Dersa (*)
Em 1950, o movimento turístico de São Paulo para a Baixada e Litoral Sul
tomara novo impulso, desde a abertura ao tráfego da Via Anchieta.
E, com o maior afluxo de turistas rumo a Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, a Ponte Pênsil, única passagem para
veículos automotores, não dava vazão suficiente. ALém das cautelas relacionadas ao limite de peso, a ponte estreita comporta apenas a passagem de um
veículo por vez. E era preciso, pois, esperar que passassem os vindos da Praia Grande, enquanto do outro lado aguardavam os originários de São
Vicente. Pequenos congestionamentos que foram crescendo, mês a mês, ano a ano. Nova pista da Via Anchieta, mais estímulo ao turismo.
A indústria automobilística nasce, cresce, e milhares de automóveis vão se tornando acessíveis à maioria, numa
época em que o preço da gasolina era irrisório. Os fins de semana da maioria dos paulistanos são passados nas praias do litoral. E a Ponte Pênsil
continua sendo a única passagem São Vicente-Praia Grande.
Moradores, turistas, autoridades da região, todos começam a clamar por uma solução.
A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega atenuou em parte as dificuldades; serviu àqueles que se destinavam a pontos mais
afastados de São Vicente e Praia Grande, mas não solucionou o problema daqueles que de Santos e São Vicente diariamente cruzavam o Mar Pequeno, ou
que faziam esse trajeto nos fins de semana.
A expansão de São Vicente e da Praia Grande tinha na Ponte o seu gargalo - que, em 1964, já tornava as filas
quilométricas.
Concepção da Ponte do Mar Pequeno, em São Vicente/SP
Imagem: Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo/Dersa
Um concurso - E em 1964, o Departamento de Obras Públicas (DOP) lança um concurso público, de que
participaram grandes firmas projetistas. Foi o "Concurso para Elaboração do Novo Projeto da Ponte sobre o Mar Pequeno em São Vicente".
Os concorrentes apresentaram seus trabalhos, dentro das condições estipuladas. Foi vencedor o projeto apresentado
com o pseudônimo de Pontífice, da autoria dos professores e engenheiros J. C. Figueiredo Ferraz, José Lourenço Castanho e João Antonio Del
Nero.
Da comissão julgadora haviam participado os professores Nilo Amaral e Pedro Bento Gravina, da Politécnica, e
Humberto Fonseca, que fora responsável pela ferrovia Mairinque-Santos e respectivas obras-de-arte.
Segundo relata o prof. Del Nero, "o projeto que elaboramos, de acordo com as bases do concurso, visava a uma obra
urbana, a ser executada com os recursos da tecnologia brasileira, e, ao mesmo tempo, em harmonia com as características da Ponte Pênsil. Foram
previstos altura de 35 metros acima do nível da água e 240 metros de comprimento. Não tinha sido objeto do concurso o sistema viário da ponte".
Outras características: largura de 21,6 m, comportando quatro faixas de tráfego em duas pistas de 8 m cada,
separadas por um canteiro central que serviria para apoio do emissor de esgoto. Para os pedestres, haveria passeios laterais de 2 metros. A ponte
foi na época orçada em 1,5 bilhão de cruzeiros e exigia obras complementares, incluindo um túnel em São Vicente.
"Além disso - acrescenta o professor Del Nero - ela se integrava num plano geral que previa a chegada da BR-101 (Rio-Santos)
até São Vicente e Praia Grande e seu prosseguimento para o Sul. Depois, no entanto, houve a reformulação dessa política. Foi construída a Rodovia
dos Imigrantes e era necessário ligá-la a São Vicente e a Praia Grande, afastando-se o máximo possível da malha urbana vicentina. Dentro do novo
contexto, não há dúvida de que a atual ponte construída pela Dersa se tornaria prioritária. Entretanto, o projeto que elaboramos, como obra urbana,
não perde sua viabilidade e poderia ser aproveitado no futuro".
(*) Material para a imprensa preparado em novembro de 1981 pela empresa
Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A.
As nove primeiras vigas da nova ponte sobre o Mar
Pequeno foram lançadas em 5/11/1980
Foto publicada no jornal A Tribuna de Santos em 6/11/1980
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