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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Os marisqueiros e os pescadores de ostras (2)

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Texto publicado em 16 de janeiro de 1994, no jornal santista A Tribuna:
 


À PROCURA DE OSTRAS
Com a chegada do verão, aumenta a procura pelas ostras, e mergulhar em busca desse molusco tem sido uma estratégia de sobrevivência para alguns pescadores de São Vicente. Afinal, os turistas apreciam ostras cruas com limão para acompanhar a tradicional caipirinha
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

Ostras garantem sustento de pescadores em SV

Da Sucursal de São Vicente

Mergulhar em busca de ostras tem sido uma estratégia de sobrevivência para alguns pescadores de São Vicente. Com a chegada do verão, aumenta a procura pelo molusco, considerado rico em cálcio e proteínas. Afinal, os turistas apreciam ostras cruas com limão para acompanhar a tradicional caipirinha de vodka ou pinga.

As ostras vivem fixadas nas pedras, em galhos de árvores de mangue, em estruturas de concreto e até de ferro das pilastras de sustentação das pontes. Ontem pela manhã, o mergulhador Nildo da Silva pegava ostras nas pedras próximas ao Porto das Naus, no Mar Pequeno.

Nildo vende a dúzia de ostras frescas a CR$ 800,00. Ele está sempre no trecho compreendido entre a Ponte Pênsil e o Porto das Naus, geralmente em um bote extremamente rudimentar. Nildo mergulha há, pelo menos, 10 anos naquela área, de fortes correntezas.

Peixões - O mergulhador, nas suas descidas para o fundo, já encontrou pela frente peixes de bom tamanho, como robalões e miraguaias. Mas, há alguns meses, levou um susto ao dar de frente com um mero de consideráveis proporções exatamente sob a Ponte Pênsil. "Antigamente, havia muito peixe grande aqui", disse.

Nildo não gosta de pegar ostras em pilastras de pontes como a do Mar Pequeno ou a dos Barreiros. "As ostras que vivem em ferros não são saborosas e saudáveis como as que vivem nas pedras. O freguês não percebe ao vê-las, mas depois volta e reclama comigo. Por isso, só ofereço o que também gosto de comer", explicou.

Só limpas - A ostra é um molusco acéfalo (daí a expressão QI de ostra) e hermafrodita (tem os dois sexos) que vive em uma concha bivalve. Quando se fere, costuma produzir secreção que dá origem às cobiçadas pérolas. Certa vez, no Restaurante Boa Vista, em São Vicente, um funcionário da Câmara mordeu uma pérola, enquanto saboreava uma ostra, fato registrado em A Tribuna.

Os consumidores devem comer ostras capturadas em águas limpas, uma vez que o molusco, como o marisco, se alimenta de nutrientes que filtra da água do mar. Assim, há o risco de reter coliformes fecais e, mais grave, metais pesados.


Nildo da Silva captura ostras entre a Ponte Pênsil e o Porto das Naus
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

Molusco era muito apreciado por Napoleão

O imperador e conquistador francês Napoleão Bonaparte era um apreciador de ostras. Tanto que os renomados cozinheiros da época se esmeravam em fazer pratos especiais com o molusco. Para os que querem variar e ir além da ostra crua com limão, aqui vai uma receita mais elaborada: Creme de Ostras Gratinado.

Ingredientes - Duas dúzias de ostras na casca, lavadas e escovadas; uma cebola pequena ralada; duas colheres de sopa de manteiga ou margarina; duas xícaras de chá de cogumelos em conserva bem escorridos e fatiados; duas colheres de sopa de farinha de trigo; 1/2 xícara de leite; uma xícara de chá de creme de leite com soro; sal, pimenta-do-reino e noz moscada a gosto; uma colher de sopa de queijo ralado suave; uma colher de sopa de farinha de rosca; uma colher de sopa de manteiga ou margarina derretida e uma colher de sopa de queijo ralado parmesão.

Como fazer - Abra as ostras no fogo; retire-as das conchas e coe o líquido em um pano fino. Reserve. Leve ao fogo a cebola com manteiga sem deixar tomar cor. Junte os cogumelos, deixe enxugar em fogo brando. Polvilhe a farinha, ligue com o caldo de ostras e o leite, mexendo até obter um creme espesso. Retire do fogo.

Adicione o creme de leite, os temperos, o queijo suave e as ostras picadas. Coloque nas próprias conchas, se forem grandes e finas, ou num refratário untado, cobrindo com farinha de rosca, manteiga ou margarina e queijo, de forma a fazer uma leve camada sobre o creme. Leve ao forno pré-aquecido para gratinar. Retire, aguarde um pouco e sirva quente como entrada.