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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 08]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 2 — Descrição topográfica da Bahia

Capítulo VIII

Em que se declara o sítio da cidade, da Sé por diante.

A Sé da Cidade do Salvador está situada com o rosto sobre o mar da Bahia, defronte do ancoradouro das naus, com um tabuleiro defronte da porta principal, bem a pique sobre o desembarcadouro, donde tem grande vista.

A igreja é de três naves, de honesta grandeza, alta e bem assombrada, a qual tem cinco capelas muito bem feitas e ornamentadas, e dois altares nas ombreiras da capela-mor. Está esta Sé em redondo cercada de terreiro, mas não está acabada da torre dos sinos e da do relógio, o que lhe falta, e outras oficinas muito necessárias, por ser muito pobre e não ter para fábrica mais do que cem mil-réis para cada ano, e estes muito mal pagos.

Serve-se nesta igreja o culto divino com cinco dignidades, seis cônegos, dois meios cônegos, quatro capelães, um cura e um coadjutor, quatro moços de coro e mestre da capela, e muitos destes ministros não são sacerdotes; e ainda são tão poucos, fazem-se nela os ofícios divinos com muita solenidade, o que custa ao bispo um grande pedaço da sua casa; por contentar os sacerdotes que prestam para isso, com lhes dar a cada um, um tanto com que queiram servir de cônegos e dignidades, que os clérigos fogem, por não ter cada cônego mais de trinta mil-réis, e as dignidades a trinta e cinco, tirado o deão, que tem quarenta mil-réis, o que lhes não basta para se vestirem.

Pelo que querem antes ser capelães da Misericórdia ou dos engenhos, onde têm de partido sessenta mil-réis, casas em que vivam e de comer; e nestes lugares rendem-lhes suas ordens e pé de altar outro tanto.

Está esta Sé muito necessitada de ornamentos, e os de que se serve estão mui danificados; e de maneira que, nas festas principais, se aproveita o cabido dos das confrarias, onde os pedem emprestados; de que Sua Majestade não deve estar informado, que se o estivera, tivera já mandado prover esta necessidade em que está o culto divino, pois manda receber os dízimos deste seu Estado, cuja cabeça está tão danificada, que convém acudir-lhe com remédio devido com muita presteza.