A motocicleta de Lamberti sob as rodas do automóvel
Foto e legenda publicadas no livro
Deixando a inauguração
do pavilhão para tuberculosos, vamos assistir a outra inauguração – a da ponte pênsil em S. Vicente.
As grandes obras de arte nas quais descobre-se a vasta inteligência dos que a
constroem, são para mim objeto de alta estima. E, neste firme propósito abalei-me até a vizinha cidade de S. Vicente, embarcando num auto em
companhia de Antonio Santos Amorim e Décio de Andrade.
Lá chegados, dirigimo-nos à Avenida Bartolomeu de Gusmão que dá entrada para a
colossal ponte.
S. Vicente nesse dia era toda festas: o mais humilde pescador lá estava também,
boquiaberto, diante da monumental obra, vendo pessoal que nunca viu, embasbacado, enfim, ao contemplar aquele movimento fidalgo, com todas as praxes
de ato oficial.
Antes, porém, da formalidade da abertura da ponte, que foi feita com uma tesoura
cortando um cabo, um reboliço qualquer fazia-se em uma curva da Avenida Bartolomeu.
Já se vê: o povo afluiu em massa para aquele ponto.
A causa desse movimento era nada mais do que um desastre que vinha colorindo a festa
com rubras gotas de sangue! Um automóvel chocou-se com uma motocicleta montada por Sylvio Lambertti, que viera de S. Paulo expressamente para
assistir a inauguração.
Não quis ver mais nada. Voltei a Santos imediatamente, ficando lá o
Amorim no seu encargo de reportagem.
O inditoso Lamberti foi nesse mesmo dia para S. Paulo, com o triste destino de falecer
junto à sua família em conseqüência dos graves ferimentos que recebeu por ocasião do desastre!
Capa do livro de Carlos Victorino
Exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no
Comércio de Santos
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