Apesar de todas suas deficiências,
o núcleo é considerado o mais desenvolvido do Distrito de Samaritá
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Parque das Bandeiras, onde ainda há muito o que fazer
SÃO VICENTE - O Parque das Bandeiras continua sendo um bairro problemático, com
ruas interditadas por altos matagais, falta de iluminação pública e outras dificuldades para os moradores daquela região do Distrito de Samaritá. Há
pouco tempo, a Prefeitura iniciou nas principais vias do bairro serviços de terraplanagem e abertura de valas, que ainda se encontram em andamento e
que dificilmente serão concluídos até o final deste ano.
Contudo, o maior apoio ao crescimento daquele precário bairro - que apesar de tudo é o
mais desenvolvido de todo o distrito de Samaritá - tem sido dado pelos membros da Sociedade de Melhoramentos, que, juntamente com as assistentes
sociais da Prefeitura, realizam um trabalho que visa atender as necessidades da região.
No setor da Assistência Social, foi criado no bairro o Pronutri - um convênio entre o
município e a Secretaria da Promoção Social do Estado. Este setor possibilita a alimentação diária de crianças de seis meses a seis anos, bem como
das gestantes. Fora isso, foram implantados no Parque das Bandeiras o Programa de Assistência e Orientação Jurídica, com a supervisão da Legião
Brasileira de Assistência; as operações do Projeto Rondon, que dão atendimento médico-odontológico todos os domingos; Mobral
(N.E.: Movimento Brasileiro de Alfabetização, programa federal) e cursos profissionalizantes pelo
Senai, Sesc e Sesi.
Recentemente, a Seção de Serviço Social da Prefeitura, com a colaboração da Sociedade
de Melhoramentos do Parque das Bandeiras, fez um levantamento completo sobre a condição social do bairro e os resultados não foram animadores. Há
muito a se fazer por uma população de 4.761 habitantes aproximadamente, que residem em apenas 670 casas, como foi dito na reunião entre o prefeito
Koyu Iha, os diretores da SM e as assistentes sociais, que logo a seguir iniciaram as visitas no núcleo.
Objetivos - O principal objetivo da pesquisa foi obter dados concretos que
possibilitassem caracterizar o nível econômico das famílias residentes no Parque. Como tópicos específicos, constatou-se a situação habitacional e o
tipo de construção das casas existentes no bairro; fez-se um reconhecimento da infra-estrutura do local; observou-se o nível salarial, profissional
e previdenciário dos moradores. De posse dessas informações, a assistência social da Prefeitura pode constatar a defasagem entre a renda mensal e o
poder aquisitivo dos moradores de uma área praticamente desprovida de mercado de trabalho.
A coleta de dados baseou-se num levantamento de residências efetuado pelos membros da
Sociedade de Melhoramentos, que utilizou como critério de pesquisa o número de ligações de luz domiciliares e, em seguida, vinte e cinco por cento
das residências foram visitadas, ocasião em que eram distribuídos formulários.
Verificou-se que 158 famílias apresentam uma situação habitacional unifamiliar, 107
delas morando em casas de alvenaria e 42 em casas de madeira. Um pequeno número de pessoas no Parque das bandeiras moram em habitação coletiva, o
que fez crer que a situação habitacional não é das piores, tendo em vista até mesmo o tipo de construção.
De 166 casas, apenas quinze recolhem o imposto territorial à Prefeitura, enquanto 18
pagam imposto predial e 103 - uma porcentagem de 62,2 por cento - não pagam impostos de qualquer espécie. Como justificativa do não-pagamento desses
impostos, muitos não souberam dar qualquer informação, e os que moram de aluguel acreditam que os proprietários paguem. Setenta famílias alegaram
jamais ter recebido qualquer notificação da Prefeitura, e o certo é que a maioria dos habitantes do Parque das Bandeiras possuem casa própria e
afirmam que não se negam a pagar impostos, desde que sejam notificados e melhor esclarecidos.
Não querem mudar - A maioria das pessoas residentes no Parque das Bandeiras não
pensa em deixar o bairro, e esperam que futuramente ele esteja bastante melhorado, inclusive, para valorização de terrenos e casas. Cerca de
quarenta famílias, no entanto, não desejam permanecer ali, pelo fato de morarem há pouco tempo - uma média de 1 ano - e acharem que o bairro não
oferece os mínimos recursos de sobrevivência. Segundo os observadores, os que desejam ficar no Parque das Bandeiras são aqueles que possuem casa
própria.
Mesmo vivendo em precárias condições...
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Luz e água - Oitenta e nove por cento das casas do Parque das Bandeiras possuem
energia elétrica, enquanto apenas três por cento se servem da luz de lamparina e lampião e 1,8 por cento se utilizam de outros meios. O bairro
continua sem um sistema de iluminação pública eficiente, e apenas a avenida principal e parte da Rua 4 já possuem essa melhoria. Segundo informações
da Prefeitura, os postes já estão instalados, faltando somente as luminárias, cerca de 500 aproximadamente, que serão ligadas no início do próximo
ano com verba do município.
A maior parte da população utiliza água de poço, tendo o cuidado de filtrá-la antes do
consumo pessoal, e alguns moradores buscam o líquido no único chafariz existente no bairro. Um número bastante reduzido de casas possui água
canalizada, sendo também empregado o filtro para tratamento, prevenindo, assim, a contração de moléstias.
No que se refere às instalações sanitárias, cerca de 84 por cento dos moradores do
parque utilizam a chamada fossa séptica, em condições regulares de salubridade. A fossa negra, que ocasiona péssimas condições de salubridade, é
utilizada por um pequeno número de famílias. Dessa forma, a situação do bairro, em termos de saneamento, não é boa, e necessita de uma providência
urgente por parte da Prefeitura, no sentido de que haja uma atuação da Sabesp naquela área.
Situação econômico-cultural - As assistentes sociais da Prefeitura constataram
que, de 166 chefes de família residentes no parque, somente três não contribuem para o INAMPS. Em busca de recursos, a maioria deles trabalha em
Cubatão e apenas 27 em São Vicente, dos quais 11 no próprio bairro. Trinta e dois moradores trabalham em outros municípios.
As profissões são as mais variadas, dentro dos setores industrial e da construção
civil. Essas profissões possibilitam que 30 por cento dos habitantes do Parque das Bandeiras tenham um ganho de três a quatro salários mínimos
mensais; 24 por cento, de dois a três salários mínimos; 17 por cento, de quatro a cinco salários mínimos; 15 por cento, de um a dois salários; e 4,8
por cento, menos de um salário mínimo.
De toda a situação do bairro, o que mais impressiona é o nível de escolaridade, uma
vez que nenhum dos moradores possui ao menos o primeiro grau completo. Dessa forma, uma porcentagem elevada tem o primeiro grau incompleto, enquanto
17,9 por cento não possuem escolaridade alguma, o que representa cerca de 117 pessoas com idade acima de 7 anos. Há, no momento, uma campanha para
encaminhamento dessas pessoas ao Mobral, que funciona na sede da Sociedade de Melhoramentos do Parque das Bandeiras.
...a maioria das pessoas não pretende abandonar o núcleo
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