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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [33]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 430 a 446, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

Um canavial em Pernambuco
Foto publicada com o texto, página 431

Um minucioso estudo do açúcar de cana, sua história e composição química, da sua cultura e preparo nos diferentes países produtores, da sua produção e consumo mundiais em relação ao açúcar de beterraba – dá matéria bastante para um farto volume. Limitar-nos-emos, por isso, neste artigo, ao estrito objetivo deste livro, que é dar a conhecer o Brasil, em todas as manifestações de sua vida, neste começo de século.

Ora, o que se tem a registrar, em relação ao açúcar brasileiro no século XX, é que – tendo sido, por muito tempo, o maior produtor, dominando sua produção todos os mercados do mundo e enriquecendo a metrópole portuguesa – o Brasil ocupa hoje, na produção açucareira mundial, apenas o sétimo lugar, pela quantidade, e um dos últimos pela qualidade do seu produto exportado.

É fácil de compreender que as causas dessa perda de situação não são atribuíveis somente aos produtores brasileiros. A concorrência das plantações de cana de açúcar introduzidas principalmente nas Antilhas, na Louisiana e na América Central, mas ainda em muitas ilhas da Oceania e outros países, e o aproveitamento da beterraba para o fabrico do açúcar – que teve um desenvolvimento colossal em toda a Europa até o fim do século passado (N.E.: século XIX) e ainda fornece quase a metade do açúcar universalmente consumido – tais foram os dois mais fortes fatores naturais que determinaram a decadência do Brasil na produção açucareira.

A esses dois fatores naturais, deve-se juntar ainda um terceiro, artificial, a que o conhecido especialista inglês, sr. George Martineau, atribui justamente um grande valor: a legislação. Num artigo de The International Sugar Journal, a propósito da indústria açucareira na Índia Britânica, esse escritor mostrou recentemente como, à legislação, deveu a indústria do açúcar de beterraba, na Europa, o seu fabuloso progresso na segunda metade do século XIX.

E ainda à legislação protecionista dos Estados Unidos se deve o extraordinário incremento da indústria açucareira em Cuba, Porto Rico, Havaí, Filipinas, como à legislação japonesa o impulso dado à indústria do açúcar na ilha de Formosa.

Ora, o Brasil não tem tido uma legislação propícia, mas antes contrária, ao desenvolvimento da sua indústria açucareira. Independentemente, porém, desses fatores, cuja força é escusado acentuar, o descaimento da sua indústria açucareira é também devido ao pouco empenho dos produtores em fabricar um produto cuja qualidade possa competir com o das Antilhas ou de Havaí.

É um fato reconhecido que o Brasil dispõe de terras tão favoráveis como as melhores possíveis ao mais completo desenvolvimento da indústria do açúcar, a qual lhe pode dar melhores resultados do que em qualquer outra parte. E, no entanto, é também um fato demonstrado pelas estatísticas que – dispondo embora de alguns agricultores adiantadíssimos e de algumas usinas com os últimos aperfeiçoamentos para o fabrico do açúcar – o grosso da exportação de açúcar brasileiro, o qual forma quatro categorias – branco, cristalizado, demerara e mascavo – é constituído pelos tipos mais ordinários, o mascavo e o demerara, que a Inglaterra e os Estados Unidos adquirem a baixo preço, para refiná-los depois.

Antes, porém, de examinarmos a situação atual da indústria açucareira no Brasil, convém que façamos um retrospecto histórico, para bem acompanharmos as etapas dessa evolução, através da qual o Brasil perdeu a sua primazia na produção mundial do açúcar de cana, vindo a ocupar o sétimo lugar entre os produtores, isto é, depois das Índias Orientais, Cuba e Java, que produzem mais de um milhão de toneladas por ano, cada uma, e a que se seguem Havaí, Louisiana e Porto Rico.

Não nos interessam as controvérsias eruditas sobre a exata origem das plantações de cana no Brasil. Basta assinalar que se tem notícia delas desde os primeiros tempos do descobrimento.

O sr. Pierre Dénis atribui mesmo a esse fato uma grande importância econômica na civilização do Brasil, assim se exprimindo, a respeito dele, na introdução de seu livro: "O Brasil é, pois, num certo sentido, um velho país; pelo que oferece um interesse maior do que qualquer outra parte da América... O ser o Brasil um país civilizado de considerável idade é devido quase inteiramente ao fato de ser uma região tropical, adaptada à cultura da cana-de-açúcar.

"Efetivamente, foi o açúcar o primeiro produto agrícola que a Europa pediu às colônias americanas. Comparando o Brasil com os Estados Unidos, verificamos que suas peculiaridades econômicas e físicas são quase inteiramente devidas á sua posição nos trópicos. O território compreendido entre o Amazonas e Rio de Janeiro e o distrito costeiro que fica ao Norte da baía do Rio de Janeiro (para não falar do interior), não tem equivalente nos Estados unidos, mas se aproxima das Índias Ocidentais no esplendor da sua vegetação equatorial; e a primitiva história do Brasil é também parecida com a das Índias ocidentais.

"As suas velhas cidades, Bahia e Pernambuco, têm vivido do comércio de açúcar, como as velhas cidades antilhanas. A plantação do açúcar no Brasil, como noutros lugares, criou, desde o século XVII,não somente uma duradoura indústria, mas também uma duradoura riqueza".

Ao que parece, as plantações de cana tiveram início, mais ou menos simultaneamente, nas capitanias de S. Vicente (atual estado de S. Paulo) e Pernambuco, dizendo-se então – pela segunda metade do século XVI – que a cana mirim ou crioula era indígena do Brasil, descoberta em S. Vicente e transplantada para outras partes da colônia.

Sobre a propriedade da terra para tal cultura, dizia Gabriel Soares, um cronista desse tempo, que na Índia a cana não cresce sem que as plantações sejam regadas e a terra fertilizada; ao passo que no Brasil ela cresce por toda a parte, sem que seja preciso fertilizar o solo; que alguns canaviais têm dado colheitas por mais de trinta anos; que em regra as terras baixas nunca se empobrecem e que as terras altas dão quatro, cinco ou mais colheitas. É sabido que o infante d. Henrique, de Portugal, para desenvolver a cultura de cana doce na Ilha da Madeira, mandou vir para ela, contratados, alguns práticos da Sicília, sendo então ali e na Itália meridional que tal cultura, originária da Índia, se achava mais adiantada.

Quando governador da capitania de S. Vicente, Martim Afonso de Souza importou da Madeira algumas sementes da cana ali cultivada e a introduziu na sua capitania, estabelecendo ao mesmo tempo uns fornos para ferver o caldo. Por seu lado, Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, interessado no desenvolvimento da indústria de açúcar, fez contratos na Europa para a instalação de diversos engenhos. O primeiro instalado em Pernambuco foi mandado construir por Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho na vizinhança de Olinda, sob a proteção de N. S. d'Ajuda. As cartas escritas por Duarte Coelho ao rei d. João III em 1542, 1548 e 1550 mostram o grande desenvolvimento assumido já então pela cultura da cana doce e pelos engenhos de açúcar.

Por um posterior ato de Thomé de Souza como governador geral do Brasil, foram distribuídos lotes de terras próximo das costas a pessoas em condições de erigir engenhos de açúcar; e aos proprietários de engenhos foi imposta a obrigação de moer, pelo menos seis vezes por ano, a cana pertencente aos agricultores vizinhos que não possuíssem engenhos, sendo a remuneração, que era feita em cana de açúcar, determinada pelo governador.

Estas medidas deram grande incremento à cultura de cana e à produção de açúcar no Brasil, especialmente em Pernambuco, tendo mesmo muitos europeus de influência, particularmente portugueses e espanhóis, construído engenhos para exploração da indústria. Sem falar que a instalação dos engenhos representava uma despesa considerável para o tempo, a qual não era sempre vantajosamente compensada pelos baixos preços que alcançava o açúcar, um outro fator importante – a falta de braços para a cultura da cana e para o serviço dos engenhos – não permitia que a indústria açucareira tomasse todo o seu desenvolvimento.

Foi então – e ainda aqui a história da cultura da cana está intimamente ligada à história da civilização no Brasil – que se introduziram no pais, como escravos, os negros africanos. Não é o momento de avaliar se o incremento econômico trazido então ao país pela introdução desses trabalhadores pode, de alguma forma, compensar os grandes prejuízos morais e étnicos que trouxe ao Brasil essa medida, destinada a remediar uma dificuldade de momento. Mas é fato que, graças à cultura do açúcar, Pernambuco principalmente desfrutava, no começo do século XVII, uma grande prosperidade, que permitia aos senhores de engenho desse tempo gozar uma vida de verdadeiro fausto.

Ao tempo da invasão holandesa, em 1630, contavam-se ali cerca de 150 engenhos, que produziam 50.000 arrobas de açúcar, contando-se na Bahia mais de 50 e mais de 20 na Paraíba. Já então, cerca de 80 ou 90 navios transportavam o açúcar de Pernambuco para a metrópole, que o distribuía pela Europa; e graças à exportação, a indústria açucareira no Brasil, apesar da sua grande produção e das dificuldades de transporte, era uma indústria rendosíssima.

A partir daí, as contínuas guerras que tiveram por campo essa capitania, entre holandeses e portugueses, fizeram com que a indústria do açúcar, descurada, fosse decaindo, apesar dos esforços empregados pelos holandeses para restabelecê-la. Com a evacuação holandesa, que se fez em 1654, os plantadores cujas propriedades não haviam desaparecido durante os nove últimos anos da guerra de restauração, começaram a cuidar novamente dos seus canaviais e engenhos. Por seu lado, o governo da colônia resolveu conceder certas isenções e privilégios, durante dez anos, a todas as pessoas que fundassem ou reconstruíssem engenhos de açúcar; em 1677, foi suspensa a taxa sobre a venda do açúcar; e em 1683, um edito real conferia outras vantagens às plantações de cana doce.

Graças a essas medidas, a indústria foi readquirindo gradualmente a sua antiga prosperidade. Todavia, documentos do começo do século XVIII revelam que os processos, tanto de cultura da cana como de fabrico do açúcar, eram ainda então muito primitivos; e, por volta de 1750, muitos plantadores de cana abandonaram esta cultura pela do algodão. O abandono da indústria açucareira não foi, porém, duradouro, sendo já de 5.000 caixas a exportação de açúcar de Pernambuco para Portugal, em 1778.

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Usina de açúcar Cucaú (propriedade da Cia. Geral de Melhoramentos em Pernambuco)
Foto publicada com o texto, página 434. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

No começo do século XIX, com a descoberta do vapor força motriz, a indústria açucareira tomou um grande impulso. Em 1818 havia em Pernambuco cerca de 500 engenhos, muitos dos quais a vapor, tendo o governo da metrópole, mediante representação do governador de Pernambuco, nomeado um mecânico assalariado para fazer, gratuitamente, todos os consertos necessários nos engenhos a vapor e, ao mesmo tempo, ensinar o seu ofício a aprendizes.

Em 1829, os srs. Harrington & Starr estabeleceram em Recife a fundição Aurora, para consertos e instalações de engenhos, tendo essa empresa prestado grandes serviços à indústria açucareira de Pernambuco. A prosperidade da Aurora provocou o aparecimento de muitas outras fundições, que multiplicaram os engenhos de açúcar pela já então província.

Um desastrado imposto lançado sobre o ferro e outros metais necessários às fundições, os quais até então entravam livremente, veio prejudicar fortemente a indústria, a cuja prosperidade estava intimamente ligada a prosperidade da indústria açucareira. Por volta de 1850, todavia, esta era ainda muito florescente, contando-se em Pernambuco 642 engenhos com uma produção anual de 1.495.525 arrobas de açúcar, 1.679.360 pipas de melado e 424.159 de aguardente.

Não se pode dizer que, daí para cá, a indústria do açúcar em Pernambuco não tenha feito progressos. É certo que muitos lavradores introduziram nas suas lavouras novos processos racionais de cultura e nos seus engenhos e usinas os últimos aperfeiçoamentos mecânicos.

Mas, não só o aumento da produção apenas corresponde às exigências do próprio aumento de consumo interno, como, por outro lado, os melhoramentos introduzidos no cultivo da cana e no preparo do açúcar não são bastante generalizados para dominarem toda a produção e permitir-lhe entrar em confronto com as produções de outras procedências.

De um modo geral, pode-se aplicar perfeitamente à indústria do açúcar no Brasil as palavras com que o sr. Pedro de Toledo, ministro da Agricultura, na introdução do seu relatório de 1911, se referia em geral à lavoura e às indústrias agrícolas no Brasil: "Cultivamos mal e preparamos pior".

As seguintes palavras contidas na excelente publicação O Brazil – Suas Riquezas naturaes – Suas Industrias, feita pelo Centro Industrial do Brasil, conquanto não se apliquem a todas as lavouras de açúcar no Brasil, devem ser meditadas pela maior parte dos lavradores:

"Apesar das magníficas terras e do clima de que gozamos, não temos sabido tirar proveito destes dois elementos. A cultura da cana no Brasil, com raríssimas exceções, ainda é feita em condições atrasadas e anti-econômicas. Não exageraremos afirmando que terras há onde, há mais de dois séculos, se cultiva ininterrompidamente a mesma variedade de cana-de-açúcar, sem nunca se haver procurado restituir-lhes a mínima parcela dos elementos dela sugados pela cultura secular. Deste fato resultou tornarem-se minguados os rendimentos culturais por hectare, não chegando em média, para todo o Brasil, a 50 toneladas métricas.

"Ainda não possuímos infelizmente estabelecimentos industriais aparelhados com os elementos indispensáveis para se extrair das canas cultivadas a porcentagem máxima obtida em Havaí, em Cuba, na Louisiana, em Java etc. Todo o açúcar que as canas armazenam nos nossos campos de cultura não é dela extraído, perdendo-se 150%, visto que, das canas de 15%, só conseguimos aproveitar 6%, se tanto. Com o pequeno rendimento da cana obtido por hectare, o custo de produção, apesar do módico salário pago ao trabalhador rural (800 réis na média, a seco), não é inferior em geral a 150 réis por quilo de açúcar, posto no mercado de venda.

"Com os transportes marítimos e ferroviários caríssimos, com os impostos federais, estaduais e municipais, incidindo sobre todos os produtos da cana-de-açúcar, com as comissões a intermediários, é fácil reconhecer que o gênero só poderá chegar às mãos do consumidor quadruplicado de preço, erigindo-se dessa carestia a escassez do consumo interno. Nas condições desfavoráveis em que se encontra a lavoura de cana no Brasil, não poderão os nossos açúcares lutar com os similares estrangeiros nos mercados externos e seremos, portanto, fatalmente esmagados na concorrência mundial".

Na revista histórica, que vimos de fazer, referimo-nos quase exclusivamente à indústria do açúcar em Pernambuco, porque Pernambuco está para o açúcar, no Brasil, como S. Paulo para o café, o Amazonas e o Pará para a borracha, a Bahia para o cacau e o fumo, isto é, a história do açúcar em Pernambuco é a do açúcar no Brasil.

É certo que a zona propriamente açucareira abrange de certa forma todo o Nordeste brasileiro; mas as produções de Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, são incorporadas nas produções de Pernambuco e Alagoas, que as importam para reexportá-las. As de outros estados, como Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro (especialmente o distrito de Campos), S. Paulo etc., embora importantes em relação ao consumo local, perdem de importância, como elemento de exportação, comparadas à produção pernambucana.

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Usina União, Campos
Foto publicada com o texto, página 435. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Antes de examinarmos, porém, as cifras englobadas da produção, consumo, importação e exportação de todo o Brasil, vamos fazer uma rápida resenha dos principais estados produtores.

Pernambuco, como dissemos, é o centro da indústria, a qual tem ultimamente ali recebido grandes melhoramentos nos processos de cultura e preparação, com alguns resultados sensíveis. A cultura se faz em toda a zona da costa e compreende muitas espécies de cana, tendo alguns agricultores feito cuidadosas seleções naturais, destinadas a melhorar o cultivo.

Contam-se atualmente em Pernambuco 1.625 plantações de cana, das quais 80 são cultivadas pelas usinas. O fabrico do açúcar se faz em 45 grandes engenhos ou usinas, com aparelhos aperfeiçoados, e cerca de 1.500 engenhocas ou banguês, sendo que o rendimento do açúcar nas grandes usinas é de 7½ a 8% em relação ao peso da cana, ao passo que nos banguês é de 4 a 5%, quando muito. A produção total das usinas é, em média, de 70.000 toneladas por ano, e a dos banguês é de mais de 90.000 toneladas de açúcar e 19 milhões de litros de álcool e aguardente. A aguardente é consumida quase toda no próprio estado, que consome talvez 10% da sua produção de açúcar.

Do Norte para o Sul, os primeiros estados produtores são Maranhão e Ceará, onde a cultura é muito reduzida, sendo, porém, o fabrico do açúcar no Engenho d'Água, em Caxias (Maranhão), um dos melhores do Brasil. A produção destes estados não basta, porém, para o consumo local, que é suprido pelo açúcar pernambucano.

Na Paraíba, onde a indústria açucareira era muito próspera ao tempo da invasão holandesa, ela parece querer novamente desenvolver-se. A produção total de 1900 a 1902 foi calculada em 7.619 toneladas por ano. No Rio Grande do Norte, a produção de 1900 a 1901 foi calculada em 8.720 toneladas.

Alagoas é um dos estados mais apropriados à cultura da cana, sendo Maceió, depois de Recife, o porto brasileiro que mais açúcar exporta. Existem nele duas grandes usinas muito aperfeiçoadas, pertencentes a sociedades inglesas. O consumo local é avaliado em 3.000 toneladas, e a produção de 1900 a 1901 foi de 5.280 toneladas. Sergipe oferece as mesmas condições favoráveis, tendo sido de 92.576 toneladas a sua produção de 1900 a 1902.

Na Bahia, a cultura da cana é uma das principais do estado, avaliando-se em 800 o número de moendas e engenhos de açúcar existentes. A sua produção de 1900 a 1902 é calculada em 96.000 toneladas e o consumo local em 22.000 toneladas.

Em Minas Gerais, a produção de açúcar, melado e aguardente deve ser considerável, em vista do extenso consumo local, mas faltam informações estatísticas a respeito. No Espírito Santo, a produção não basta para o consumo local. A propósito do estado do Rio, cujo distrito de Campos é considerado um dos melhores para a cultura da cana, vamos transcrever o que escreveu, em 1903, o deputado Christino Cruz, no seu trabalho sobre A industria assucareira do Brazil durante o triennio de 1900 a 1902:

"A produção açucareira no estado do Rio de Janeiro declina sensivelmente. Sua indústria, malgrado os possantes elementos mecânicos de que está aparelhada, cada dia definha, reinando nos centros açucareiros o desânimo, em vez do bulício animador de fecundo trabalho. Entretanto, nenhuma outra zona agrícola do Brasil está, como o Rio de Janeiro, tão bem situada e foi tão favorecida pela natureza para dar a maior expansão à produção desse gênero e sua colocação nos melhores mercados. Clima, terra, química e mecânica do solo, situação geográfica, facilidade e multiplicidade de comunicações, distância diminuta dos mercados mais importantes do Brasil, de tudo dispõe o estado em larga escala. Apesar, porém, de tudo isto, não obstante todos esses valiosos elementos que, por si só, constituiriam qualquer zona agrícola dominadora absoluta dos mercados, por um verdadeiro contraste, a indústria açucareira fluminense vai cada hora baixando a minúsculas proporções, e a ninguém é dado prever até onde irá semelhante descaimento. Tendo elementos para ser o maior abastecedor de açúcar a toda a União, podendo, com facilidade, oferecer aos mercados internos e externos milhões de sacos, o estado do Rio, no atual momento, apenas apresenta diminuta cifra". A produção do estado em 1900-1902 foi calculada em 22.680 toneladas, e o consumo local 15.000 toneladas.

Em S. Paulo, embora a produção não satisfaça ainda ao consumo local, a cultura da cana e a fabricação dos seus produtos tem feito consideráveis progressos, contando-se já dez ou doze usinas com os últimos aperfeiçoamentos. Entre 1904 e 1905, avaliou-se em 20.000 hectares a superfície de terras cultivadas com a cana doce, em 22.882 toneladas a produção de açúcar, e em 122 milhões de litros a do álcool. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, há também uma pequena exploração das indústrias de cana, mas sem importância.

Não há estatísticas precisas sobre a produção total e o consumo interno do açúcar e outros produtos da cana no Brasil, sendo avaliado, por aproximação, em 180.000 toneladas o consumo anual e obtendo-se a cifra da produção total com a adição desta cifra à das exportações. O Boletim da Pan American Union, correspondente a fevereiro de 1912, dedica um artigo especial ao Assúcar no Brazil, no qual se calcula a produção brasileira em 300.000 toneladas, em média, das 8.500.000 toneladas em que se calcula a produção mundial do açúcar de cana, ao lado das 6.500.000 a 7.000.000 de toneladas de açúcar de beterraba. Mas o articulista previne que aquela cifra de 300.000 toneladas é mais generosa do que a admitida geralmente por conhecedores do mercado açucareiro. O Journal des Fabricants de Sucre, de Paris, também faz cálculo idêntico, na seguinte estatística para a safra de de açúcar de cana em 1910-1911:

Cuba 1.750.000 t
Índias Orientais 2.150.000 t
Java 1.200.000 t
América do Norte 425.000 t
Porto Rico 475.000 t
Brasil 300.000 t
Louisiana 300.000 t
México 135.000 t
Peru 140.000 t
Argentina 130.000 t
Formosa 160.000 t
Queenslândia 145.000 t
Demerara 100.000 t
Maurícia 200.000 t
Haiti e S. Domingos 90.000 t
Trindade 45.000 t
Barbados 35.000 t
Jamaica 12.000 t
Antígua 22.000 t
Martinica 35.000 t
Guadalupe 30.000 t
Pequenas Antilhas 45.000 t
América Central 50.000 t
Suriname 1.000 t
Venezuela 3.000 t
Filipinas 120.000 t
Nova Gales do Sul 15.000 t
Ilhas Fiji 70.000 t
Egito 45.000 t
Natal 80.000 t
Reunião 45.000 t
Total 8.700.000 t

Essa produção, porém, foi quase toda consumida no país, pois, segundo os dados oficiais, a exportação do açúcar brasileiro em 1911 foi de 36.208.301 quilos (quase 23 mil toneladas menos que no ano anterior, valendo 6.132:210$ papel – o que dá ao açúcar o último lugar, por valor de exportação, entre os nove principais artigos brasileiros.

Montaram a cerca de 4.000 as usinas de açúcar, grandes e pequenas, que funcionam atualmente no Brasil. Das estatísticas que publicamos a seguir, se verá que a maior parte de exportação brasileira se faz com a Inglaterra e os Estados Unidos, seguindo-se-lhes os países do Prata e Portugal; assim como se verá que são Pernambuco e Alagoas os estados que exportam quase todo o açúcar do Brasil.

Exportação de açúcar para o exterior do Brasil - 1905 a 1910

Países de destino

Quantidade em quilos

1905

1906

1907 1908 1909 1910
Inglaterra 15.617.086 48.656.020 5.832.519 14.754.991 51.026.402 46.123.009
Estados Unidos 21.254.165 30.479.959 2.271.521 10.798.881 6.021.753 290.557
Argentina 417.020 4.986.470 4.191.653 5.388.572 10.918.351 7.567.846
Uruguai 309.760 589.697 474.481 514.725 346.487 245.010
Portugal 84.487 178.394 20.418 26.593 161.772 138.914
Diversos 63.992 57.806 66.307 93.632 8.506 5.458.346

Total

37.746.510 84.948.346 12.856.899 31.577.394 68.423.331 58.823.682

Valor em papel

Portos de procedência

1905

1906

1907 1908 1909 1910
Inglaterra 1.793:762$ 4.835:680$ 839:438$ 2.077:602$ 7.450:788$ 7.872:966$
Estados Unidos 4.354:572$ 3.440:778$ 318:013$ 1.564:651$ 1.093:399$ 44:455$
Argentina 116:065$ 763:844$ 822:100$ 933:811$ 2.025:896$ 1.533:036$
Uruguai 64:217$ 71:075$ 132:814$ 256:673$ 102:248$ 64:160$
Portugal 20:433$ 20:151$ 5:318$ 11:543$ 31:817$ 27:672$
Diversos 22:972$ 22:257$ 31:515$ 40:181$ 3:086$ 1.062:952$

Total

6.375:021$ 9.162:785$ 2.149:198$ 4.884:416$ 10.707:234$ 10.605:248$

Valor médio por quilo

$160 $108 $167 $155 $156 $180

A exportação por portos de procedência

Portos de procedência

Quantidade em quilos

1905

1906

1907 1908 1909 1910
Pernambuco 20.385.495 47.118.597 9.390.490 23.324.557 48.595.455 36.835.434
Maceió 14.572.731 31.101.188 1.035.268 5.352.279 11.044.440 14.243.963
Rio de Janeiro 1.332.471 89.485 14.359 2.483.533 1.881.768 5.522.536
Natal 656.200 2.147.725 1.675.000 -- 921.131 496.497
Aracaju 684.000 1.400.000 -- -- 2.993.565 1.410.000
Bahia 46.620 1.152.242 49.900 304.518 2.727.386 203.932
Diversos 68.993 1.939.109 692.882 112.507 619.586 111.320

Total

37.746.510 84.948.346 12.857.899 31.577.394 68.423.331 58.823.682

N.E.: notada da diferença de 1 tonelada no total da movimentação de 1907, entre procedência e destino (12.856.899 x 12.857.899). Mantido o original

O seguinte quadro mostra os extremos de preço alcançados pelas diferentes espécies de açúcares brasileiros nos oito últimos anos.

Anos Usina Cristal branco Terceiras sortes Crist. amarelos Somenos Masca-vinhos Mascavos
1911 $360 a $470 $220 a $520 $225 a $430 $170 a $420 $160 a $380 $140 a $400 $120 a $300
1910 $240 a $310 $215 a $330 $230 a $330 $180 a $280 $170 a $260 $160 a $270 $110 a $220
1909 $240 a $340 $230 a $440 $200 a $410 $190 a $370 $170 a $260 $160 a $270 $110 a $220
1908 $500 a $560 $400 a $620 $400 a $550 $310 a $500 $180 a $310 $180 a $360 $120 a $280
1907 $390 a $560 $300 a $600 $350 a $550 $240 a $530 $290 a $470 $290 a $480 $240 a $360
1906 -- -- $180 a $250 $170 a $210 $140 a $200 $270 a $430 $200 a $540 $150 a $340
1905 $400 a $440 $200 a $400 $200 a $360 $175 a $320 $135 a $165 $120 a $210 $090 a $155
1904 $390 a $440 $320 a $420 $300 a $380 $270 a $370 $170 a $310 $140 a $330 $100 a $275

Numa memória apresentada à Quarta Conferência Açucareira, que se reuniu na cidade de Campos em 1911, o engenheiro Pereira Lima, depois de mostrar que o açúcar de cana adquiriu grande vantagem (63,4% contra 18,3%) sobre a produção do açúcar de beterraba da Europa, no decênio 1901-11 organiza o quadro ao lado, para mostrar os países que mais contribuíram para o desenvolvimento da produção do açúcar de cana (por mil toneladas):

Países

1910-11 1901-2 Diferença
América Central 50 23 + 27
Brasil 310 309 + 1
Cuba 1.850 839 + 1.011
S. Domingos 90 45 + 45
Havaí 475 323 + 152
Java 1.270 720 + 550
Martinica 40 32 + 8
Maurícia 200 145 + 55
México 135 103 + 32
Peru 150 113 + 37
Filipinas 150 67 + 83
Poto Rico 300 82 + 218
Queensland 170 121 + 49
Reunião 45 30 + 15
Peq. Antilhas 45 15 + 30
Natal 80 12 + 68
Formosa 210 -- + 210
Fidji 65 35 + 30
Outros países 780 911 - 131

"No decênio considerado, o aumento definitivo foi, portanto, de 2.490 toneladas, tendo principalmente contribuído: Cuba com 120%; Java 76%; Porto Rico 265%; Havaí 46%; as Filipinas 123%; Maurícia 37%; Natal 566%. O Brasil concorreu com 1.000 toneladas ou 0,3% apenas.

"Em geral, os produtores do açúcar de cana têm colhido vantagens das novas condições econômicas criadas pela Convenção de Bruxelas, isto é, da abolição dos prêmios nos principais países produtores do açúcar de beterraba do continente europeu, mas o cultivo da cana tem sobretudo aumentado, nos países que, em virtude da tarifa dos Estados Unidos, têm continuado a gozar de um prêmio indireto, como sejam: Cuba, Porto Rico, as ilhas Havaí, as Filipinas".

Como dissemos no começo deste artigo, a importação de açúcar estrangeiro no Brasil ainda é considerável, tratando-se de um país produtor e que defende seu produto com altas tarifas de importação. De 1901 a 1908, foram importadas sucessivamente 40, 54, 55, 74, 49, 95 e 199 toneladas.

Para defender a produção nacional, o Brasil criou taxas de importação quase proibitivas. Em 1906, essas taxas, que chegavam a ser de 1.000 réis por quilo, para os países que não dão prêmios à exportação desse produto, foram reduzidas a 200 réis; mas já em 1908, mediante representações das associações comerciais, sindicatos e associações agrícolas dos estados açucareiros, o governo levantou de novo a tarifa para 400 réis por quilo de açúcar estrangeiro.

Esta proteção, porém, contra a concorrência estrangeira, ainda não bastou para normalizar a indústria no país; de sorte que a recente Quarta Conferência resolveu, por um lado, organizar um convênio entre os estados açucareiros, destinado a fixar mais ou menos, alteando-os em relação aos atuais, os preços para o consumo interno do açúcar, e, por outro lado, pedir ao governo a redução do direito de entrada de açúcar estrangeiro para $200 por quilo, "restabelecendo desse modo a taxa aceita pela comissão permanente do Convênio de Bruxelas e garantindo o consumidor nacional contra qualquer alta exagerada de preços do produto".

A Conferência resolveu mais formular "um projeto de organização comercial da indústria açucareira no Brasil", cuja base é a fundação de uma Cooperativa Açucareira do Brasil. Desse projeto, formulado em 21 cláusulas, transcrevemos as seguintes:

"A Cooperativa iniciará as suas operações com o capital mínimo de quinhentos contos de réis representados por 10.000 ações de 50$ cada uma." (Cláus. II)

"À Cooperativa será cometida a incumbência de normalizar o comércio nacional de açúcar, promovendo o equilíbrio da produção com o consumo e corrigindo a anarquia comercial em que se debate esse produto." (Cláus. V).

"Para poder desempenhar-se da incumbência, a Cooperativa receberá dos Estados açucareiros a quinta parte do valor do açúcar que exportarem para os mercados nacionais." (Cláus. VI).

Um próximo futuro verá sem dúvida uma revivescência da reputação outrora gozada pelo açúcar brasileiro, e os capitais podem encontrar muito piores empregos do que nas ricas plantações de cana-de-açúcar do Brasil, ou na introdução de maquinismos modernos em sua indústria.

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Rocha Lima & Cia.: 1), 2, e 3 4) A usina de Açúcar São Bento; 5) Residência particular do dr. Fr. da Rocha Lima

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Companhia Geral de Melhoramentos em Pernambuco – Esta companhia, fundada em fevereiro de 1891, explora especialmente a indústria açucareira, em importante zona do estado de Pernambuco. Para garantir o fornecimento da matéria-prima às suas fábricas, foi construída uma rede de estradas de ferro, que se tornou de interesse geral, estabelecendo o serviço de tráfego público de passageiros e mercadorias. As linhas medem a extensão total de 80 quilômetros, com a bitola de 1,00 m entre trilhos, e apresentam um traçado de excelentes condições técnicas.

A companhia possui ainda várias propriedades territoriais, algumas cultivadas administrativamente e outras confiadas a rendeiros, mediante taxas proporcionais às colheitas e em escala diferencial, para estimular o desenvolvimento da produção. A compra de  matéria-prima é feita por tabela a preços variáveis, com as cotações do açúcar no mercado e bonificação de acordo com a riqueza sacarina da cana fornecida. Um excelente laboratório, montado na Usina Cucaú, faz as análises necessárias à seleção das espécies plantadas e verificação técnica do fabrico.

O ativo da companhia eleva-se, pelo último balanço, a cerca de Rs. 10.000:000$000 e todas as mais propriedades se acham em perfeito estado de conservação. A produção das duas usinas, no último qüinqüênio, em açúcar e álcool, foi representada pelas cifras seguintes:

Período Açúcar Álcool
  Toneladas Hectolitros
1906-1907 4.902 11.659
1907-1908 6.262 15.714
1908-1909 8.753 20.532
1909-1910 6.661 14.832
1910-1911 6.746 16.193

A usina de Ribeirão é uma antiga, mas interessante, fábrica situada em excelente região agrícola. A sua capacidade de trabalho é de 200 toneladas de cana por dia, com destilação para produzir 3.500 litros de álcool em 24 horas. Os aparelhos são bem grupados, produzindo rápida e economicamente o açúcar branco da melhor qualidade e álcool de 42 Cartier. A usina Cucaú é uma das mais importantes e aperfeiçoadas do Brasil, na sua espécie.

O edifício principal mede 35 m de largura e 100 m de comprimento, com a altura de 10 m. Há ainda o edifício da destilaria, oficinas de reparação, armazém de açúcar, balança, escritório e casas para habitação de pessoal administrativo e operários, em número superior a 200 homens, e suas famílias. O conjunto oferece um aspecto grandioso e impressionante. Os  serviços são organizados de maneira a satisfazer completamente todas as exigências da exploração industrial. A linha férrea principal e numerosos ramais agrícolas, servidos por várias locomotivas, trazem a cana à balança de 8,50 m de comprimento e da força de 40 toneladas, podendo pesar os maiores vagões.

A luz elétrica é abundantemente distribuída por toda a parte onde é necessária. O riacho Cucaú abastece de água a usina, por meio de um encanamento de 0,50 m de diâmetro. Além disso, uma bomba centrífuga, acionada eletricamente, pode elevar 120 litros por segundo, no Rio Serinhaém, que passa a 500 m da fábrica.

Montada em 1902, a usina Cucaú trabalhou até 1908 com o processo da difusão direta da cana, na razão de 300 toneladas por dia. O engrandecimento da usina, começado em 1909 e prosseguido metodicamente, está terminado; e a sua capacidade total é hoje de 800 toneladas de cana por dia. Para esse aumento, emprega-se o sistema de extração por tríplice moenda, com desfibrador Krajewsky.

Os serviços de difusão, trabalho pelas moendas, filtração, evaporação, cozimento e turbinação são feitos com o maior zelo e capricho e com o emprego dos mais modernos e perfeitos aparelhos. O vapor para a usina e para a destilaria é produzido por: 1º) um gerador Sterling, de 550 meros quadrados, munido de chaminé com ventilador, sistema Prat, timbrado a 10 quilogramas, com forno e bagaço, fornecendo o vapor às moendas. O excedente é introduzido na canalização geral da usina, por um distensor especial, que somente deixa passar o vapor, quando as moendas têm o seu contingente garantido; 2º) Um gerador Sterling, de 450 metros quadrados, timbrado a 10 quilogramas com forno de bagaço e distensor de vapor a 5½ quilogramas, para o serviço geral; 3º) Um grupo de sete geradores semi-tubulares de fervedores, dos quais quatro são munidos de fornalha Godillot, para queimar bagaço. Os três são dispostos para queimar lenha. A superfície de aquecimento deste grupo é de 960 metros quadrados. A superfície de aquecimento total dos geradores é, pois, de 1.980 metros quadrados.

Cucaú possui um laboratório provido de todos os aparelhos e instrumentos necessários ao serviço químico de fabricação e às análises das canas, das terras e dos adubos. Esse laboratório atende gratuitamente às consultas dos fornecedores da companhia, que procuram melhorar suas canas pela seleção das plantas.

Da mesma maneira que em relação à usina, procede-se ao aumento da destilaria que, para a campanha de 1912-1913, se comporá do seguinte material: 20 cubas para fermentação, de 250 hectolitros cada uma; uma coluna de destilar e uma coluna de retificar, sistema Savalle, produzindo 4.000 litros de álcool fino a 43 Cartier, em 24 horas; um aparelho de destilação e retificação contínua, sistema Barbet, produzindo por dia 8.000 litros de álcool fino pasteurizado, a 43 Cartier. A produção total diária será, pois, de 12.000 litros.

Brandão & Cia. – A firma Brandão & Cia, fundada há 5 anos, em Campos, era a princípio proprietária das Usinas Santo Antonio e Visconde; ultimamente, porém, adquiriu também a denominada Dores. Nestas três usinas está empregado o capital de Rs. 1.100:000$000. Presentemente, a produção é de 55.000 sacos de açúcar de 60 quilos cada um; mas os proprietários estão gradualmente aumentando os seus negócios.

A casa das máquinas, que é de ferro, está guarnecida do que de mais aperfeiçoado existe no gênero. O maquinismo, que é todo dos fabricantes Mariolle Frères, de Saint-Quentin (França), compreende caldeiras, moinhos, evaporadores centrífugos etc. A destilaria produz anualmente cerca de 2.000 pipas de 480 litros cada uma.

No transporte da cana para as usinas trabalham 400 bois e, para o transporte do açúcar e aguardentes exportados, em grande parte, para o Rio de Janeiro e às vezes para a Europa, há um desvio de 5 quilômetros de extensão que vai da fazenda à linha Leopoldina. Este serviço custa à firma Rs. 120:000$000 aproximadamente. Não produzindo as fazendas cana suficiente para a fabricação, metade do produto que a fábrica consome é comprada noutros canaviais.

Os sócios componentes da firma são os srs. João Teixeira Brandão, Sebastião Teixeira Brandão, Benedicto Teixeira Brandão e Ignacio Alves da Silva.

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Usina Cabeça de Negro (propriedade do dr. Davino dos Santos Pontual): 1) Casa de residência da Cabeça de Negro; 2) Gibanete; 3) Usina Cabeça de Negro; 4) Grupo de potros criados na Cabeça de Negro

Foto publicada com o texto, página 437. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Usina Santa Cruz - A Usina Santa Cruz, em Campos, de propriedade do sr. Vicente de Miranda Nogueira, produz anualmente de 70 a 80.000 sacos de açúcar. Os maquinismos consomem 300 toneladas de cana em 22 horas. A usina emprega o sistema Cail, de evaporação pelo vácuo, o que há de mais aperfeiçoado no gênero. As máquinas de moer e outras são de fabricação inglesa.

As canas provêm de 12 plantações, que cobrem a área de 1.800 alqueires e são também de propriedade do sr. Nogueira. Para o transporte dessa matéria-prima há 700 bois e 40 carros.

A Usina Santa Cruz foi fundada em 1884, pelo barão de Miranda; passados 11 anos, foi adquirida pelos srs. Vicente Nogueira e Luiz Tinoco. Anos depois, retirou-se este último e o sr. V. Nogueira ficou sendo único proprietário. A Usina Queimada, que também é de sua propriedade, pode manipular até 450 toneladas de cana em 22 horas. O capital empregado nessas indústrias anda em cerca de Rs. 3.000:000$000.

Engenho Central de Quissaman - Esta importante usina de fabricação de açúcar, a mais antiga do estado do Rio, foi fundada em 1876 pelo conde de Araruama. O seu maquinismo, todo de fabricação dos conhecidos estabelecimentos Fives Lille, pode moer até 500 toneladas de cana diariamente. A produção anual vai, em média, a 60.000 sacas de 60 quilos cada e 2.000 pipas de aguardente; se, porém, for necessário, pode atingir 100.000 sacas.

A usina e todas as suas dependências são iluminadas à eletricidade e todo o seu maquinismo acionado a vapor por diversos motores. Para transporte da cana, que é toda ela adquirida nas vizinhanças da usina, há uma linha férrea, própria, com 80 vagões de 6 toneladas e 4 locomotivas. Essa linha estende-se por 40 quilômetros.

A diretoria da sociedade anônima proprietária da usina compõe-se dos srs. visconde de Ururai, presidente; dr. José Ribeiro de Castro, tesoureiro; e visconde de Quissaman, gerente. A direção técnica está confiada ao sr. Bodaine.

Usina Sant'Anna - A Usina Sant'Anna, em Campos, foi recentemente adquirida pelo sr. Manoel Antonio Ferreira, que a está provendo de maquinismos modernos e aperfeiçoadíssimos. com esses maquinismos poderá a fábrica produzir de 30 a 40.000 sacas de açúcar anualmente. Pertencem à usina três vastos canaviais, que cobrem uma área de 5.000 acres de terras; e o proprietário tenciona em breve adquirir outro de não menor importância.

Na usina encontra-se ainda uma bem instalada destilaria, onde o álcool das usinas vizinhas é retificado e vendido para fabricação de licores. A casa faz anualmente para mais de 3.000 contos de transações. O sr. Manoel Antonio Pereira é também importador de máquinas para usinas de açúcar e tem uma oficina, perfeitamente montada, para consertos. Naquele ramo realiza anualmente negócios no valor de Rs. 2.000:000$000.

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Usina União e Indústria (Santos Dias & Cia. e Silveira Lins & Cia.: 1) Estrada de ferro da usina; 2) Os canaviais em Pilões; 3) A Usina
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Usina União – A Usina União, de propriedade do sr. Luiz A. F. Tinoco, data de 1893, mas só em 1896 foi adquirida pelo seu atual proprietário. Este, em 1908, tomou como sócio o sr. Cabral. A produção tem aumentado gradualmente; a última safra foi de 30.000 sacas e a futura é calculada em 45.000. A propriedade se estende por 3.300 hectares. O capital empregado anda em mais de Rs. 1.200:00$000.

O maquinismo, todo ele moderno, dos fabricantes Mac Neeloof, de Glasgow, e Mariolle Frères, de Saint-Quentin (França), compõe-se de 7 defecadores, 4 eliminadores, 1 evaporador de quádruplo efeito, 3 moinhos e 6 centrífugos. Na destilaria, há 4 alambiques. A produção anual vai a 800 pipas de 480 litros. Na fazenda, estão empregadas 500 pessoas, e na usina 100.

Esta, que trabalha dia e noite, é iluminada à luz elétrica. A usina manda a maior parte dos seus produtos para o Rio de Janeiro e às vezes exporta para a Europa. Está situada na margem da linha Leopoldina. Para facilitar o transporte da cana para o moinho, foi construída uma linha de 12 quilômetros que atravessa a fazenda.

O sr. Luiz Tinoco fez os seus estudos na América do Norte, no Colégio Agrícola de Massachusetts, onde se formou. Em 1894, entrou para sócio da Usina Santa cruz, em Campos.

Companhia Usina São João – Esta usina de Campos, que ultimamente passou por grandes reformas e melhoramentos, produziu na última safra 24.292 sacos e açúcar e 171.041 litros de aguardente. A sua receita elevou-se a Rs. 302:853$321 e a despesa a Rs. 252:144$127, havendo, portanto, o saldo de 50:709$194. Dos maquinismos antigos, apenas puderam ser aproveitados um aparelho de vácuo, um terno de moendas, com a respectiva máquina motora, o alambique e os depósitos de açúcar de terceiro jato.

Para facilitar o trabalho de moagem, há um serviço de vagonetes sobre trilhos, para os quais são removidas as canas que vão chegando e não podem ser imediatamente despejadas na esteira. Com esse melhoramento importantíssimo, além de muitas outras vantagens para a marcha do serviço, conseguiu a usina grande redução no número de pessoas ocupadas em encher a esteira, reduzindo bastante as despesas com tal serviço.

Prevendo a necessidade de ligar a usina à linha da Leopoldina, adquiriu a empresa 15 vagonetes com a bitola daquela estrada. Para atender a todos esses serviços extraordinários, despendeu a companhia, até 31 de março de 1911, a quantia de Rs. 298:652$737. A vasta extensão de terras pertencentes à usina foi ainda enriquecida com a aquisição dos sítios de Limão e Sapucainha, pela quantia de Rs. 29:000$000.

Não só estas, como todas as propriedades da companhia, se acham em franca prosperidade, pois de ano para ano aumentam as suas lavouras. É certo que, no ano findo, ainda algumas delas apresentaram pequenos déficits; deve-se, porém, levar em conta que os preços alcançados pelas canas foram desastrosos para a lavoura.

Nas propriedades encontra-se grande quantidade de gado, mais de 1.000 cabeças. Com o correr do tempo e em época não muito longínqua, terá a companhia, na indústria pastoril, uma boa fonte de renda.

A diretoria da companhia compõe-se dos srs. coronel Ernesto de Campos Lima, presidente; João Maria Pereira Soares, secretário, e Umbelino Pacheco, tesoureiro.

Société des Sucreries Brésiliennes – A Société des Sucreries Brésiliennes, com sede social em Paris, Rua Henner, 13, foi fundada com o capital de 7.000.000 de francos, em ações de 100 francos. Era seu fim incorporar 5 diferentes companhias. Atualmente é proprietária de 6 usinas, a saber: a de Vila Rafard, a de Piracicaba, duas em Cupem e Paraíso, uma em Porto Feliz e outra em Lorena. A principal, que é a de Piracicaba, prepara anualmente 120.000 sacas de açúcar de 60 quilos cada uma. Para facilidade do transporte, possui a usina uma linha férrea de 32 quilômetros de extensão, com importante material rodante e 5 locomotivas.

A usina da Vila Rafard fabrica 75.000 sacas de 60 quilos cada uma. Igualmente para facilitar o transporte, dispõe essa usina duma linha férrea em comunicação com os canaviais, material rodante e 3 locomotivas. As usinas de Cupem e Paraíso fabricam cada uma 50.000 sacos anualmente. Como nas outras, há linhas férreas e diversas locomotivas. A usina de Porto Feliz fabrica 25.000 sacos e a de Lorena outro tanto. O total da fabricação das usinas atinge 330.000 sacas de açúcar, as quais são vendidas no interior do estado. A cana vem de terrenos pertencentes à Sociedade, sendo apenas 10% do consumo comprados em outros canaviais.

O material rodante compõe-se duns 350 vagões de 5 a 10 toneladas de capacidade. A Sociedade emprega em suas propriedades 200 colonos, na sua maioria italianos. O diretor-gerente no Brasil, que é o sr. Lombard, engenheiro, há 22 anos vive neste país. Trabalhou alguns anos em Minas Gerais; foi diretor e professor da Escola Politécnica de Pernambuco, e, a bem dizer, visitou todo o Brasil.

Quando a Société des Sucreries Brésilliennes incorporou as usinas atuais, era o sr. Lombard diretor-gerente das usinas de Cupem e Paraíso. Passou então a ser diretor-gerente de todas as que formam a Société des Sucreries Brésilliennes. A Sociedade tem o seu escritório em São Paulo, à Rua Paula Souza, 41. O presidente da companhia é o sr. L. Mellier, residente em Paris.

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A usina de Açúcar Massauassu
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Engenho Central de Piracicaba – Fundado em 1882 pelo barão de Rezende, o Engenho Central só começou a funcionar no ano seguinte, em 1883, época em que foi concluída a sua montagem, pelo engenheiro construtor dr. André Patureau. Nesse ano, a safra obtida foi de cerca de 8.000 toneladas de cana. Quatorze anos mais tarde, em 1897, a safra elevara-se apenas a 21.000 toneladas. Em 1899, o Engenho Central passou a ser propriedade da Société des Sucreries Brésiliennes, com sede em Paris e filial em São Paulo.

Desde o começo do seu funcionamento, até essa data, e apesar de ter pertencido a diversas associações, poucos aperfeiçoamentos recebeu o Engenho Central. Procurando remediar estas faltas e querendo ao mesmo tempo alargar a fabricação do açúcar, tratou logo a sua nova proprietária de aumentar consideravelmente os maquinismos, desenvolvendo também largamente as plantações de cana.

Hoje a companhia Sucreries dispõe de cerca de 1.559 alqueires paulistas (de 5.000 braças quadradas) de terras para as suas plantações. Estas terras estão colonizadas com mais de 800 famílias, em sua maior parte de nacionalidade italiana. Os colonos plantam as canas, de que são proprietários, vendendo-as ao Engenho, a peso.

São as seguintes as fazendas de que dispõe atualmente a companhia: Santa Rosa, com 604 alqueires; Santa Lydia, 253; São Luiz, 124; Cayapiá, 333; Gilbert, 90; Sant'Anna, 78; São Pedro e Areão, 106; Santa Cruz, 40, e Fransnetti, 30. A área já cultivada com cana, nestas fazendas, é, aproximadamente, de 1.800 hectares.

A companhia possui 35 quilômetros de linha férrea, com 5 boas locomotivas e 107 vagões apropriados para condução das canas. Além desses 35 quilômetros, o Engenho se utiliza de cerca de mais 60 da linha Sorocabana. A companhia possui também grandes plantações de cana na margem esquerda do rio, para cujo transporte dispõe de um bom serviço fluvial.

Os principais maquinismos existentes no Engenho são os seguintes: 1 desfibrador, 1 moenda de 9 cilindros, 10 caldeiras a vapor, 12 tachos de defecação, 6 eliminadores, 2 tríplices efeitos, 4 vácuos, 16 turbinas de açúcar, 5 resfriadores, 5 motores a água, 18 a vapor e 2 a eletricidade.

O Engenho Central está agora numa fase de grande prosperidade. Financeiramente, a situação da Sucreries é excelente. O seu capital é de 7.000.000 de francos, divididos em 7.000 ações de 100 francos. O último dividendo pago foi de 6 francos. Quanto ao seu trabalho, os dados seguintes são muito expressivos: em 1883, fabricou o Engenho 9.000 sacos de açúcar; em 1899, fabricou 23.000 sacas. Nesse tempo, a produção diária não ia além de 180 sacas de 60 quilos. Hoje, a capacidade média, em 12 horas, é de 250 toneladas de cana, sendo a produção diária de açúcar de mais ou menos 800 sacas. A produção média anual é, aproximadamente, de 100.000 sacas.

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Usina Catende (Mendes Lima & Cia.)
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Usina São Bento – Esta usina está situada no distrito de Santo Amaro, estado da Bahia, e possui uma linha férrea particular, de 10 quilômetros de comprimento, que a liga à Terra Nova. Esta linha serve para trazer cana dos engenhos da vizinhança para a fábrica e também para transportar o açúcar para o porto de embarque, a Bahia. Existem 5 locomotivas e grande número de vagões que estão em serviço constante numa ou noutra parte da fazenda.

A fábrica tem, mais ou menos, 20 anos de existência, e sempre pertenceu à família Rocha Lima, ao qual sucedem, hoje, os srs. Rocha Lima & Cia. A usina começou muito modestamente, mas, devido ao grande desenvolvimento tomado pela plantação, foi ampliando os seus serviços e ultimamente fazia parte dum grupo de 4 pequenas fábricas. Há três anos os seus proprietários resolveram fazer uma dispendiosa reconstrução, e das quatro pequenas usinas formaram uma, excelentemente montada e que, pelos seus modernos maquinismos e terrenos apropriados para a plantação da cana, se tornou uma das primeiras da América do Sul. A sua instalação inclui as máquinas francesas e inglesas mais modernas do gênero. O total dessas despesas subiu a Rs. 800:000$000. Entre as máquinas empregadas, existe uma moenda tríplice, acionada por uma máquina Corliss, da conhecida casa Fletcher.

A força motriz empregada é o vapor. A usina possui 5 caldeiras, sendo duas dos afamados fabricantes Babcock & Wilcox, e três francesas semi-tubulares. O combustível empregado é o bagaço, o qual se introduz nas caldeiras automaticamente. Possuindo o bagaço excelentes qualidades de combustão, representa por isso uma grande economia em relação à lenha ou ao carvão.

A produção da fábrica regula 65.000 sacos de 60 quilos cada, por safra, e é consignada a corretores na Bahia, os quais, por sua vez, procuram colocá-la nos mercados estrangeiros.

O diretor gerente da usina é o dr. Francisco da Rocha Lima (auxiliado por um engenheiro francês, como administrador técnico). Filho do fundador, o dr. Rocha Lima, desde que saiu da faculdade se dedicou, com grande interesse, ao desenvolvimento da empresa. Viajou quase toda a Europa, aperfeiçoando-se na especialidade da fabricação do açúcar.

O dr. Rocha Lima é baiano; formou-se em Medicina no ano de 1887. É membro do Sindicato Açucareiro da Bahia, e tomou parte ativa na sua fundação; foi também um dos fundadores da Companhia Alcoólica da Bahia. Possui uma bela vivenda perto da usina e tem também uma propriedade na cidade, à Rua da Vitória, 73.

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Usina Aripiru (propriedade dos srs. Pontual & Cia.)
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Usina São Carlos - A Usina São Carlos, instalada em Santo Amaro, estado da Bahia, foi fundada em 1897 pelo sr. Carlos Martins Vianna, e rapidamente assumiu um dos primeiros lugares entre os estabelecimentos congêneres, posição essa que tem sempre mantido devido ao espírito de iniciativa e previdência dos seus administradores. Há alguns anos, admitiu o sr. Carlos Martins Vianna, como sócios, seu filho dr. Carlos Martins Vianna Junior e o sr. A. B. Johnston, que havia sido gerente da usina, desde a sua fundação.

Os proprietários da usina possuem também 5.800 tarefas (N.E.: medida de área, variável: a tarefa gaúcha corresponde a 9,68 hectares, a nordestina vale 30,25 hectares, a cearense vale 36,39 hectares e a baiana, 43,56 hectares. 1 hectare vale 10 mil m²) de terras, nas quais estão plantadas duas terças partes da cana consumida na usina; a parte restante é comprada aos plantadores vizinhos.

Na usina, cuja capacidade de produção é de 350 toneladas por 24 horas, trabalham de 50 a 70 operários; incluindo os empregados nas plantações, o número de pessoas ocupadas no estabelecimento vai a algumas centenas. Os proprietários estão pensando agora em reorganizar a instalação, de modo a aumentar a produção para 500 toneladas de açúcar por dia. Uma linha férrea de perto de 14 km atravessa as terras da usina, e mais 8 km estão em via de construção, ao longo das terras recentemente adquiridas. Há três locomotivas e o material rodante correspondente.

Todo o açúcar vai para a Bahia, onde é vendido na sua quase totalidade; apenas uma pequena parcela segue para o Rio de Janeiro, quando se oferece ensejo favorável.

O sr. Carlos Martins Vianna, chefe da firma, é natural da cidade da Bahia (N.E.: Salvador), onde estudou e praticou o comércio, antes de iniciar a sua carreira industrial. Seu filho, dr. Carlos Martins Vianna, fez os seus estudos na Inglaterra, na Tiverton School, Devonshire, estudando também Engenharia em Manchester. O sr. A. B. Johnston é também engenheiro formado em Glasgow. Veio para o Brasil há alguns anos e esteve em outra usina antes de assumir o cargo de gerente da S. Carlos.

Usina Aliança - Esta usina, fundada em Santo Amaro, estado da Bahia, há 20 anos, é hoje propriedade da sociedade em comandita, por ações, Sá Ribeiro & Cia. O capital da sociedade é de Rs. 2.581:000$000 e são seus gerentes: financeiro, o dr. Alfredo Cesar Cabussú; e industrial, o dr. Emygdio Augusto Sá Ribeiro.

A usina, que ocupa uma área de 2.750 metros quadrados, produz, em média, por dia, 450 sacas de açúcar, de 60 quilos cada uma; por safra, a sua produção vai a 70.000 sacas de açúcar e mais 3.000 pipas de melado, de 800 litros cada uma. É servida por uma linha férrea de 18 quilômetros de extensão, a qual percorre os canaviais e entronca com a estrada de ferro de Santo Amaro. Dispõe duma instalação elétrica que funciona em todas as suas dependências e uma rede telefônica que a liga a todos os engenhos, a várias plantações de cana e à estrada de ferro.

A sociedade tem quatro engenhos: Cazumba, S. Miguel, Matta e Pará; e explora, por arrendamento, os de Nazareth, Britto e Jacuipe. O total desses engenhos representa 3.688 hectares de terras inteiramente plantadas.

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Usina S. José (propriedade dos srs. Padilha & Pontual)
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Usina Capimirim - Foi esta usina de açúcar fundada em 1896, no município da Vila de São Francisco, estado da Bahia, pelo sr. Manoel de Souza Machado, que é ainda o seu único proprietário. A produção da usina, por safra, sobe, em média, a 40.000 sacas de 60 quilos; as suas máquinas preparam, em 24 horas, 350.000 quilos de cana.

O sr. Souza Machado possui também plantações de cana, da superfície total de 250 hectares. Nessas plantações e na fábrica trabalham, ao todo, cerca de 350 pessoas. A empresa, cujo capital é de Rs. 1.200:000$000, compra ainda grandes quantidades de cana de outros plantadores; e não só vende o seu produto em Pernambuco, como também o exporta para outros estados do Brasil.

A usina é servida por uma linha férrea, própria, de 6 quilômetros de extensão, na qual trafegam três locomotivas e 72 vagões; nessa linha e no material rodante, foi empregado o capital de Rs. 200:000$.

Usina Aratú - A usina de açúcar Aratú, fundada em 1896, é propriedade dos srs. Moraes & Cia., firma que tem por chefe o dr. Eduardo Rodrigues de Moraes. A usina fica situada a 18 quilômetros da cidade da Bahia, na Estrada de Ferro de Bahia a Alagoinhas; e, além das comunicações por linhas férreas, dispõe também de facilidades de comunicações por via marítima. Da usina dependem dois engenhos, um em Aratu e o outro em Cotegipe. A produção é, em média anual, de 34.000 sacos.

O dr. Eduardo de Moraes é natural da Bahia. Formou-se em Medicina em 1904, e clinica na Bahia, onde é reputado especialista em otorrino-laringologia.

Cabeça de Negro - É no centro da melhor zona açucareira do estado de Pernambuco, compreendida nos municípios de Amaragi e Escada, que se acha situada a Usina Cabeça de Negro, de propriedade do dr. Davino dos Santos Pontual. Foi ela edificada em 1888 pelo barão de Frexeiras (Antonio dos Santos Pontual), vulto de grande renome e consideração no estado; e por morte deste, passou a seu sobrinho, o dono atual.

A usina fica a 5 quilômetros da estação de Frexeiras, no centro de vastas e importantes propriedades. Dela fazem parte dois engenhos, cujas extensas plantações de cana dão avultada produção. A usina é servida, para o transporte da cana, por uma estrada de ferro particular, de 20 quilômetros de extensão, na qual trafegam duas locomotivas e 80 vagões. Moem-se na usina, durante a safra, mais de 20.000 toneladas de cana, que produzem açúcar de primeira qualidade, para consumo do país. E o fabrico do álcool, que é também do melhor, vi a cerca de 150.000 litros por safra.

O dr. Davino Pontual, já tão conhecido nesta indústria, tornou-se também, nos últimos anos, grande criador de cavalos de raça. Em Boa Vista, tem ele uma coudelaria, com três reprodutores puro-sangue. Um destes, hoje denominado Gibanete, tornou-se famoso no Uruguai, pelo nome de Verdugo, ex-McKinley. Nasceu no Uruguai, a 13 de setembro de 1900, por Litigation e Violeta - esta muito conhecida por Princesse Louise II, por Lord Lyon e Forcet Dance, filha de King of the Forest. Gibanete, por sua perfeita conformação e soberba estampa, representa o mais belo exemplar de reprodutor.

O segundo reprodutor da coudelaria é a égua La Valroy, nascida em França em 1903, filha de Saint Damien (por Saint Simon e Distant Shore) e de Thessaly, por Wisdom e Prikles. O terceiro reprodutor é a égua Jahyra, nascida na Inglaterra em 1896 por Bhillington e uma filha de Bend'or, o pai de Diamond Jubilee. Deste núcleo, tem o dr. Pontual obtido quatro puro-sanague e 42 meio-sangue, estes últimos de cruzamento árabe. Os quatro puro-sangue são: Pernambuco, nascido em 1910, por Gibanete e La Valroy; Jandyra, nascida em 1911, por Gibanete e Jahira; Le Voilà, nascido em 1911, por Gibanete e La Valroy; La Veloce, nascida em 1912, com a mesma filiação.

Os cruzamentos efetuados na coudelaria têm dado o melhor resultado, como prova a medalha de ouro da Exposição de Pernambuco, em 1908, com os seguintes dizeres: "Sociedade Animadora da Criação de Cavalos em Pernambuco. Prêmio de honra concedido a Gibanete, em março de 1908".

O dr. Davino Pontual vive na sua aprazível propriedade, Cabeça de Negro, dedicando-se à direção das suas indústrias. É natural de Pernammbuco, filho do coronel Davino dos Santos pontual; e formou-se em Direito, pela Faculdade do Recife, em 1886. O dr. Pontual obteve duas medalhas de ouro na Exposição Universal de Turim em 1911, para os produtos que aí expôs.

Santos Dias & Cia. - A zona do município da Escada, servida pela seção central da Great Western of Brazil Railway, é a mais famosa do estado de Pernambuco, tanto pela fertilidade do seu solo como pela beleza das suas paisagens. A 70 quilômetros da cidade do Recife, fica a estação de Frecheiras, em torno da qual se encontram algumas das principais usinas do Norte do Brasil. Uma destas é a união e Indústria, propriedade da firma Santos Dias & Cia., a qual hoje possui vasta extensão de terrenos arborizados, bem irrigados, próprios, portanto, para a cultura, não só da cana a que a firma se dedica particularmente, como também do café, mandioca, banana etc.

As experiências ali feitas, em diversos ramos de agricultura, têm dado sempre os melhores resultados. As terras que circundam a usina União e Indústria são onduladas, e de cada colina brota um riacho, confluente do Rio Ipojuca. Numa das propriedades, existe uma bela queda de água, de 100 metros de altura, conhecida pela denominação de Cachoeira do Urubu.

O primeiro empreendimento levado a efeito, para o desenvolvimento progressivo das propriedades desta firma, foi a construção duma estrada de ferro que se ficou denominando Ferrovia Santos Dias. Esta linha, que vai de Frecheiras a Amaragi, com um ramal para a Vila da Primavera, importou em elevada soma, devido ao acidentado dos terrenos e outras dificuldades a remover. A linha, que se estende por 60 quilômetros, percorre grande parte das terras de plantação, e serve não só para transportar a cana do campo para a usina e o açúcar da usina para Frecheiras, como também para conduzir passageiros. Dispõe ela de oito locomotivas e 145 vagões, além dos carros para passageiros.

A Usina União e Indústria, inquestionavelmente uma das mais bem montadas do estado, foi construída, em 1906, pelo coronel Manoel Antonio dos Santos Dias, o qual também fundara a Usina Santa Filomila, em 1888. Por morte do coronel Santos Dias, fundiram-se as duas usinas.

A primeira constitui, no tempo da safra,um centro de grande atividade. Produz três qualidades de açúcar; e das 60.000 a 70.000 toneladas de cana que mói, obtém 9% de açúcar, sendo 7,8% de primeira qualidade. Excelentemente edificada, possui a Usina União e Indústria os mais modernos maquinismos, entre os quais se notam três grandes moendas, três bombas para água e diversas caldeiras que geram o vapor necessário aos motores e outros serviços. Além disso, há uma dependência magnificamente montada com tornos, plainas e máquinas hidráulicas etc.

Fazem parte da firma Santos Dias & Cia. os srs. dr. José Candido Dias, Pedro dos Santos Dias, dr. Manoel Antonio dos Santos Dias Filho, André dos Santos Dias, d. Thereza dos Santos Dias, dr. Zenobio Marques da Silveira Lins e Zeferino Velloso da Silveira Pontual. Os sócios-gerentes são os srs. dr. José Candido Dias e André dos Santos Dias.

O primeiro está associado aos srs. dr. Luiz de Caldas Lins e dr. Zenobio Marques da Silveira Lins, na vizinha Usina Massauassú, que é também uma excelente propriedade. Esta usina foi construída em 1906 pela firma Silveira Lins & Filhos. A média de trabalho das suas moendas tem sido, até hoje, de 35.000 toneladas de cana por safra, com a porcentagem de 7% a 8% de açúcar; mas, com os melhoramentos que lhe estão sendo introduzidos, poderá ela trabalhar 70.000 toneladas, vindo a ter importância igual à da Usina União e Indústria.

O diretor da Usina Massauassú, dr. José Candido Dias, nasceu em Pernambuco. Formou-se em Direito em 1889, mas não seguiu a advocacia, unindo-se a seu pai para a organização e administração das suas propriedades. O sr. André Santos Dias, seu irmão, engenheiro prático, educou-se no seu mister com a firma George Fletcher & Co., Derby, Inglaterra, e em Kiel, Alemanha.

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Usina Bulhões (propriedade do sr. Thomaz de Aquino Pereira)
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Usina Catende - A firma comercial Mendes Lima & Cia. é também proprietária da usina de açúcar Catende, hoje uma das maiores do Brasil e rodeada de ótimas terras para a lavoura. A usina fica situada em Catende, município de Água Preta, a 143 quilômetros do Recife, na seção Sul da Great Western Railway.

A usina acaba de ser inteiramente remodelada, sendo a capacidade de produção elevada de 500 para 1.200 sacos de açúcar (de 80 quilos cada um) em 22 horas. Os maquinismos foram fornecidos pelos srs. George Fletcher & Co., Derby, e a instalação agora feita torna a usina uma das mais modernas do Brasil. Possui a usina cerca de 90 quilômetros de linhas férreas, dos quais 18 quilômetros acabam de se completar, ficando assim muito facilitado o serviço de transporte da cana. Atualmente, acham-se em construção mais cerca de 30 quilômetros de linhas férreas.

Usina Timbó - A usina de açúcar conhecida pela denominação de Usina Timbó fica situada próximo à fábrica de tecidos também propriedade da Companhia Tecidos Paulista. Durante a colheita, emprega a usina de 400 a 500 homens. Na usina, como na fábrica de tecidos, são empregados os métodos mais modernos; e durante uma estação de quatro meses, moem-se ali cerca de 25.000 toneladas de cana, com a porcentagem de açúcar de 6½% a 7%.

Em sua propriedade, possui a companhia 30 quilômetros de linhas férreas usadas para o transporte da cana para a usina e também de mercadorias para o porto de Maria Farinha, donde elas seguem para o Norte e Sul do Brasil. Esta usina foi adquirida em 1904 pelo sr. Hermann Lundgren e hoje pertence à Companhia Tecidos Paulista, sendo que nove décimos das ações pertencem à família Lundgren.

North Brazil Sugar Factories, Ltd. - A iniciativa inglesa na indústria açucareira de Pernambuco é representada pela North Brazil Sugar Factories Ltd., que sucedeu a outra companhia inglesa, hoje dissolvida, a qual se denominava The Central Sugar Factories Ltd. A sede da atual companhia fica em 88 Leadenhall Street, Londres, e são seus diretores os srs. W. Macrae, presidente, Robert Wyatt e R. Hopkinson. O capital da empresa é de £102.000.

Esta companhia possui uma usina em Fiuma, 30 quilômetros ao Norte da capital de Pernambuco e situada à margem da rede da Great Western of Brazil Railway. O trabalho desta usina vai de 40.000 a 86.000 toneladas de cana por ano. O maquinismo de que ela atualmente dispõe tem capacidade para moer 500 toneladas de cana-de-açúcar por dia. Com o objeto de elevar essa capacidade a 1.000 toneladas diárias, tornando a usina a maior do Brasil, procede agora a companhia a uma remodelação e aumento nos seus maquinismos.

Na maior parte, são as máquinas de origem inglesa; as novas turbinas e caldeiras em via de instalação são, entretanto, as primeiras de origem alemã e as segundas de proveniência holandesa.

A companhia tem em vista tornar, a todos os respeitos, absolutamente moderna a sua importante usina. O representante da companhia em Pernambuco é o sr. C. A. Conolly, e a gerência técnica está ao cargo do sr. F. W. Cox.

Cia. Industrial Pernambucana - Esta usina tem a sua origem em 1888, por ocasião da organização da Companhia Usina João Alfredo, com o capital de Rs. 300:000$000. Tendo resolvido aumentar o seu campo de ação, não só desenvolvendo a indústria açucareira, seu primeiro objetivo, como também explorando outras indústrias, foi a companhia primitiva transformada, por deliberação tomada em assembléia geral de 20 de janeiro de 1891, em Companhia Industrial Pernambucana.

Situada em meio do fértil vale do Capiberibe-Mirim, recebe a usina a cana cultivada nas propriedades vizinhas, não só de propriedade da companhia como também de particulares, e para o respectivo transporte dispõe duma rede de cerca de 40 quilômetros de linhas férreas, de 0,75 m de bitola.

O trabalho de moagem da cana é feito por dupla pressão, em duas moendas de três cilindros, os quais são precedidos dum esmagador Krajewsky, constituído por dois cilindros de 60 polegadas de comprimento e 30 polegadas de diâmetro. A seção de defecação compreende 8 defecadores de 40 hectolitros de capacidade, colocados em plataforma elevada, e 4 classificadores. A defecação se fez com o emprego do leite de cal. A evaporação é feita em dois aparelhos de tríplice efeito, podendo cada um evaporar 1.500 hectolitros em 24 horas, sendo a cristalização do açúcar obtida em 3 aparelhos de cozimento no vácuo.

A turbinação é feita em 14 turbinas, sistema Cail com injeção de vapor, dispostas em duas linhas paralelas e movidas por duas máquinas a vapor de 10 hp cada uma. Todo o vapor necessário ao trabalho da fábrica é produzido em 6 caldeiras multitubulares, com 2.700 pés quadrados de superfície de aquecimento e assentes sobre fornos especiais, para queimar o bagaço da cana.

A usina compreende também um grande armazém de açúcar, oficinas e uma seção de destilação com capacidade para 12 pipas de 500 litros, em 24 horas de trabalho. Em 5 propriedades, faz a companhia a cultura da cana, obtendo a produção média de 15 a 20.000 toneladas anualmente.

A organização operária da Usina de Goyanna, como da sua Fábrica de Tecidos Camaragibe, merece da Companhia Industrial Pernambucana a mesma atenção e desvelo. Também ali existe a Corporação Operária da Usina de Goyanna, com uma seção central religiosa e social, uma Sociedade Mútua e um Armazém Cooperativo.

Usina Aripibú - Esta importante usina de açúcar fica situada a pequena distância da estação de Aripibú, a 79 quilômetros do Recife. A usina ocupa uma área de 500 metros quadrados e fica no centro de grandes plantações de cana-de-açúcar, perto da linha férrea. Possui a usina um desvio, o que permite que os seus produtos sejam carregados diretamente nos vagões, para serem transportados para o Recife, e assim facilita de um modo notável o transporte de gêneros para a usina. Para o transporte da cana, das plantações para a usina, existem cerca de 50 quilômetros de linhas de bitola estreita, servidas por 250 vagões e três locomotivas.

As plantações em volta da usina produzem, anualmente, cerca de 20.000 toneladas de cana-de-açúcar, e a restante cana consumida na usina é comprada aos agricultores vizinhos. A usina produziu, em 1911, 3.354 toneladas de açúcar e 361.000 litros de álcool, e, para o presente ano (1912), a produção está calculada em 3.900 toneladas de açúcar e 451.000 litros de álcool.

A usina, construída em 1895, foi recentemente reconstruída e montada com maquinismo inglês e francês. Tem uma capacidade de produção de 300 toneladas de açúcar e 17 tonéis (de 400 litros cada um) de álcool por cada dia de trabalho de 22 horas. O combustível empregado é a lenha, a qual custa Rs. 4$500 por tonelada. A cana é comprada na usina por 11$400 por tonelada, em média; os empregados do campo ganham Rs. 1$200 por dia e os empregados da usina Rs. 1$600 por dia.

A usina foi fundada pelo falecido sr. Leocadio Alves Pontual e, presentemente, é propriedade da firma Pontual & Cia., de que são sócios o dr. Samuel Pontual, a sr. d. Maria de Mattos Pontual, a sra. d. Theresa Pontual Fiuza e o sr. Duarte Pontual. A gerência da usina está a cargo do dr. Samuel Pontual, o qual tem um experiência de 40 anos na indústria açucareira, e de seu sobrinho sr. Duarte Pontual, o qual estudou Engenharia durante quatro anos e a indústria do açúcar durante dez anos, estando assim preparado para exercer o cargo que ocupa.

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Usina Frecheiras (propriedade de Pontual Santos & Barros)
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Usina Mussurepe - A usina de açúcar Mussurepe fica situada na zona produtora de cana-de-açúcar, a 49 quilômetros da cidade do Recife e a três quilômetros da estação Mussurepe, da linha férrea. A usina fica situada no centro de uma propriedade com 120 quilômetros quadrados, a qual é cultivada em grande parte e se calcula produzirá, este ano, cerca de 20.000 toneladas e cana-de-açúcar.

Além da cana produzida nesta propriedade, é também comprada a cana produzida pelos agricultores vizinhos, tendo a usina capacidade para 300 toneladas de açúcar, por dia de 22 horas.

A usina é de construção recente, tendo sido montada em 1911, e é provida com maquinismo dos mais modernos, dos fabricantes Mirrless Watson Co. Ltd. e com turbinas francesas. Possui também a usina uma seção de destilação, com capacidade para 4 tonéis (de 400 litros cada um) de álcool por dia. Existem quatro quilômetros de linha férrea, com um metro de bitola, na qual circulam uma locomotiva e 25 vagões.

A usina pertence aos srs. H. Bandeira & Filhos, firma que tem como sócios o dr. Herculano Bandeira de Mello e seus filhos, srs. Raul Bandeira de Mello e Herculano Bandeira de Mello.

O dr. Herculano Bandeira de Mello é natural de Pernambuco, tendo se formado em Direito em 1870. O dr. Herculano, assim como seu pai e seu avô, dedicou-se à lavoura. Durante a monarquia, o dr. Bandeira de Mello foi deputado provincial e, com o advento da República, deputado estadual. Foi, mais tarde, eleito deputado federal e depois senador e, em 1908, foi eleito governador do estado de Pernambuco, cargo que ocupou até 1911, ano em que resignou este elevado posto.

Usina São José - Fica esta usina situada em um centro de grandes plantações de cana-de-açúcar, a cerca de 72 quilômetros do Recife, sendo a estação de estrada de ferro, que lhe fica mais próxima, a estação de Mussurepe, a 49 quilômetros da cidade. A propriedade em torno da usina tem uma área de 25 quilômetros por 15, e compreende quatro vales rodeados por montanhas. O terreno é em geral acidentado, porém excelente para o cultivo da cana-de-açúcar.

Para remediar o inconveniente, que existe presentemente, relativo ao custo de transporte, que é elevado em virtude da distância considerável a que se acha a usina da estação, os proprietários estão atualmente construindo uma linha férrea de bitola estreita, com 30 quilômetros de extensão, ao longo de um dos vales; esta linha se dirige ao litoral em um ponto onde existe um belo porto natural. Quando ficar pronta esta linha, o açúcar será transportado a Pernambuco, em navios de vela, por um preço que será apenas um terço do que atualmente custa este transporte.

Para os fins de cultivo, a propriedade é dividida em sete colônias, número este que será brevemente elevado a onze, nas quais trabalham de 700 a 800 homens. A produção para o presente ano de 1912 é calculada em cerca de 36.000 toneladas de cana; e os proprietários esperam poder colher, dentro de dois anos, de 50 a 60.000 toneladas de cana e produzir 190.000 litros de álcool.

O trabalho da usina é dirigido de modo a produzir uma grande porcentagem de açúcar; assim, a produção de álcool é relativamente pequena. Em média, a produção de açúcar na usina é de 85 quilos de açúcar por tonelada de cana, produção esta não atingida em nenhuma outra usina.

Nas plantações em torno da usina existem 25 quilômetros de linhas férreas, onde circulam três locomotivas e 62 vagões. A usina é iluminada à luz elétrica e provida de maquinismo inglês e francês; os proprietários tencionam instalar no próximo ano novos maquinismos, de modo a poderem trabalhar 500 toneladas de cana-de-açúcar, diariamente. Os salários nas plantações são de Rs. $900 a Rs. 1$300 por dia e de Rs. $800 a Rs. 3$500 por dia na usina.

Os proprietários da usina são os srs. Padilha & Pontual, que a adquiriram em 1905. Os sócios da firma são os srs. coronel Cornelio Padilha e seu genro, major Antonio dos Santos Pontual. O coronel Padilha, conhecido negociante e fazendeiro, é deputado estadual há vários anos. O sr. Antonio dos Santos Pontual, que atualmente dirige a usina, estudou na Europa, durante seis anos, e de volta a Pernambuco estabeleceu-se com casa exportadora de açúcar; mais tarde, associou-se com seu sogro na Usina Bosque, hoje Usina Frecheiras, na qual possui ainda um terço do capital.

Usina Bulhões - Esta usina, situada no município de Jaboatão, fica a dois quilômetros da Estação de Jaboatão, na estrada de ferro Great Western, a qual fica a 16 quilômetros do Recife. A propriedade compreende 10.000 acres de terras, divididos em dois engenhos: Bulhões e Camassary. A propriedade é cortada por um canal de meio quilômetro de extensão, dando acesso a pequenas embarcações.

A produção de cana-de-açúcar eleva-se a cerca de 25.000 toneladas, comprando a usina cerca de 10.000 toneladas mais, aos engenhos vizinhos. O maquinismo, montado na usina, é dos mais modernos tipos, e tem uma capacidade para 300 toneladas de cana-de-açúcar, por dia de 22 horas de trabalho; compreende 5 caldeiras com um total de 1.000 hp, 15 turbinas centrífugas, 2 moendas etc. Destila diariamente 30 hectolitros de álcool. As plantações vão sendo gradualmente aumentadas de ano para ano.

O sr. Thomaz de Aquino Pereira, proprietário da Usina Bulhões, nasceu no Recife a 2 de março de 1860; os 15 nos abraçou a carreira comercial, até 1901, ano em que se dedicou à lavoura, comprando pouco depois a Usina Bulhões, que reconstruiu e aparelhou com maquinismo moderno.

Usina Salgado - Esta usina fica situada no município de Ipojuca, a 21 quilômetros da estação de Ipojuca e a 84 quilômetros do Recife, à margem do Rio Ipojuca. A propriedade compreende 4 engenhos, a saber: Salgado, com 1.300 pessoas; Mercês, Guerra e Pindoba, além de outros, que arrenda. A colheita em 1912 foi calculada em 24.000 toneladas de cana-de-açúcar.

A Usina é provida de maquinismo moderno e tem capacidade para tratar 180 toneladas de cana-de-açúcar por dia de trabalho de 22 horas e para 4.000 litros de álcool, diariamente. Os transportes são feitos pelo rio até a Barra do Suapé e daí, por mar, até o Recife, onde são agentes da Usina os srs. Monterth & Cia. O proprietário da usina é o sr. Bento Brito, natural de Pernambuco, o qual, por muito tempo, foi empregado na firma Henry Foster & Cia. Em 1904, por ocasião do falecimento de seu sogro, dr. Bento José da Costa, adquiriu esta usina, que elevou ao grau de prosperidade em que agora se acha.

Usina Bambuzal - Esta usina fica situada a 7 quilômetros da Estação de Aripibú, a 70 quilômetros do Recife. A propriedade compreende 9 engenhos, dos quais os mis importantes são Bambuzal e Paraíso, que fornecem cana à Usina. Dispõe a Usina de 32 quilômetros de linhas férreas, com 60 centímetros de bitola, com um material rodante de 120 carros de 4 toneladas cada um e 3 locomotivas. A sua rede férrea liga-se à da Usina Frecheiras, a qual se estende até a estação de Frecheiras, na estrada de ferro Great Western.

A colheita deste ano é calculada em 35.000 toneladas de cana. A capacidade da Usina é de 280 toneladas de açúcar, por dia de trabalho de 22 horas; e o pessoal empregado eleva-se a 300 pessoas. O maquinismo é de origem francesa e compreende, além de outras máquinas, 4 caldeiras, 18 turbinas e 2 moendas.

O proprietário da Usina é o comendador José Pereira de Araujo, natural de Pernambuco. Em 1865 o comendador Araujo veio para o engenho, já então propriedade de seu pai, e em 1888 reformou a usina, instalando então maquinismo moderno. Em 1875 recebeu de dd. Pedro II a Comenda da Rosa.

Usina Mercês - Esta usina foi fundada em 1891 e é propriedade dos srs. André Cavalcanti & filhos. Fica situada a cerca de 40 metros apenas da Estação de Ipojuca, da Estrada de Ferro Great Western, estando esta estação a 36 quilômetros da cidade do Recife. A propriedade compreende 14 engenhos, com uma capacidade total de 25.000 toneladas de cana-de-açúcar por ano. A usina é provida de maquinismos modernos dos fabricantes Mariolle, de St. Quentin, e possui três caldeiras com um total de 320 hp.

A capacidade da usina é de 180 toneladas de cana-de-açúcar, diariamente, por 22 horas de trabalho, sendo a porcentagem de açúcar de 74 a 75 quilos por tonelada de cana; produz também 1.500 litros de álcool diariamente. O pessoal empregado na usina eleva-se a 120 pessoas.

A usina dispõe de 18 quilômetros de linhas férreas, com 75 centímetros de bitola, linhas essas que estão sendo aumentadas. O material rodante para estas linhas é constituído por 70 carros de 4 toneladas cada um, 10 carros de 8 toneladas cada um e 2 locomotivas.

Usina Frecheiras - A Usina Frecheiras fica situada a dois quilômetros da Estação de Frecheiras, na linha da Great Western, a que está ligada por duas linhas férreas de, respectivamente, 0,75 m e 1,00 m de bitola. A propriedade tem uma área de 3.200 hectares e compreende 8 engenhos: Frecheiras, Refresco, Contendas, Pedra Fina, Preferencia, Bosque, Bello Monte e Limão, ligados à usina por 28 quilômetros de linhas férreas com 0,75 m de bitola.

A Usina Frecheiras dispõe de 3 locomotivas e 100 vagões, com capacidade de 2 a 5 toneladas cada um. A colheita de cana-de-açúcar para o ano de 1912 era calculada em 30.000 toneladas, comprando também a usina aos agricultores vizinhos. A usina dispõe de ótimos e modernos maquinismos dos fabricantes C. Fletcher & Co., Ltd, e Mariolle; e possui 4 caldeiras com uma força total de 760 hp. A capacidade da usina é de 250 toneladas de cana por dia de 22 horas de trabalho, e pode produzir cerca de 300.000 litros de álcool anualmente.

O pessoal empregado na propriedade atinge a 1.000 pessoas nas plantações e 93 na usina, sendo os salários diários, para os empregados nas plantações, de Rs. 800 a 1$500, e de 3$000 para os empregados na usina.

A Usina Frecheiras é propriedade da firma Pontual, Santos & Barros, da qual fazem parte os srs. dr. Manoel Dias Pontual, Adolpho Cavalcanti de Albuquerque, dr. Epaminondas de Barros Corrêa, dr. Sergio Hygino Dias dos Santos e d. Joaquina da Silva Pontual e filhos; são gerentes os dois primeiros sócios.

O dr. Manoel Dias Pontual ocupa-se da indústria do açúcar desde 1888; formou-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1886. É co-proprietário dos engenhos Bosque, Bello Monte e Limão e tem no Bosque uma grande plantação de laranjeiras, que produz anualmente 30.000 laranjas. O sr. Adolpho Cavalcanti de Albuquerque está na indústria de açúcar desde 1895; além da Usina Frecheiras, tem também interesse na Usina Mercês.

Leão & Cia. - A importante firma Leão & Cia., estabelecida em Maceió, foi fundada em 1907 e ocupa presente uma posição proeminente no comércio exportador daquela cidade. Exportam os srs. Leão & Cia., em grande escala, açúcar, álcool e aguardente provenientes das usinas do interior do estado e principalmente da Usina Leão, montada com maquinismos dos mais modernos e aperfeiçoados tipos.

A produção desta importante usina sobe a 60.000 sacos de açúcar de 60 quilos cada um, os quais são exportados por intermédio da firma Leão & Cia. Os srs. Leão & Cia. exportam também uma quantidade considerável de algodão e outros produtos do estado, sendo importantíssimo o seu movimento total de exportação em cada ano.

A firma envia as suas mercadorias para todos os estados do Sul e do Norte do Brasil e possui, para facilitar o embarque e depósito de seus gêneros, grandes trapiches e uma ponte no porto de Jaraguá, por onde saem todos os produtos do estado.

Os sócios componentes da firma Leão & Cia. são os srs. Francisco Dubeux, Claudio Dubeux e Luiz Dubeux, os quais são muito conhecidos em rodas comerciais e fazem parte de várias associações da capital do estado.

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Usina Leão, Utinga, Maceió
Foto publicada com o texto, página 445. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

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