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SÃO VICENTE DE ANTIGAMENTE
O fim da estação dos trens da Sorocabana (1)

Inaugurada em 1913, para atender à então Southern São Paulo Railway (que depois seria adquirida pela Estrada de Ferro Sorocabana), a estação ferroviária de São Vicente teve seu prédio mais recente edificado em 1957. Em 2006, foi demolida. As informações a seguir são do site Estações Ferroviárias do Brasil:


Plataforma da estação em 1940. Era a estação velha, cujo prédio infelizmente não se vê
Foto: Acervo Thiago Henrique Ferreira, publicada com a matéria

Southern São Paulo Railway (1913-1927)
E. F. Sorocabana (1927-1971)
FEPASA (1971-1998)

SÃO VICENTE
Município de São Vicente, SP
Mairinque-Santos - km 120,834 (1960)   SP-2880
Inauguração: 22.12.1913
Uso atual: demolida - com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1957 (já demolido)

HISTORICO DA LINHA: Projetada desde 1889, a Mairinque-Santos, linha que quebraria o monopólio da SPR para ligar o interior ao litoral, foi iniciada em 1929 e terminada em 1937, com a ligação das duas frentes, uma vindo de Santos e outra de Mairinque. É uma das obras ferroviárias mais reportadas por livros no Brasil. Já havia, no entanto, tráfego desde 1930 nas duas partes, e o trecho desde Santos até Samaritá havia sido adquirido em 1927 da Southern São Paulo Railway, operante desde 1913. Com o fim da Sorocabana e a criação da Fepasa, em 1971, a linha foi prolongada até Boa Vista, no fim dos anos 80 (retificação do antigo ramal de Campinas). Houve tráfego de passageiros entre Mairinque e Santos até cerca de 1975, e mais tarde entre Embu-Guaçu e Santos, até novembro de 1997. A linha opera até hoje sob a administração da Ferroban.


A estação de São Vicente em atividade em 1977...
Foto: acervo do historiador santista Waldir Rueda

A ESTAÇÃO: A estação de São Vicente foi inaugurada em 1913, pela São Paulo Southern Railway, e fazia parte do ramal de Juquiá. Este, comprado pela Sorocabana em 1927, teve a sua parte inicial incorporada ao ramal Mairinque-Santos, quando de sua conclusão em meados dos anos 30. Em 1938, foi construído junto à estação um embarcadouro de gado (*relatório EFS, 1938).

Em 1957, o prédio original deu lugar a uma nova estação, bastante feiosa, por sinal. É este prédio que estava lá até o início de 2006. Serviu aos trens da Santos-Juquiá até fins de 1997, e do TIM até 1999. Até 1990, um desvio particular que saía da estação de São Vicente levava areia para uma fábrica de vidro da Santa Marina, mas nesse ano foi desativado.


...e muito movimento de cargas no pátio...
Foto: acervo do historiador santista Waldir Rueda

"É interessante notar alguns aspectos interessantes nas fotos (de 1977, abaixo). Uma delas é "aérea", o que permite suspeitar que havia uma passarela no local. Seria verdade? Nunca a vi na região, que só conheci em 1991; logo, se passarela houve, talvez ela tenha sido do tipo provisório, como as construídas com canos de aço e tábuas, e que havia na estação Piaçaguera da COSIPA até, mais ou menos, 1985. A estação está com a porta fechada - faz sentido; em 1977 os trens de longo percurso da EFS nos ramais da EFS foram extintos (em 1982 foram reativados) - pelo que li, como contrapartida ao financiamento para a remodelação dos subúrbios de SP. Nas fotos não observamos com mais detalhes as instalações e oficinas de apoio ferroviário que havia ao lado da Fábrica Santa Marina, bem como o ramal que atendia essa empresa no abastecimento de areia para a fabricação de vidros" (Antonio Gorni, 05/2006).


... em 1977... (esta, a vista da antiga passarela, cuja sombra é vista no primeiro plano da foto)
Foto: acervo do historiador santista Waldir Rueda

A passarela realmente existiu até 1988, quando foi demolida devido a estar abandonada, segundo o ex-ferroviário Claudinei (06/2006). Situada no Centro de São Vicente, ao lado da Linha Amarela, a estação é hoje apenas um depósito de dormentes, além de servir como estacionamento de automóveis, com mato alto e mau cheiro. No final de 2002 a Prefeitura reformou a área e sobraram apenas duas linhas: a principal, junto à antiga plataforma e uma outra, escondida junto à calçada do outro lado.


Pátio da estação em 23 de novembro de 2002
Foto: Antonio Augusto Gorni, publicada com a matéria

Exatamente em 16 de março de 2006, a foi anunciada a sua demolição para a passagem de uma avenida. Bela forma de se tratar a memória da cidade. Tudo autorizado pela Prefeitura, pela RFFSA e pela CPTM. (Informação de Marlus Cintra, 16/03/2005). Porém, em 25 de março, a estação continuava em pé. "A cobertura da estação já foi arrancada. Ela parecia estar ocupada por alguma espécie de oficina, mas agora está totalmente deserta. Há entulho ao redor. Os terrenos foram limpos, talvez para a cerimônia. Mas, enquanto há vida, há esperança" (Antonio Gorni, 25/03/2006).


Pátio da estação em 14 de janeiro de 2003
Foto: Antonio Augusto Gorni, publicada com a matéria

No sábado, dia 1 de abril de 2005, a estação foi metade demolida. "Bom, finalmente a situação se definiu no front ocidental... foi iniciada a demolição da estação de São Vicente. Ontem, quando notei o fato, repentinamente passou pela minha mente uma canção do Pink Floyd (para horror e escárnio da elite musical) num arremedo de revolta: Get your Filthy Hands off my Desert - ou seja, "tirem suas mãos nojentas de meu deserto"... Tá certo, a estação é um horror arquitetônico, não tem lá muita história mas, bem ou mal, era um recuerdo da antiga Sorocabana, ainda que bastante degradada nos últimos tempos, dentro da tendência irreversível de desertificação das ferrovias nacionais - zumbis sem alma, puro equipamento para transportar commodities, não mais interagindo com a população através da prestação de serviços (no mais das vezes, essenciais) e deixando de inspirar sentimentos positivos. Daí a indiferença ou, até mesmo, entusiasmo, que cerca o desmantelamento dessas antigas instalações ferroviárias, meros despojos de uma ferrovia que já morreu e não sabe, ao menos para os corações e mentes da população em geral. Esta demolição é a largada para mais uma avenida e certamente sinaliza mais enfaticamente o abandono do projeto do VLT. É quase certo que nela haverá um corredor de ônibus como concessão para a plebe rude. A classe média motorizada terá algum alívio no trânsito, mas daqui a cinco anos o local estará novamente congestionado por carros e mais carros" (Antonio Gorni, 01/04/2006). Em 8 de abril, ela estava completamente no chão.


Início da demolição da estação em 1º de abril de 2006
Foto: Antonio Augusto Gorni, publicada com a matéria


Continuação dos trabalhos de demolição, em 2 de abril de 2006
Foto: Antonio Augusto Gorni, publicada com a matéria


No dia 8 de abril de 2006, o terreno da antiga estação, já completamente limpo
Foto: Antonio Augusto Gorni, publicada com a matéria

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