'Summorum Pontificum'
Missa tridentina tem atraído cada vez mais fiéis
Waldemar Tavares Jr. [*]
Em 14 de setembro de 2007 - Festa da Exaltação da Santa Cruz - entrou em vigor o motu próprio data Summorum Pontificum,
através do qual Sua santidade Bento XVI concedeu a "qualquer sacerdote o direito de celebrar livremente a Missa Romana no modo anterior ao da reforma litúrgica de 1970", fruto do Concílio Ecumênico Vaticano II.
Em que pese os aparentes benefícios do uso autorizado do vernáculo na Missa "Nova' de "Paulo VI" ou do "Vaticano II" - "atual forma ordinária do rito romano" -, sem dúvida, não foram
poucos ou insignificantes os abusos que levaram ao enfraquecimento da espiritualidade litúrgica, como ainda pode-se constatar nas diversas seqüelas existentes nos dias atuais, seja por inúmeros de seus cooperadores diretos que não parecem ser
dotados de um senso de reverência e obediência às prescrições emanadas da autoridade apostólica da Santa Sé.
A missa tridentina ou Tradicional codificada por S. Pio V em 1570 - "atual forma extraordinária do rito romano" - tem atraído cada vez mais o interesse dos fiéis em diversos países,
muito provavelmente pela beleza, sobriedade, introspecção, silêncio (orante), idioma milenar (latim) e seu alto teor de sacralidade intrínseco. Eminentes prelados se dispõem a oficiá-la, atendendo de imediato ao motu próprio data Summorum
Pontificum, entre eles o cardeal Zen de Hong Kong e o cardeal George Pell, que na Catedral de Sydney em 30/XI/2007 pontificou solenemente. Ambas as celebrações podem ser vistas no site You Tube.
Já em algumas localidades parece que ou a má fé ou a incompetência ou a ignorância são motivos do descumprimento das orientações do Vaticano, que através da Comissão Ecclesia Dei
(presidida por D. Dario Castrillón cardeal Hoios), "coloca-se à disposição para solucionar as dificuldades arbitrárias, no caso do não atendimento às justas reivindicações dos fiéis". O Pp. Bento XVI, quando cardeal Ratzinger, oficiou
pontificalmente por diversas vezes a missa tridentina e segundo vaticanistas continua a celebrá-la privadamente.
No Brasil, alguns bispos, "sensíveis às aspirações de uma parte da grei que o senhor lhes confiou, procuraram cumprir imediatamente o documento pontifício e chegaram a abrir as portas de
suas sés episcopais para essa nova realidade eclesial como, por exemplo, em Niterói, Franca etc. Em diversas dioceses do País, capelas e igrejas estão sendo utilizadas para a celebração da missa romana na forma extraordinária. Na cidade de São
Paulo, a missa tradicional é celebrada aos domingos às 11 horas e às 16h30 na Capela de Santa Luzia (Rua Tabatinguera) pelos sacerdotes da Administração Apostólica São João Maria Vianney ou no Mosteiro de São Bento às 18 horas por um padre
beneditino.
Ao estabelecer um uso mais amplo do tradicional Missal Romano (reformulado em 1962 pelo Beato João XXIII) para a celebração da missa de S. Pio V ou tridentina - "nunca antes proibida".;
o Pp. Bento XVI parece desejar que haja uma contribuição entre as duas formas - a extraordinária - do mesmo Rito Romano na tentativa de uma maior dignidade do serviço religioso como culto público a Deus, que deve ser celebrado "...em Espírito e
Verdade".
[*] Historiador, pesquisador de História Eclesiástica, docente do
Centro Paula Souza/Unesp e da rede oficial da SEE.