Mata Atlântica no Horto de São Vicente
O antigo Horto Municipal de São Vicente, hoje
Parque Ecológico, volta a fazer parte do roteiro turístico da cidade. Em breve, as atrações naturais, totalmente recuperadas, e o trabalho que vem
sendo desenvolvido no Parque, transformarão o local em ponto de visita obrigatória tanto para turistas como para munícipes e, principalmente,
estudantes de todos os níveis.
Com uma área de 850 mil metros quadrados de muito verde, o Parque Ecológico de São Vicente se constitui numa
excelente opção de lazer. Abriga o Museu do Escravo, pequenos animais, aves, área para piquenique, estufa, viveiro, sementeira, bica de água
potável, treze nascentes de água, acesso ao maior reservatório de água da Sabesp, localizado no alto dos morros
Voturuá (lado de São Vicente) e Santa Terezinha (Santos), além de várias trilhas em direção à parte mais "fechada" da Mata Atlântica, onde o ar se
apresenta como dos mais puros.
Localizado na Rua Catalão, 620 (muitos só conhecem o acesos pela Avenida Dona Anita Costa, rua paralela à
Catalão), na Vila Voturuá, o Parque Ecológico de São Vicente está aberto ao público diariamente das 8 às 18 horas, com
entrada franca.
Desde o início da atual administração, os responsáveis pelo então Horto Municipal, engenheiro
Tércio Garcia Júnior (diretor de Parques e Jardins) e o chefe do Departamento de Administração do local, Idevanir dos
Reis, apresentaram ao prefeito Antonio Fernando dos Reis um estudo completo visando não apenas a recuperação do Horto, mas sua transformação em
Parque Ecológico.
Transformado em Parque Ecológico em janeiro de 1991, através do artigo 275 da Lei Orgânica do Município, o antigo
Horto vive novos tempos. O processo de transformação em parque ecológico não é simples. Exige uma série de cumprimentos, mas oferece maiores
facilidades para negociar com os diversos órgãos governamentais, visando ao cumprimento de um dos objetivos, que é a ação conjunta para o estudo e
proliferação da fauna e flora.
O Horto vive hoje uma nova realidade.
Animais e plantas vivem em perfeita harmonia com a natureza
Imagem: reprodução da página 37 da
publicação (cor acrescentada por Novo Milênio)
Fauna e flora em harmonia
Segundo pesquisas, as primeiras mudas e sementes chegadas ao horto,
para enriquecimento de sua flora natural, foram enviadas pelo Serviço Florestal do Estado (horto da Cantareira) e pela Escola Agrícola "Luiz de
Queiroz", de Piracicaba. Posteriormente recebeu coqueiros-anões, vindos de Ilhéus (Bahia).
Atualmente, o Parque Ecológico mantém intercâmbio com entidades similares e prefeituras, visando a troca de
espécimes das mais variadas. Embora já apresente condições de abastecer a cidade no setor de arborização, o Parque se ressente de árvores de grande
porte, para plantio em várias áreas da cidade. Isto porque uma espécie de grande porte precisa aguardar, no mínimo, três anos para ser transferida
para a rua.
No Parque Ecológico, inúmeras são as espécies existentes, desde o ipê-amarelo ao pau-jacaré, árvore considerada
rara na região. Isso sem considerar a enorme quantidade de palmeirinhas, plantas ornamentais e vegetação rasteira.
A "sementeira", local onde se encontram cerca de dez mil espécies de plantas em fase de germinação, é conhecida
como "maternidade" do Parque. Afinal, é dali que saem milhares de mudas em sacos plásticos prontas para o plantio. A estufa e o viveiro de plantas
são atrações que fascinam principalmente estudantes e pessoas que trabalham com plantas. Uma nova área já está sendo trabalhada para acompanhamento
do crescimento das plantas e recebimento de novos animais.
Um dos projetos do engenheiro agrônomo Tércio Garcia Júnior e do administrador Idevanir Reis é a Vitrine de
Plantas Medicinais. Esse canteiro, segundo Tércio, já está sendo desenvolvido e ainda é motivo de pesquisa, pois o objetivo é montar uma verdadeira
"biblioteca viva" sobre plantas medicinais, com explicações sobre cada espécie, suas características e função.
No Museu do Escravo...
Imagem: reprodução da página 40 da
publicação (cor acrescentada por Novo Milênio)
No museu, a história da escravatura
O Museu do Escravo é uma atração à parte no Parque Ecológico.
Apresentando peças originais do tempo da escravidão, um pilão e um carro de bois, o Museu ocupa uma área de destaque. Localizado numa casa feita de
taipa, seu salão reúne cerca de 800 peças feitas em argila pelo escultor Geraldo Albertini.
Inaugurado em maio de 1976, o Museu esteve praticamente abandonado nos últimos anos, desmotivando inclusive o
artista Geraldo Albertini, responsável pelo acervo ali existente. O telhado chegou a ruir, danificando várias peças.
Com a nova mentalidade em desenvolvimento no Parque Ecológico, o Museu foi recuperado e reinaugurado em 19 de
janeiro de 1990.
Visitar o Museu é fazer um passeio pelo período da escravatura no Brasil. As peças são tão perfeitas que algumas
chegam a impressionar. Com uma habilidade incrível, Albertini reproduziu várias cenas da época, usando apenas argila e suas inseparáveis
ferramentas: um pente um canivete e um clipe arredondado de forma tosca e preso numa madeira. As cenas são dispostas em bancadas e numa sequência
que facilita a compreensão da História do Brasil.
A visita começa pela bancada do leilão do escravo, onde vários negros eram examinados e vendidos, e fica evidente
a dor da separação dos parentes; depois a bancada do samba, quilombo, Lei do Sexagenário, capoeira, capitão-do-mato, castigo com vários instrumentos
de tortura da época, inclusive o tronco; as manifestações religiosas dos negros: umbanda e candomblé; a fundação de São Vicente, a lei do Ventre
Livre, a casa de farinha, o engenho de açúcar, o batuque, a Lei Áurea e a bancada da vingança - quando livres, os negros perseguem os
capitães-do-mato e outros.
Além dessas peças, outras belíssimas, como a reprodução perfeita do marco do IV Centenário da
Fundação de São Vicente. O museu apresenta, ainda, uma sala de visitas com cadeiras antigas e a Santa Ceia entalhada em madeira.
...relíquias de uma época em peças
originais e do escultor Geraldo Albertini
Imagem: reprodução da página 40 da
publicação (cor acrescentada por Novo Milênio)