumes, em virtude da presença beneditina ao pé do morro.
"Em meados do século XIX, a Rua São Bento mantinha a calma rotina de área residencial
que caracterizava a periferia da cidade, apenas interrompida pelas missas concorrentes que diariamente as duas igrejas promoviam. Assim, é possível
que os primeiros assentamentos estivessem correlacionados à fé religiosa que os moradores compartilhavam em relação a uma ou outra ordem. Havia o
predomínio de casinhas térreas alinhadas, seguindo o leito tortuoso do córrego que descia do morro, em curto trajeto, até desaguar no estuário.
"Tranqüilidade retratada no desenho que William Burchell
realizou em 1826, com perspectiva focada no Mosteiro de São Bento visto da esquina da atual
Visconde de São Leopoldo. Curiosamente, décadas depois, esse olhar atraiu a lente de Militão de Azevedo, materializando a imagem de Burchell
através da fotografia".
Rua São Bento, em foto de Militão Augusto de Azevedo, vista
em direção ao estuário. O pórtico semi-demolido no canto esquerdo da foto pode ser observado na vista mais ampla dessa
área
(albúmen com 10,5 x 17,0 cm, no acervo do Museu Paulista)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
Prossegue o arquiteto Gino Caldatto, sobre o trabalho de Militão:
"Em seguida, girou a câmera em 180 graus e
registrou o lado oposto da cena, possibilitando, com as duas imagens, a completa leitura visual de toda a extensão da rua.
"Militão captou os sinais tangíveis de prosperidade que surgiam pontualmente na
cidade, expressos nos novos sobrados neoclássicos que, desvinculados do contexto, se impunham na modesta paisagem de moradias geminadas.
"Visto a relativa distância, o Mosteiro de São Bento se apresenta quase original, não
fosse a reforma da torre sineira contra infiltração pluvial, que eliminou o antigo telhado piramidal, em troca da cúpula de tijolos em forma de meia
laranja, que resiste até hoje."
Detalhe da primeira foto desta página, mostrando o Mosteiro de São Bento e sua torre
sineira
A foto da rua, vista em direção ao porto, foi erroneamente identificada por Olao
Rodrigues como sendo da Rua da Constituição (então Rua Josefina ou Rua da Palha):
Foto: Almanaque da Baixada
Santista - 1976, de Olao Rodrigues (Gráfica Prodesan, Santos/SP:p.97)
O pórtico semidemolido é bem visível neste pormenor de outra foto
de Militão, em que no canto superior direito é visível claramente a torre do complexo religioso do Carmo:
Confluência das ruas São Bento e Formosa (atual Rua Visconde de São Leopoldo),
em detalhe de foto de Militão Augusto de Azevedo
(foto original: albúmen com 13,2 x 20,5 cm, no acervo do Museu Paulista)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de
Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
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