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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [I - 48]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

PRIMEIRA PARTE - ROTEIRO GERAL DA COSTA BRASÍLICA

Capítulo XLVIII

Em que se explicam os recôncavos do Cabo Frio.

O Cabo Frio está em vinte três graus; o qual parece, a quem vem do mar em fora, ilha redonda com uma forcada no meio, porque a terra, que está entre o cabo e as serras, é muito baixa, e quando se vem chegando a ele aparece uma rocha com riscos brancos, por onde é muito bom de conhecer. E, ainda que, pelo que se julga do mar, a terra do cabo parece ilha, e o não seja, por onde o parece, na verdade o cabo é ilha, porque o corta o mar por onde se não enxerga de fora, mas é de maneira que pode passar um navio por entre ele e a terra firme à vontade. E tem um baixo neste canal, bem no meio, de duas braças de fundo; o mais é alto, que basta para passar uma nau.

Perto do cabo estão umas ilhas, no meio das quais é limpo e bom porto para surgirem naus de todo porte, e não há senão guardar do que virem. Duas léguas do cabo, da banda do Norte, está a Baía Formosa, e defronte dela ficam as ilhas, e entre essa baía e as ilhas há bom surgidouro. No fim dessa baía para o Norte está a Casa da Pedra, perto da qual está um rio pequeno, que tem de fora bom surgidouro, e de dez até quinze braças de fundo, afastado um pouco de uma ilha que está na boca da baía. E perto dessa ilha é alto para ancorar naus, mas perigoso, porque se venta Sudoeste e Oeste, faz aqui dano no primeiro ímpeto, porque vem com muita fúria, como trovoada de Guiné, a qual trovoada é de vento seco e claro.

Costumavam os franceses entrar por este rio pequeno e carregar pau-brasil, que traziam para as naus que estavam surtas na baía, ao abrigo das ilhas. Por essa baía entra a maré muito pela terra adentro, que é muito baixa, onde de 20 de janeiro até todo o fevereiro se coalha a água muito depressa, e sem haver marinhas, tiram os índios o sal coalhado e duro, muito alvo, às mãos cheias, de baixo da água, chegando-lhe sempre a maré, sem ficar nunca em seco.