Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa
PRIMEIRA PARTE - ROTEIRO GERAL DA COSTA BRASÍLICA
Capítulo LVI
Em que se conclui com o Rio de Janeiro com a tornada de
Salvador Correia a ele.
Vendo el-rei d. Sebastião, que haja glória, o pouco de que lhe servira dividir o Estado do Brasil em duas governanças, assentou de o tornar a
ajuntar, como dantes andava, e o de mandar por capitão e governador ao Rio de Janeiro somente a Salvador Correia de Sá, e que viessem as apelações à
Bahia, como dantes era; onde o dito Salvador Correia foi e está hoje em dia, onde tem feito muitos serviços a S. Majestade, do modo como procede na
governança e defesa desta cidade, e no fazer da guerra ao gentio, de que tem alcançado grandes vitórias, e também serviu a S. Majestade em pelejar
com três naus francesas, que queriam entrar pela barra do Rio de Janeiro, o que lhe defendeu às bombardadas, e não quis consentir que comunicassem
com a gente da terra, por se dizer trazerem cartas do senhor d. Antônio.
E foi esta cidade em tanto crescimento em seu tempo, que pela engrandecer ordenou de fazer um engenho de açúcar na sua ilha, que faz muito açúcar;
e favoreceu a Cristóvão de Barros para mandar fazer outro, que também está moente e corrente, com os quais esta cidade está muito avante, e com um
formoso colégio dos padres da Companhia, cujas obras Salvador Correia ajudou e favoreceu muito.
Neste Rio de Janeiro se podem fazer muitos engenhos por ter terras e águas para isso, no qual se dão as vacas muito bem, e todo o gado de Espanha;
onde se dá trigo, cevada, vinho, marmelos, romãs, figos e todas as frutas de espinho; e muito farto de pescado e marisco, e de todos os mantimentos
que se dão na costa do Brasil; onde há muito pau do Brasil, e muito bom. |