Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa
SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS
GRANDEZAS DA BAHIA
TÍTULO 10 — Das
aves
Capítulo
LXXXVIII
Em que se trata de alguns passarinhos que cantam.
Suiriris são uns passarinhos como chamarizes, que criam em ninhos nas árvores, os quais se mantêm com bichinhos e formigas das que têm
asas, a que em Portugal chamam agudes; estes se criam em gaiolas, onde cantam muito bem mas não dobram muito quando cantam.
Há outros pássaros pretos, com os encontros amarelos, a que os índios chamam urandi, que criam em ninhos de palha, onde põem dois ovos, os
quais cantam muito bem. Há outros passarinhos, a que os índios chamam uraenhangatá, que são quase todos amarelos, que criam em ninhos de
palha que fazem nas árvores, os quais cantam nas gaiolas muito bem.
Criam-se em árvores baixas em ninhos outros pássaros, a que o gentio chama sabiá-poca, que são todos aleonados muito formosos, os quais
cantam muito bem.
Pexaroréns são uns passarinhos todo pretos, tamanhos como calhandras, que andam sempre por cima das árvores, mas comem no chão bichinhos e
cantam muito bem.
Querejuás são uns passarinhos todos azuis de cor finíssima, que andam sempre por cima das árvores, onde criam e se mantêm com o fruto
delas, e cantam muito bem.
Muiepererus são uns passarinhos pardos tamanhos como carriças; criam nos buracos das árvores e das pedras, põem muitos ovos, comem aranhas
e minhocas, cantam como rouxinóis, mas não dobram tanto como eles. |