Capa do Almanaque de Santos - 1969, que publicou esta matéria
Estes foram os nossos almanaques
Segundo deparamos em Santos Noutros Tempos, do grande historiador Costa e Silva Sobrinho, o primeiro almanaque editado em Santos data de 1871. Havia um exemplar na biblioteca do
Instituto Histórico e Geográfico de Santos, "desaparecido" por inteligente consulente... O Almanaque da Cidade de Santos, seu título, oi organizado e publicado por Antônio Martins Fontes e Francisco Alves da Silva e em seu texto se continha,
"ipsis literis", a petição em que era postulada a administração da capela do Monte Serrate aos religiosos da Ordem de São Bento.
Em 1896 surgiu o Almanaque Histórico-Literário, que, além de outras cidades, assinalava as mais curiosas informações sobre o comércio de Santos, continha literatura e dava
destaque a uma biografia de Bernardino de Campos.
O Diário de Santos editou em 1902 um almanaque-anuário, com fotografias da Câmara Municipal, Recebedoria de Rendas e prédios onde funcionavam clubes sociais. A matéria de redação
compreendia dados estatísticos sobre o comércio, indústria e administração pública, com uma seção de artes e letras, além de receitas, horários de trens, tabelas cambiais e distâncias marítimas entre Santos e outros portos.
Organizado e dirigido por Luiz Noferi, que o lançou em 1910, em seu quarto ano, o Almanaque de Santos e São Vicente condensava matéria informativa sobre o porto, comércio e
repartições públicas, administração municipal, escolas, cultos e dava destaque ao movimento do café, além de publicar calendário e outras informações úteis. Entre os anúncios, aos preços de 50$000 por página; 30$000 por 1/2 página e 15$000 por 1/3
de página, havia os de "A Leoneza", na Rua Braz Cubas, 77, dirigida por Agostinho Florez; e de "Ao Preço Fixo", então estabelecido na Praça da República, 14, dirigido por L. A. Corrêa da Cunha, e E. Johnston e Cia. cuja agência era na Rua de Santo
Antônio, 62, e caixa postal 78, apenas para citar essas casas que ainda operam nos dias atuais.
Em seu trabalho, Luiz Noferi, que era guarda-livros e estabelecido na Rua Braz Cubas, 9, caixa postal 75, também publicava uma espécie de roteiro sobre comércio, indústria, repartições,
porto, cultos e tabela de câmbio, redução de pesos e medidas para o sistema métrico e horários de trens; na parte histórica, havia a afirmativa de que Santos fora fundada a 25 de setembro de 1536 por Braz Cubas e que a população do município, na
época do lançamento do livro, era calculada em 70.000 habitantes, sendo prefeito o cel. Carlos Augusto de Vasconcelos Tavares.
Também tivemos o Almanaque Santista, organizado por Sizino Patusca, Benedito Guimarães e Alfredo Pinto, editado em 1890, que, em meio às seções de charadas, logogrifos e enigmas,
literatura e informações úteis, publicava os nomes e endereços de armazéns de secos e molhados, alfaiates, barbearias, consulados, bancos, e dos clubes sociais do Município.
Antes, em 1884, surgiu o Almanach Administrativo comercial e Industrial de São Paulo, organizado por Francisco Inácio Xavier de Assis Moura, edição de Jorge Seckler e Cia.,
lançado na Capital, mas com grande parte da matéria vinculada a Santos. Pela sua leitura ficamos sabendo que, em 1884, Santos tinha 6 advogados, 5 solicitadores, 13 médicos, 10 mestres-de-obras, 2 carpinteiros, 2 armadores, 9 alfaiates, 7
barbeiros, 3 caldeireiros, 6 ferramenteiros, 7 professores de música, 1 fotógrafo, 3 modistas, 23 lojas de fazendas, 3 açougues, 9 lojas de armarinhos, 60 casas comissárias de café, 6 bilhares, 6 casas de calçados, 3 fábricas de cervejas, 65
armazéns de secos e molhados, 5 lojas de roupas feitas, 7 lojas de artigos de escritório, 11 hotéis e hospedarias.
Segundo Apontamentos, de Azevedo Marques, transcrito por Vida das cidades Históricas de São Paulo, edição de Santos, lançado em 1958 pelo Departamento Estadual de Imprensa
e Propaganda, o nosso município, em 1872, tinha 9.191 habitantes, sendo 1.606 escravos. Exportamos, em 1870, 32.448.253 sacas de café, representando valor oficial de 11,673:185$075; 4.124.15 quilos de algodão no valor oficial de 2.917:121$097. A
Alfândega arrecadou no exercício financeiro de 1869-1870 a quantia de 2.852:208$301.
Durante o governo espiritual de d. Paulo de Tarso Campos, em 1942, foi publicado o Anuário da Diocese de Santos, no qual o então bispo de Santos aponta que o padre Antônio
Agostinho de Santana, natural desta cidade e aqui batizado a 11 de abril de 1799, foi vigário da paróquia em 1859 e regeu-a até 1861; além de sacerdote, era professor de latim, mas extremamente enérgico, a ponto de os alunos o temerem, porque ele
sabia como ninguém "funcionar" a palmatória, que, na época, era sempre a "ultima raio patrum". No dia 31 de agosto de 1831, no Largo da Alfândega, o sacerdote-professor teve sério incidente com o negociante Alexandre José de Oliveira Couto,
que o agrediu com palavras afrontosas. A cena foi assistida por muita gente e causou grande repercussão na cidade, tendo o padre Santana promovido processo-crime por injúrias verbais contra o seu oponente.
Também tivemos o Anuário Santense, que, em sua primeira parte, traçou a história de Santos, sem outros detalhes senão aqueles assaz conhecidos. Em outras seções, os nomes e
endereços de companhias e sociedades comerciais e sociais, cultos, foro, repartições, além de informações consideradas úteis e trabalhos enigmísticos. Apareceu em 1912, editado pelo Bureau da Agência Central de Negócios, com redação na Praça da
República, 16, fone 257 e caia postal 361, impresso na Casa Rembrandt, na Rua XV de Novembro, 80, e de que era redator principal Laércio Trindade.
O Guia Geral do Comércio de Santos, em seu segundo ano, organizado por Augusto da Cruz Maia, surgiu em 1895, com 189 páginas, trazendo informações de ordem geral sobre o comércio
de Santos, além de tabelas, horários, distâncias e indicações outras.
Outras publicações do tipo de almanaque ou anuário surgiram em Santos, a última das quais, o Almanaque de Santos, em 1961/1963, editado por Tiago Veloso, condensava informações
estatísticas sobre o Município, embora precárias, como precária era a sua execução gráfica, como, aliás, quase todas as obras surgidas em Santos.
Este Almanaque de Santos, que também não fugirá ás críticas dos leitores inteligentes, aqui está para untar-se às publicações do gênero lançadas na terra da Caridade e da
Liberdade.
Capa do Almanaque de Santos para 1959, (1ª edição, 1959, Santos/SP).
Na foto, de Kauffmann, o Paço Municipal de Santos
Exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos (SHEC)
Capa do Guia Santista - 1958 - Tourist Guide of Santos (1ª edição, 1958, Santos/SP).
Na foto, vista noturna do Gonzaga Exemplar no acervo do professor
Francisco Carballa
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